O Esquadrão Suicida - Graças ao excepcional James Gunn, Esquadrão Suicida é um dos melhores filmes d

Quando o diretor de Guardiões da Galáxia foi demitido de forma hipócrita, imbecil e moralista pela Disney por causa de tweets antigos eu fiquei muito preocupado com o futuro dos Guardiões e como isso afetaria os filmes da Marvel. Devo dizer que foi ótimo que a Disney tenha cometido tal injustiça, pois sem isso não teríamos esse filme tão incrível disponível para apreciarmos. Apesar de ter liberdade de roteirizar e dirigir seus filmes na Marvel, James Gunn nunca pôde fazer tudo o que gostaria com os Guardiões da Galáxia, ele sempre teve algumas amarras como a cronologia do MCU ou o selo de "family friendly" que impede o estúdio de produzir filmes com maiores restrições de idade.

Na empresa rival ele pôde entregar o filme mais visceral, violento, politicamente incorreto e divertido que você pode imaginar. E tudo de especial que é marca registrada de James Gunn está aqui, nada parece forçado ou fora de tom em nenhum momento. A trilha sonora está impecável como sempre, ele acerta perfeitamente o momento correto das músicas para que sejam um atrativo que agrega à experiência e não fica parecendo um videoclipe gigante sem alma como o filme anterior de David Ayer. E por falar nisso, eu imploro que o diretor pare de se humilhar pedindo que a Warner libere seu filme tal qual fez com Zack Snyder.

Ao contrário de nossos temores anteriores essa nova aventura dos desajustados é muita mais intimista do que seu antecessor, e sim, tudo indica que não é um filme reboot apesar do nome ser praticamente idêntico com a singela diferença de um artigo solitário no início. Com isso temos uma sequência que aparentemente se passa após Aves de Rapina aonde temos o retorno da incrível Harley Quinn como prisioneira de Amanda Waller, indo para uma nova missão com a Força Tarefa X. O início dita os rumos do restante do filme prometendo violência e catarse que vai nos surpreendendo conforme a problemática vai evoluindo, terminando com um final grandioso, e nada daquela besteira de salvar o mundo inteiro, tudo aqui é contido para não destoar, abrindo margem para furos absurdos de roteiro.

Toda a ação do filme é muito bem filmada e a autoralidade do diretor é evidente em diversos momentos, principalmente quando o foco é desenvolver os personagens. Existe uma cena de transição para contar um pouco mais sobre uma integrante do esquadrão que não utiliza do batido flashback, enquanto ela conta a história de vida, as suas memórias vão passando na janela de um ônibus tornando a cena extraordinária.

Todos os atores estão incríveis em seus papéis, e mesmo personagens genéricos como a da brasileira Alice Braga, possuem certa relevância. Uma dica que tenho para os leitores é não se apegar a nenhum personagem durante o filme pois desta vez qualquer um pode ser vítima da mente insana do diretor. Idris Elba e John Cena apesar de seus personagens serem praticamente idênticos em origem e personalidade, cada um deles consegue ter peculiaridades que engrandecem os vilões e deixam aquele gostinho de quero mais. O Bloodsport é um pai horrível que aceita a missão para tentar ajudar minimamente a filha que tem seguido os passos do pai cometendo pequenos furtos. Já o Peacemaker possui apenas um objetivo que é buscar a paz acima de qualquer coisa, mesmo que tenha que matar homens, mulheres e crianças para isso. Sim, bem pesado. A Margot Robbie como Harley Quinn continua sendo uma das melhores coisas do filme, o timing de comédia da atriz é espetacular e ela possui uma cena incrível de luta que acaba definindo a melhor passagem da personagem nos três filmes que ela co-protagonizou ao longo dos anos.

O David Dastmalchian como Polkadot Man é ridiculamente espetacular. Todo o conceito de um vilão que joga bolinhas coloridas que queimam seus inimigos é ruim, todavia, graças ao ator acaba funcionando muito bem, principalmente quando adiciona a sua motivação para matar as pessoas: prepare-se para dar boas risadas. Quem rouba a cena diversas vezes é com certeza a Ratcatcher 2 com seu fiel aliado Sebastian, e o King Shark. A atuação da jovem Daniela Melchior marca a personagem tornando a controladora de ratos o coração de todo o filme. Apesar de sua origem ser trágica, ela é sinônimo de esperança e humildade, e sua relação com o Nanaue é muito sincera e emotiva. Já sobre o trabalho de Sylvester Stallone como Nanaue, o tubarão rei, o que eu posso dizer? Tudo o que quero agora é um action figure do tubarão de bermuda roendo o crânio de um militar.

A melhor forma de explicar a experiência de ver esse filme nos cinemas é compará-lo com outros filmes em como consegue ser melhor. Sabe aquele filme incrível que é Guardiões da Galáxia? O Esquadrão Suicida é melhor. Que tal Liga da Justiça Snyder Cut? O Esquadrão suicida é melhor. Deadpool 1 e 2? O Esquadrão suicida é melhor. Dos filmes da DC nos cinemas eu diria que ele fica atrás de apenas três, Batman - O Cavaleiro das trevas, Superman II - A Aventura Continua e Batman - O Retorno. Já de modo geral eu diria que ele está no top 10 melhores adaptações de HQs de todas, pois é um filme que não tem medo de suas origens, os uniformes são coloridos e ridículos e funciona perfeitamente, o vilão final é uma estrela do mar gigante e mesmo assim não estranhamos esse fato. Tudo o que mais desejo agora é que James Gunn termine o projeto do Guardiões da Galáxia 3 para terminar sua visão para os personagens que ele ajudou a popularizar, e então finalmente voltar para os estúdios da Warner e nos entregar um terceiro filme deste esquadrão de desajustados.

Saibam que esse filme possui duas cenas pós-crédito: a primeira é mais galhofa e a segunda pavimenta o futuro de um certo personagem que vai ganhar um foco maior no futuro. Confira abaixo o trailer de O Esquadrão Suicida.