Movies & SériesREVIEW: Army of The Dead – Podia Ser Muito Pior

REVIEW: Army of The Dead – Podia Ser Muito Pior

Por: Gustavo Tavares

O novo filme original Netflix escrito e dirigido por Zack Snyder estreou na plataforma vermelha e iremos te contar nesse review sem spoilers o que achamos do novo filme de zumbis do diretor.

Quando pensamos separadamente nas obras de Snyder algumas coisas certamente vêm a nossa mente de forma quase instantânea: slowmotion, belas cenas e trilhas sonoras boas e ruins são algumas delas, porém devo dizer que nesse projeto vi menos autoralidade do diretor. Ainda temos cenas belíssimas muito bem dirigidas, o slowmotion está presente, contudo o uso é mais contido e pontual, e a trilha sonora varia entre ótima e bem encaixada a brega total para dizer o mínimo.

O filme realmente é divertido e nos intriga com sua premissa ousada e diferenciada, ao invés de um apocalipse mundial pela praga de mortos vivos temos apenas uma cidade famosa como cenário central. A forma como o paciente zero se liberta e passa a contaminar as pessoas foi claramente preguiçosa, não me passou credibilidade que pudesse haver tanta gente imbecil localizada numa área tão pequena. Desde os militares que não sabem focar em fazer seu trabalho corretamente até o casal de inconsequentes que acaba criando toda a problemática do filme.

A forma escolhida para não perder tempo com esse primeiro contato da humanidade com as criaturas famintas foi legal, mas pouco inspirada. Usar slowmotion enquanto pessoas estão sendo atacadas pelas criaturas ao som de uma música é um pouco clichê e um pouco brega por causa da música escolhida. Compare o início de “Zumbilândia” com “Army Of The Dead” e entenderão meu ponto. Nada contra usar “Viva Las Vegas” do Elvis nesse clipe de abertura, mas a versão escolhida não encaixa em nada com o filme.

As criaturas representadas nesse filme são incríveis, realmente elas nos deixam mais apreensivos, pois são extremamente mais organizadas, recebem ordens, e sabem raciocinar ao ponto de proteger seus pontos fracos e desviar de tiros e facas. Isso irá funcionar para você até o ponto que a sua suspensão de descrença permitir, o meu limite foi ultrapassado no momento que o “chefe” das criaturas demonstra claros sinais de luto.

O roteiro não é um primor e nem precisava ser, filmes desse gênero normalmente não são obras primas que serão aclamadas em premiações, entretanto algumas incoerências durante o filme me incomodaram bastante. A principal delas é que algumas regras estabelecidas desde o início do filme foram completamente ignoradas para garantir um final aberto para continuações.

Quando fui assistir ao filme resolvi colocar minha suspensão de descrença acima da média, pois um filme com zumbis organizados em uma sociedade própria é algo praticamente inédito no cinema, por isso alguns diálogos expositivos tiveram que ser utilizados, já que não conhecíamos os conceitos particulares desse universo. Através disso aceitei perfeitamente a rapidez com que a infecção se espalha após alguém ser mordido, por exemplo. Não leva dias nem horas, são minutos após o ataque que a transformação acontece, porém essa regra é descartada para que certo personagem consiga estar em um determinado lugar para deixar um cliffhanger bobo para que ocorra uma continuação.

Os atores estão bem em seus papeis apesar de ter algumas ressalvas. Gosto muito de como o Dave Bautista tenta criar mais camadas na personalidade do protagonista, dessa forma ele não é apenas um brucutu inabalável que vai resolver todos os problemas com muitas armas e destruição genérica. Aqui temos um cara altruísta que está abalado emocionalmente com os acontecimentos recentes que passou na invasão de Las Vegas. Uma relação quebrada com sua filha interpretada por Ella Purnell que também entrega uma atuação convincente e tocante em diversos momentos.

Mas quem realmente se destaca nesse filme são as atrizes Tig Notaro e Nora Arnezeder, ambas possuem bem menos tempo de tela, uma sendo uma piloto excêntrica e a outra guia da equipe enquanto se aventuram em território inimigo respectivamente. As personagens foram gradativamente sendo construídas ao longo do filme até chegar ao ponto em que torcemos mais por elas do que pelo protagonista em si. O restante do elenco não compõe mais nada de tão interessante, a grande maioria são apenas “redshirts” que irão morrer em algum momento do filme sem acrescentar nada para a história. Uma dessas mortes realmente me surpreendeu sendo utilizada como transição de atos, mas a melhor de todas com certeza foi a do tigre zumbi: cena perfeita sem defeitos.

No fim, Army Of The Dead entretêm e é bem realizado em sua proposta, contudo, Snyder poderia ser um pouco menos egocêntrico e aprender quais são seus pontos fortes e fracos. Nem todos conseguem ser um James Gunn que mescla de forma cirúrgica a trilha sonora com as cenas do filme, e o mais importante de tudo é que nem todo filme precisa ser uma franquia. Este filme teria muito mais força sem aquele final.

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