DC – Peacemaker – Pacificador nas mãos de James Gunn prova ser a melhor coisa do DCEU atualmente

Infelizmente o universo estendido da DC possui altos e baixos assim como a Marvel, porém ao contrário da sua concorrente a irregularidade de seus filmes acaba sendo maior. Os filmes que são bons acabam sendo fracassos de bilheteria, os filmes que são criticados negativamente acabam com um lucro marcante e também há aqueles que são falhas comerciais e de público. Nesses últimos anos tivemos uma falta de coordenação para dar credibilidade ao universo compartilhado. Existem pequenos erros de continuidade em filmes que deveria ser um carro chefe para a empresa e há alguns filmes que apesar de terem estreado não serão utilizados no cânone oficial do estúdio.

Felizmente tudo indica que há pessoas competentes no estúdio que poderiam colocar o DCEU nos eixos. James Gunn é um exemplo perfeito de como um bom planejamento afeta positivamente no produto final. Não satisfeito em ter entregue um dos melhores filmes da DC, Gunn conseguiu pegar o Pacificador e transformá-lo em algo único. Antes da estréia da série todos estavam céticos com essa produção, sendo que não há pessoa viva que afirmasse que nós iriamos implorar por uma segunda temporada. É verdade que o seriado utiliza de meta linguagem para zoar com a comunidade mais tóxica entre os nerds, entretanto os que vão se irritar com isso serão apenas os alvos dessa zoeira sem fim. Acredito que a melhor coisa da série é justamente sua coerência do início ao fim. O roteiro praticamente não possui furos que incomodem, os vilões de fato conseguem ser melhor desenvolvidos, com motivações críveis e mais humanizados dos que os nazistas do episódio anterior, o que é uma mensagem mais do que clara sobre a imbecilidade de movimento “White power”.

Fico feliz em informar que há uma esperança para uma retomada do DCEU em grande estilo. Acredito que vão sim utilizar o filme do Flash para moldar o cânone da DC, trazendo tudo que deu certo de volta e eliminando os erros cometidos no passado. Digo isso principalmente pelo final que prova que Peacemaker é cânone sim. Agora com novas direções criativas, diretores mais capacitados para conduzir as histórias e talvez com Gunn possuindo um papel maior dentro da empresa, podemos acreditar em um futuro brilhante para a DC. Novamente o episódio começa no exato ponto que o anterior acabou, com a equipe se deslocando para a fazenda onde a vaca está sendo mantida. Neste momento podemos ter a real noção do clima entre os integrantes, Harcourt junto do Economos são aqueles que mais se comportam como adultos, enquanto Chris e Adrian utilizam técnicas argumentativas de quinta série para responder a Adebayo. A novata tenta de todas as formas iniciar um pedido de desculpas, mas o Pacificador fica literalmente fazendo sons de pum para interrompê-la. Algo que ficaria forçado em qualquer outra produção, mas aqui é apenas o humor que ditou o tom da série inteira. O programa foi isso o tempo inteiro, a tentativa de trazer para a tela a forma mais grotesca do nosso meio. Seja de modo mais sério trabalhando a geopolítica contemporânea ou de forma mais simples evidenciando como o meio nerd possui sua certa toxidade. Quando chegam ao local eles se dispõem a trabalharem juntos e organizar um plano que não os extermine rapidamente. Acho hilário como eles trabalham as inutilidades de alguns dos capacetes do Pacificador. Claro que os dois principais utilizados tiveram sua relevância, mas o capacete de anti-gravidade e o capacete que dá sarna as outras pessoas são deverás inúteis. Eu me peguei gargalhando quando o Chris diz que carrega um ventilador para usar o capacete de anti-gravidade. Eu consigo facilmente ver a cena dele usando um ventilador portátil para se locomover no céu. Infelizmente o plano acaba tendo que ter modificações, pois Adebayo ativa sem querer o capacete de anti-gravidade enfurecendo o Pacificador. Apesar da irreverência da cena ser o foco nesse momento devo alertar para assuntos mais profundos.

Desde o primeiro momento vemos como a morte do pai fascista do Pacificador tem afetado o “herói”. A menção ao Dragão Branco ocorre mais de uma vez, normalmente sendo em forma de piadas vindas do Vigilante, no entanto era um aceno dos realizadores para indicar o retorno do vilão nazista. Como eu informei a cena foi feita para ser engraçada, sendo o ápice dela a cara que o Pacificador faz quando questiona Adebayo. Parece que o John Cena está se esforçando ao máximo para não cair na gargalhada junto com o público. Plano A deu errado então vamos para o Plano B. Tão cômico quanto o anterior, este daqui traz a ideia de usar a águia Eagly para soltar o capacete de explosão sônica em cima do celeiro. A cena me lembra muito Guardiões da Galaxia vol 2, quando Rocket tenta instruir o Baby Groot para armar a bomba no Ego. Novamente é óbvio que o plano dá errado e Eagly joga o capacete mais útil em algum lugar da floresta. É ótimo ver a expectativa nos rostos da equipe enquanto a águia frustra um novo plano, eles vão de alegria extrema por acreditar estar dando certo a uma tristeza massiva.Mais um plano não deu certo e agora precisam recuperar o capacete que foi levado pela Eagly. Finalmente temos o que já estava sendo sugerido, uma manifestação da mente do Chris vendo vividamente o seu pai, algo para representar como é profundo os traumas paternos do “herói” e que ter se vingado do pai não foi o suficiente para superá-los. Em outras séries este momento seria soturno, um momento bem pesado que nos faria refletir com que a obra quer nos contar, mas aqui é James Gunn e não Zack Snyder. Por mais que possamos tirar diversas interpretações dessa interação mental, a primeira coisa que iremos absorver são as piadas presentes aqui. O Dragão Branco tentando provocar o Pacificador a atirar nele e tendo uma excelente resposta do filho. E novamente o Pacificador precisa matar o pai, dessa vez com uma zarabatana venenosa no peito. Emília encontra o Chris no exato momento que ele está confrotando seus fantasmas do passado, neste momento ela observa que o Chris está passando por alguns problemas, todavia ignora o fato quando encontra o capacete perdido na árvore que o Pacificador acertou o dardo envenenado.

Após anoitecer temos finalmente o plano C em ação. Economos que é a única opção possível, precisa entrar no celeiro fingindo que está tomado por uma borboleta, deixar o capacete o mais próximo da vaca possível e sair de lá correndo para que eles possam ativar o objeto a distância. Um plano simples que poderia dar muito certo, mas sabemos que eles não possuem tanta sorte. Ele até consegue chegar no local passando por grupos variados de borboleta, porém se desespera quando finalmente vê o grotesco monstro que as borboletas retiram seu alimento. A vaca do espaço que não possui nenhuma similaridade com uma vaca real. Ele acaba fugindo o mais rápido possível, quando está saindo do local acontece uma cena incrível. Eu ainda não sei se ela é deprimente ou hilária, parece muito uma crítica dupla a pessoas que fazem bullys e aquelas que acham que seus problemas são o centro do universo. Neste momento uma borboleta pergunta o motivo do Economos tingir a barba, ele se vê obrigado a confirmar algo que o pacificador tem usado para atacá-lo desde o princípio. Ele diz que nunca teve uma namorada e decidiu fazer isso para tentar melhorar a autoestima, porém ganhava muito mal para comprar marcas de qualidade e que ninguém notaria que ele fazia isso. No fim acaba parecendo muito um problema de homem branco, – na qual ele dá muita importância para o fato, mas na realidade é algo muito pequeno comparado a verdadeiros problemas – sendo que neste exato momento existem pessoas que não tem o que comer em casa. É algo bobo que serve para a trama ter um final épico de verdade, seria muito anticlimático se o plano C desse completamente certo.

A desculpa é perfeita para dar tempo de uma das borboletas recuperar o artefato deixado por Economos. Ela dedura o barba tingida dizendo que ele deixou o capacete de um inimigo declarado de sua espécie, fazendo com que toda a horda de aliens corra atrás do técnico. O capacete é ativado mesmo não estando no local certo, isso é o suficiente para salvar a pele do Economos, matar uma parcela grande das criaturas e abalar as estruturas da caverna onde a vaca se encontra. Esse processo também impossibilita que a vaca seja tele transportada, o que é a desculpa perfeita para termos uma cena de ação incrível. O Vigilante, Harcourt e o Pacificador matando todas as borboletas pelo caminho ao som da música da abertura. Se parece épico é por que foi de fato, a coreografia é incrível, é ótimo assistir o Pacificador usando um escudo da forma mais agressiva possível, a Emília atirando com uma arma de grosso calibre em todas as borboletas presentes e o Vigilante se mostrando cada vez mais imponente. Eu não sei qual a sensação que o Vigilante traz as pessoas, mas para mim o tempo inteiro eu o vi muito parecido com o Deadpool. Claro que ele é só um ser humano normal, porém quando ele usa a máscara fica idêntico ao mercenário da Marvel. A cena que ele leva um tiro e antes de cair joga uma faca na cabeça de uma borboleta é um dos motivos de afirmar isso, pois com certeza é algo que o Deadpool faria.

O Pacificador consegue chegar na caverna, mas não da forma que ele gostaria. Tanto a Emília quanto o Vigilante acabam sendo alvejados, cabendo a Adebayo tomar a frente de combate. Eu fiquei impressionado de como a novata é boa nesse quesito, não acreditei que ela conseguisse ser tão boa no manejo de armas, porém sendo filha da Amanda Waller seria algo óbvio de supor. Ela não só salva a Emília que levou três tiros, como impede que uma borboleta tome o corpo da agente para si. Ela recebe então a árdua tarefa de vestir o capacete do Pacificador e ir ajudar o Chris a matar a vaca. Ele que estava preso nos escombros acaba sendo salvo por Goff, que explica para ele qual o real plano das borboletas. Ela tenta argumentar que a Terra está seguindo o mesmo caminho destrutivo que exterminou seu planeta natal, que estamos elegendo líderes populistas e negacionistas que permitirão a destruição em prol de interesses escusos. Por um minuto eu achei realmente que o “herói” ficaria do lado das criaturas, no entanto ele ativa o capacete de foguete humano, que por sua vez transforma a Adebayo em uma bala que perfura a barriga da vaca. As borboletas agora estão fadadas a extinção, já que não existe alimento na terra que possa sustentá-las. Eu admito que fiquei com dó das criaturinhas, o final da Goff comendo o restinho de mel que o Pacificador tinha parece muito cruel.

Felizmente não houve mais nenhuma baixa na equipe, O Pacificador pega a Emília no colo e a leva para o pronto socorro. A cena que eles estão indo embora nos leva a loucura, primeiro porque ela é esteticamente agradável, como aquele final de filme de ação em que tudo deu certo. Eles andando em direção ao horizonte com uma luz fraca de iluminação, porém quando não parecia que poderia melhorar temos a aparição da Liga da Justiça ou melhor dizendo quatro integrantes da Liga. Batman e Ciborgue não foram juntos, mas Superman, Mulher Maravilha, Aquaman e Flash aparecem chegando atrasados no local do conflito.

E não é uma aparição “sem rostos” como foi em Shazam, neste caso tanto o Ezra Miller quanto o Jason Momoa Aparecem no seriado, tudo para uma última piada infame com o Rei de Atlântida. Acredito que o motivo destes dois aparecerem nesse Easter Egg final é justamente pelo fato de ambos terem filmes confirmados. Como eles devem estar gravando seus filmes, o James Gunn fez aquele pedido sorrateiro para umas aparições surpresas. Eu gostei bastante principalmente pelo fato de não termos novidades sobre DCEU nos cinemas, tudo bem que The Batman está chegando, mas tudo indica que ele não vai fazer parte do universo estendido. A aparição desses heróis além de legitimar o programa, traz indícios de que coisas muito boas estão próximas de acontecer nesse universo.