Movies & SériesNetflix – Stranger Things 4: O clima de terror assombra Hawkins trazendo mais seriedade ao seriado

Netflix – Stranger Things 4: O clima de terror assombra Hawkins trazendo mais seriedade ao seriado

Por: Gustavo Tavares

Stranger Things 4 chega com tudo para começar a fechar as lacunas deixadas em outras temporadas. Demorou bastante para finalmente conferirmos a visão macro dos realizadores, todavia valeu a pena a construção dos personagens assim como a história bem amarrada que está sendo entregue. A seguir você confere uma Review com spoilers da quarta temporada de Stranger Things

Stranger thins se tornou umas das maiores produções da cultura pop, isso não é a toa visto que os Duffer brothers possuem uma visão única para sua criação. A espera por respostas valeu a pena, a produção conseguiu a maturidade que precisava com o passar dos anos e agora pode entregar uma temporada completamente voltada para o horror. Essa decisão foi acertada, deixou um pouco a vibe Sci-fi de lado e se baseou em filmes slasher dos anos 80. As crianças de Hawkings são adolescentes agora, porém todas elas passaram por traumas sérios na última temporada e alguns desses traumas voltarão para mover a trama de um modo bem peculiar.

Todos os atores estão entregando tudo que podem, desde os veteranos quanto os novatos do elenco, sendo que em raríssimas vezes os estreantes conseguiram tanto destaque e desenvolvimento quanto os mais antigos. Robin já tinha conseguido esse feito na temporada passada, aqui temos o Argyle e o Eddy compondo diferentes núcleos e conseguindo cativar o público de formas distintas, porém únicas relacionadas com a personalidade única de seus personagens. Mas que realmente brilha nesta temporada é sem dúvidas alguma a Maxine vivida pela Sadie Sink. Apesar de um elenco competente, a jovem carrega praticamente todo o peso dramático, principalmente relacionado aos eventos da temporada anterior.

ATENÇÃO: o conteúdo abaixo contém spoilers!

Quando a nova temporada chegou eu tinha uma expectativa bem específica, acreditava na necessidade de recebermos mais respostas do que a criação de novas perguntas, justamente por temos apenas duas temporadas para finalizar o programa. Devo dizer que isso foi perfeitamente cumprido, apesar de em alguns momentos ficar chato os monólogos utilizados para explicar os acontecimentos. Isso fica bem irritante em relação ao grande vilão da série, pois em diversos momentos ele não parava de ser expositivo, talvez a única coisa que essa temporada sofreu foi com um corte menos eficiente. A verdade é que os três núcleos não precisavam de ter o mesmo tempo de tela, muito menos a mesma importância, devido a isso ficamos com episódios mais longo que precisaríamos. Agora reparem como somos fãs exigentes, disse a pouco que queria respostas nesta temporada, mas reclamo do tempo dos capítulos e suas exposições em demasia. Apesar destes problemas eu não acredito que isso tenha diminuído a série de forma alguma, pelo contrário foi extremamente hábil em contar a sua história e com uma qualidade singular em mudar o foco de suas inspirações.

Stranger Things 4:

Sim a quarta temporada é inteiramente focada no horror dos filmes dos anos oitenta, isso fica evidente até pelo modus operandi da criatura, muito parecido com uma mistura de Freddy Kruguer com Jason, com a óbvia mudança da motivação do antagonista. Aqui ele não mata adolescentes que estejam usando drogas ou fazendo sexo, suas motivações são muito mais complexas e adorei o fato dele explorar os traumas como uma porta de entrada. Vecna não deixou a desejar como o grande vilão, acredito ainda que exista um mal ancião por trás do general, mas mesmo assim ele cumpriu sua missão com louvor. O núcleo responsável por lidar com o monstro foi aquele que permaneceu em Hawkins. Então Max, Steve, Robin, Erica, Lucas, Dustin, Nancy e o estreante Eddy tiveram a responsabilidade de lidar com os misteriosos assassinatos. Uma das coisas que eu mais gostei foi a bizarra forma como as vítimas morriam, eles não tiveram o receio de demonstrar isso em tela, foi gráfico o suficiente para chocar o público, mas também eficiente para terminar de estabelecer o elemento de horror no seriado.

Stranger Things 4: Disney Plus

Os outros dois núcleos não tiveram o mesmo tratamento que o principal, pois o núcleo do Alaska ficou extremamente inchado. Aqui temos Joyce e Murray indo atrás de uma pista sobre a localização de Hopper, algo que já era esperado de ser explorado, todavia consome tempo demais para tudo acontecer. Acredito que eles queriam ter o cuidado para não deixar pontas soltas, porém o ritmo da série sofreu com as idas e vindas desse núcleo. Algo muito desnecessário, já que toda a luta contra o demogorgon já estava informada nos trailers. Desse modo todo o planejamento da fuga do Hopper já sabíamos que daria errado, pois em algum momento ele lutaria contra uma criatura na prisão soviética. Em relação aos soviéticos representados na série eu sinceramente não me incomodei, era a visão que os americanos tinham dos comunistas os anos 80 e isso não ia mudar em uma produção americana. Aqueles que reclamaram da forma “preconceituosa” que representaram o comunismo não prestaram atenção na série, pois os militares americanos possuem exatamente a mesma retratação, pois torturaram física e psicologicamente pessoas para encontrar uma adolescente para simplesmente matá-la a sangue frio. Deste núcleo o destaque com certeza fica para o contrabandista Yuri, foi incrivelmente bem encaixado a insanidade de um personagem sem escrúpulos. Ele trai, mente e diverte com seu jeito peculiar de se comunicar, acredito que o único momento que perdeu destaque foi quando Murray precisa se disfarçar para os carcereiros, fazendo uma imitação quase perfeita do contrabandista para os seus “camaradas”.

Stranger Things 4: Disney Plus

O último núcleo acabou sendo dividido em dois logo no início, acredito que foi sim a melhor forma de contar essa história, visto que a Eleven precisava de um elenco voltado para o passado da protagonista e infelizmente Mike, Will, Jonathan e Argyle não iriam conseguir extrair as respostas que precisávamos. Então utilizam um recurso interessante do velho bullying na escola como desculpa para dividir esse núcleo. A Eleven não possui mais seus poderes para se defender em uma nova escola e por isso ela utiliza um patins para acertar a sua algoz bem no nariz. Sei que violência não leva a lugar nenhum, mas como era uma ficção foi muito prazeroso ver Ângela finalmente entendendo que suas ações têm consequências, neste caso claro u belo corte acima do nariz e uma concussão grau dois. Assim temos a aparição dos cientistas de Hawkins a para libertarem a jovem e leva-la para um local secreto onde conseguiria seus poderes de volta. A necessidade dessa tentativa de recuperar as habilidades da garota está diretamente relacionada aos eventos em Hawkins. Não fica claro como eles sabem do mal maior da presença de Vecna, mas é certo que as mortes ocorrias na cidade alertaram os cientistas e os militares americanos.

Marvel series

Tudo gira em torno das revelações do passado da garota, vemos pela primeira vez mais detalhes dos experimentos no laboratório através dos flashbacks. A melhor coisa desse núcleo foi a utilização da Nina, pois criou uma desculpa perfeita para trabalhar o passado da garota de forma visual e não apenas contada. Para destravar suas habilidades Eleven terá que se lembrar de todos os seus traumas da infância, principalmente uma em particular que é a grande revelação da temporada. Apesar de ser expositivo em alguns momentos, acredito que toda essa história do One/Henry/Vecna fechou perfeitamente diversas pontas soltas que assombravam a série desde a primeira temporada. Essa para mim foi a cereja do bolo, o final conseguiu sim manter minha atenção o tempo inteiro, entretanto as respostas sobre os mistérios envolvendo a protagonista sempre foi o que me engajou no programa. Vecna foi a criação indireta da Eleven após confrontá-lo no laboratório, no entanto essa relação é ainda mais forte, visto que todos os experimentos eram derivados do ser original, uma criança com poderes inexplicáveis e sem nem um pingo de empatia para com a humanidade. Henry era de fato o ser deplorável que se transformaria no Vecna, nos anos cinquenta tentou assassinar toda a sua família, deixando apenas o pai vivo, pois ainda não compreendia os próprios limites. Depois que foi capturado pelo Dr Brenner passou a ser utilizado em experimentos, no entanto o cientista constatou que nunca poderia controlar o menino e por isso começou a criar novas cobaias para seus experimentos. Acho louvável como a história do vilão é contata por dois pontos de vista, já que nesse mesmo instante a Nancy presenciava a história dentro do mundo invertido. Em Hawkins claro o pânico foi se alastrando conforme os corpos apareciam, acho genial como utilizaram recursos históricos para compor a narrativa, já que nos anos 80 realmente houve um pânico não justificado contra supostos cultos satanistas. Vemos isso muito em como os conservadores americanos faziam pânico moral em relação as músicas de heavy metal ou rotulavam jogos de tabuleiros como portas para inferno. Tudo isso aconteceu de verdade naquela década, um país extremamente fundamentalista inventava histórias macabras para manter seu rebanho “unido” e uma nova caça às bruxas começou naquela época. Isso é perfeitamente retratado aqui, colocando o Eddy como o principal suspeito do assassinato da garota e ignorando o trabalho pericial da polícia que constataria a impossibilidade de o rapaz ter cometido tal ato. A série retrata perfeitamente a realidade, se hoje em dia as pessoas já condenam previamente imagine em uma época mais “simples”?

Darth Vader Stranger Things 4:

O final realmente foi fantástico em diversos pontos, no entanto a série continua não tendo coragem de sacrificar seus principais personagens, pois o único que morreu de fato foi o estreante Eddy, numa das cenas mais “heavy metal” de todo o seriado. A utilização da Max como uma isca para o Vecna acabou deixando a garota em coma, mas antes vemos a situação que seu encontro com o ser a deixou. Cega, com todos os membros quebrados e uma parada cardíaca breve que foi utilizada como desculpa para quebrar o véu entre os dois mundos. Existem pequenas nuances no final que não passam despercebido, a principal delas é o final do arco do “papai” que não poderia ter sido melhor, fiquei com muito receio da Eleven perdoar o cientista moribundo, no entanto ela não atendeu o último pedido do médico louco. A forma como o núcleo do Alaska lida com os acontecimentos é de longe a mais fraca, entendo que queriam dar uma chance para as crianças no mundo invertido, mas o plano para matar as criaturas é muito mal elaborado. Seria muito mais fácil simplesmente fazerem barulho dentro daquela arena para atrair as criaturas, infelizmente Hopper “precisa” ficar cara a cara com um Dermodog para dar mais emoção a cena. Vamos ser sinceros, um total e zero pessoas ficaram preocupadas com a vida o Xerife e não pelo fato de o personagem não ser interessante, mas sim por ele ter tido um fechamento de arco perfeito, com um ato altruísta que salvou a todos e a sua morte que seria ação direta da coragem do Jim acabou sendo revertida na cena pós créditos.

Stranger Things 4:

O final realmente foi fantástico em diversos pontos, no entanto a série continua não tendo coragem de sacrificar seus principais personagens, pois o único que morreu de fato foi o estreante Eddy, numa das cenas mais “heavy metal” de todo o seriado. A utilização da Max como uma isca para o Vecna acabou deixando a garota em coma, mas antes vemos a situação que seu encontro com o ser a deixou. Cega, com todos os membros quebrados e uma parada cardíaca breve que foi utilizada como desculpa para quebrar o véu entre os dois mundos. Existem pequenas nuances no final que não passam despercebido, a principal delas é o final do arco do “papai” que não poderia ter sido melhor, fiquei com muito receio da Eleven perdoar o cientista moribundo, no entanto ela não atendeu o último pedido do médico louco. A forma como o núcleo do Alaska lida com os acontecimentos é de longe a mais fraca, entendo que queriam dar uma chance para as crianças no mundo invertido, mas o plano para matar as criaturas é muito mal elaborado. Seria muito mais fácil simplesmente fazerem barulho dentro daquela arena para atrair as criaturas, infelizmente Hopper “precisa” ficar cara a cara com um Dermodog para dar mais emoção a cena. Vamos ser sinceros, um total e zero pessoas ficaram preocupadas com a vida o Xerife e não pelo fato de o personagem não ser interessante, mas sim por ele ter tido um fechamento de arco perfeito, com um ato altruísta que salvou a todos e a sua morte que seria ação direta da coragem do Jim acabou sendo revertida na cena pós créditos.

Marvel series

O último episódio não deixa de ter várias cenas marcantes, a principal dela não podia ser outra. Eddy em cima do trailer, com uma guitarra super estilizada e tocando Master of Puppets do Metallica foi simplesmente sensacional. Neste momento eu estava em completa sincronia com o Eddy e com o Dustin, praticamente batendo cabeça ao som de uma das melhores músicas da banda. Existia um rumor que o Eddy tocara Final Countdown do Europe, nada contra a banda claro, mas a música nunca teria o mesmo impacto da que foi escolhida. Ambas teriam sim uma simbologia para o que veríamos em tela, mas trazer uma música sobre como o vilão manipula suas vítimas, como ele se as chama para a morte e se torna acima de tudo um mestre das marionetes nesta composição de dois mundos foi perfeita. Agora na última temporada só resta ao Dustin se tornar um headbanguer e usar uma camisa do Iron Maiden para homenagear o seu amigo que faleceu. A briga mental entra a Eleven e o Henry foi boa, mas existem ressalvas que preciso fazer. A principal delas é o fato do vilão ser “palestrinha demais”, chegou um momento em que me lembrei da animação “os incríveis”, pois a todo momento que ele estava prestes a vencer ele começava um discurso. /Claro que isso tem muito a ver com a sociopatia que o antagonista carrega desde criança, a necessidade de ser o centro das atenções. Graças a essa atitude egocêntrica do Vecna as crianças tiveram a capacidade de vencê-lo. Fiquei contente que o psicopata não foi derrotado tão facilmente, foi muito assistir o ataque frontal de Nancy, Steve e Robin, pois eu mesmo me sentia jogando aqueles molotovs na criatura. De todos os conceitos que essa série já apresentou, a caracterização do Vecna é a que mais me causa repúdio, pois qualquer coisa relacionada a tentáculos me causa ojeriza. Então vê-lo queimar foi muito satisfatório, apesar do antagonista demorar para se abater com o ataque. Precisamos falar da forma como as coisas se resolvem, ainda não sei se os discursos motivacionais me incomodam ao ponto de odiar esse artificio, acredito que meu problema não seja de fato o discurso, pois adoro momentos assim como no filme “Capitão América: O Soldado Invernal” e “Vingadores Ultimato” onde o Capitão América inspira as pessoas a fazer o correto, mas aqui achei bem piegas. Não sei se a ideia era parecer caricato, porém o Mike discursando para trazer força para a Eleven ficou bem bobo, parecia um roteiro da novela os mutantes da record onde o amor salvará o mundo. Claro que a positividade da mensagem não é o que nos causa estranheza, mas sim o timing em que ela foi colocada, imagino que seria muito melhor se a própria Eleven buscasse as forças dentro de si. Isso inclusive já tinha acontecido com a Max no quarto episódio, ao ouvir Kate Bush ela imediatamente lembra dos amigos e familiares que lhe deram forças para escapar.

Stranger Things 4:

Apesar das poucas perdas relevantes dessa temporada, a série não termina com um clima ameno, muito pelo contrário. Existem sim momentos emocionantes como o reencontro da Eleven com o Hopper ou a Robin conseguindo conversar com a sua crush secreta, no entanto o tom deixado para o final é o mais pessimista possível, visto que houve a cisão do véu que separava a última temporada abordará Hawkins como sendo o marco zero de uma invasão sem precedentes, onde o destino do planeta vai ficar a cargo de adolescentes destemidos e jovens adultos cansados, Felizmente o seriado entregou tudo aquilo que eu acreditava ser necessário, praticamente todas as peças já estão no tabuleiro e tudo que precisamos fazer é aguardar pela última temporada e torcer muito que os Duffer brothers tenham um final satisfatório para essa maravilhosa história que criaram. A seguir você confere o trailer da quarta temporada de Stranger Things da Netflx.

Movies & SériesNetflix – Stranger Things 4: O clima de terror assombra Hawkins trazendo mais seriedade ao seriado
Twitch Youtube Discord Twitter Facebook Instagram