DC – Peacemaker – Melhor série do DCEU retrata Pacificador como pior membro do Esquadrão Suicida

Peacemaker tem se tornado uma das melhores séries da DC dos últimos anos, é incrível como os personagens são bem escritos, a trama é fluida mantendo a qualidade narrativa e como ela está ficando mais tensa com o passar dos episódios. Todos os problemas da série estão convergindo para entregar um final sensacional, contudo devo alertar que se errarem a mão podem frustrar aos fãs imensamente.

Existem dois antagonistas bem definidos para o protagonista, sendo ambos de real periculosidade, divergindo apenas em escalas de grandiosidade. O primeiro é focado em causar problemas mais locais, de grau mais intimista na sociedade como um todo. Já o segundo é ameaça global que pode mudar o mundo inteiro. Sim parece clichê ou pouco inventivo, mas acredite que eles conseguem trabalhar algo tão comum de uma forma inacreditável.

O pacificador é provavelmente a melhor série de heróis da atualidade, pela primeira vez devo dizer que ela supera as produções da concorrência. Isso é um fato inegável, por mais que pareça brega com piadas de quinta série e orçamento limitado o seriado consegue a proeza de ser singular. Volto a repetir que “Peacemaker” foge das convenções do gênero, sendo extremamente criativo no que propõe e conseguindo angariar fãs que nunca assistiriam uma série sobre esse personagem desconhecido. Todo o elenco de apoio continua sensacional, o crescimento de todos os personagens é nítido, menos é claro daqueles que não podem evoluir, algo realmente coerente do que vimos até o momento.

Tudo se inicia com as explicações que o Murn precisava fornecer, algo muito diferente do que a maioria acreditava. Ele não ataca a Adebayo como o final indicava, após derrubá-la ele explicita que não vai feri-la. A aparição da Emília Harcourt foi a maior surpresa, nunca imaginei que a agente sabia sobre a real identidade do líder da equipe. Como quase tudo nesta série, os diálogos conseguem passar o grau de urgência na mesma proporção que também são engraçados. Eu ri bastante de como o Murn se enrrolava quando tentava explicar algo, principalmente quando ele genuinamente errava o assunto em questão. A Harcourt com seu jeito focado era uma alegoria a parte, por mais louco que fosse a história que estava sendo contada ela não mudava sua expressão, o que acabava sendo mais engraçado ainda. O resumo de tudo é meio clichê, Ele é um rebelde da causa da sua espécie, a líder das borboletas não queria viver refugiada na terra, então ela começou a convencer seus iguais a dominaram o planeta controlando os humanos. Murn não consegue ver isso como algo positivo, as espécies poderiam viver em harmonia, entretanto não foi esse o caminho escolhido pela maioria dos aliens.

Temos uma cena ótima do Pacificador dando uma “palestra” numa escola infantil. Ele vai lá a pedido do seu amigo Jamal – que não aparecia no programa desde o episódio piloto – e que precisava de um “tio’ legal para agradar a sua filha. Essa cena consegue ir da comédia ao drama de forma muito rápida, exatamente como a cena anterior. Com isso somos pegos de surpresa por um flashback do passado do “herói”. Quando perguntado se ele possui uma história de origem, o Chris acaba relembrando quando seu irmão morreu, a cena é curta e demonstra como ele acabou sendo culpado pelo pai. De forma célere a cena é finalizada com probabilidade de ser trabalhada no futuro, visto que o pai do Pacificador está solto e pretende matar o filho que tanto lhe traz desgosto. Como eu já havia informado antes, todos os personagens possuem um crescimento com o passar dos capítulos, porém existe uma exceção e acredito que isso não é um demérito.

O Dragão Branco foi apresentado logo no início da temporada, toda as suas “nuances” são explanadas em poucos minutos e em nenhum momento ele se mostra diferente. Entenda que o Pacificador não passa de um vilão que acha ser herói, mas ele não fica restrito a isso, provando com o passar dos episódios que ele possui virtudes, afinal de contas todos estamos fadados a sermos seres complexos. Pensando nisso os tons de cinza dos personagens são evidentes, ninguém é só bom ou mal, a vida é muito mais complexa que isso. Pessoas boas podem fazer coisas ruins e vice-versa, todavia a mensagem que é passada para o público é sobre redenção e progresso. O motivo do Dragão branco não ter tons de cinza é por que ele nunca progredirá, ele sempre vai se achar superior as outras pessoas, afinal de contas é assim que um neonazista vê o mundo, é tudo preto no branco, certo e errado. O personagem é detestável em níveis extremos, a série é assertiva em desumanizar ao máximo esse ser, pois esta deveria ser a atitude primária de todo ser humano, se alguém se acha superior por causa da sua cor, sexo ou orientação sexual essa pessoa não deve ser humanizada.

Como a detetive Song fez de tudo para soltar o pai do Pacificador, ela precisa prender alguém pelo assassinato do primeiro episódio. Velozmente ela parte para cima do “herói” montando uma força tarefa. Eu gosto muito da dupla de detetives, eles possuem um carisma único apesar do pouco tempo de tela, graças a isso o final consegue ser mais chocante. O policial que é o informante do Murn avisa rapidamente a equipe sobre a operação, eles conseguem então avisar o Pacificador, ele estava no trailer tentando se comunicar com a borboleta capturada. Essa cena inclusive é muito boa, cômica de verdade ao ponto de eu esquecer da polícia que estava a caminho. Ambos saem pela claraboia do trailer e se locomovem para a área florestal que há atrás da residência. Neste momento o Vigilante comete uma imbecilidade e cai da árvore que estavam, que por sua vez acaba libertando Goff, a líder das borboletas capturada pelo Chris. Ela não perde tempo em encontrar uma nova hospedeira, é realmente triste assistir a morte da detetive Song e sua reanimação minutos após a borboleta tomar o controle. Então graças ao informante do Murn ambos escapam utilizando um carro. A cena do Locke, um policial que mata outros policiais sem remorso algum é ótima, inclusive recomendo ver a cena pós crédito desse episódio.

Após a fuga o Pacificador e o Vigilante aceleram para encontrar a equipe, eles não entenderam ainda o tamanho do problema que eles criaram. Goff decide que está na hora de ser mais séria, então quando consegue acesso a um computador ela decide chamar reforços. Aqui temos uma das cenas mais fantásticas da temporada, a borboleta aguardando a invasão de suas naves e na sequência partindo para o ataque ao som de Monster do Reckless Love. Essa cena é intercalada com o Dragão branco se preparando para matar o Pacificador, então a cena acaba dando um duplo significado a música “monster”. A cena é incrível na mesma proporção que é bizarra, primeiro pelas claras referências a grupos supremacistas no EUA, utilizando seus capuzes brancos demonstrando apreço a Klan. Já no caso das borboletas a parte que choca são os sorrisos grotescos após tomarem a delegacia. O que torna a cena boa é justamente a apresentação desses dos antagonistas como ameaças equivalentes. O mais genial é que ambos os grupos lutariam entre si, caso não houvesse um Peacemaker no caminho. Espero inclusive que seja mantida essa linha narrativa, não existe nenhuma desculpa que coloque o Dragão Branco como aliado contra as borboletas.

Adebayo está cada vez mais sentida em ter que trair a equipe, ela descobriu sobre o Murn borboleta e não conseguiu contar para o Pacificador. Pior que isso é justamente a obrigação dela em contar isso para a mãe, já que ela foi colocada na equipe para ser os olhos e ouvidos da Waller. A sensação de chão caindo é completa quando a moça descobre sobre a revelação do diário. Assim como a sua mãe, Adebayo não mediu as consequências de suas atitudes, uma vez que o diário que ela plantou acabou dificultando a missão. Agora a polícia tomada pelas borboletas tem argumentos para tornar o “herói” inimigo público. Não vejo a hora de acompanhar os dois últimos capítulos, tudo indica que teremos um final digno e que James Gunn foi a melhor coisa que aconteceu para o DCEU.