Movies & SériesMarvel – Thor Love and Thunder: Por que existe um ódio injustificado contra um bom filme?

Marvel – Thor Love and Thunder: Por que existe um ódio injustificado contra um bom filme?

Por: Gustavo Tavares

Thor Love and Thunder é o quarto filme da franquia e o segundo dirigido por Taika Watiti. Um filme que possui uma missão ingrata de fechar a quarta fase do estúdio. Apesar dos temas mais sérios, Taika é conhecido por um humor pouco convencional e com certeza seria mais um filme bem-humorado do deus do trovão. A seguir você confere a nossa revie com spoilers de Thor: Amor e Trovão.

Desde o minuto que eu entendi que a Marvel utilizaria a fase quatro do MCU para definir os alicerces dos futuros filmes eu me tranquilizei. Claro que eu possuo uma pequena frustração de não saber qual a próxima mega saga, isso realmente é culpa do estúdio que nos acostumou mau, no entanto não existe uma explicação plausível para todo o ódio que esse filme vem sofrendo. Possuo certas críticas em relação ao núcleo do vilão, apesar de ter tido uma excelente performance do Christian Bale, mas nenhuma das minhas ressalvas colocaria este filme como o por filme da Marvel de todos os tempos. Acredito muito que os fãs ainda não entenderam um ponto crucial da nova fase do estúdio, o fato deles precisarem se reinventar para não saturar.

Claro que pensando desse modo eles poderiam simplesmente fazer menos filmes e menos séries para que o público anseie mais pelas próximas produções, mas nem eu e nem você quer isso de verdade, visto que independente das críticas Thor conseguiu ser um sucesso parcial de bilheteria. Eu acho louvável a forma como os filmes de herói do estúdio está moldando outros gêneros dentro dos seus filmes, vamos pegar Shang Chi como exemplo, um filme de herói misturado com filmes de artes marciais, algo muito inspirado em filmes do Bruce Lee, Jet Li e Jackie Chan. Eternos é um filme de herói que se mescla com um documentário, pegando diversos momentos da humanidade para demonstrar a intervenção dos eternos na história do mundo e utilizando o Kingo como um host enquanto o próprio grava a história da sua vida. Doutor Estranho é obviamente um filme de herói mesclado com suspense e terror e Thor: Amor e Trovão é uma comédia romântica com um pouco de besteirol.

Apesar de ter uma ideia de como seria o filme do Taika Watiti eu não estava esperando o que vi em tela. Sabia que o filme seria bem-humorado, mas não imaginava que seria tanto e sim eu adorei cada minuto. Existem certos problemas em relação ao desenvolvimento da poderosa Thor e claro faltou tempo de tela para desenvolver o carniceiro dos deuses, porém isso é mais uma crítica para o corte final do que necessariamente para o filme como todo. Quero dizer que se esse filme tivesse mais trinta minutos talvez conseguiríamos ter dois personagens mais satisfatórios, dito isso afirmo aqui que tanto a Jane quanto Gorr estão excelentes no filme apesar da possibilidade de serem mais marcantes. São raros os filmes Marvel que são iniciados contando o ponto de vista do vilão, aqui temos uma destas exceções onde somos previamente apresentados ao Gorr. Ele antes de se transformar no carniceiro dos deuses estava completamente perdido, com seu planeta completamente devastado e carregando sua filha pelas areias do deserto. Infelizmente a pequena garotinha perece, apesar de todas as orações que Gorr havia feito ao seu deus guardião. Após perder tudo o vilão houve um chamado distante, levando-o a um oásis onde pode saciar sua sede e fome. Tudo indicava ser um milagre, visto que o próprio deus guardião estava lá comemorando. No entanto sua comemoração não se relacionava com seu fiel seguidor, a única coisa que ele faz é debochar da adoração de Gorr e ameaçá-lo depois que o eremita decide rejeitar o deus que tanto acreditou. Neste momento a Necrosword se une com Gorr que mata Rapu e promete chacinar todo o panteão de deuses do universo.

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A introdução do núcleo heroico começa com a narração do Korg sobre a vida do “viking espacial” Thor, uma bem-humorada recapitulação sobre todos os caminhos que o herói seguiu até chegar naquele momento. Após isso temos o deus do trovão em uma introdução irreverente e maravilhosa. Junto dos seus novos companheiros de equipe, Thor simplesmente mostra como pode ser incrivelmente destrutivo, onde definitivamente prova ser um dos personagens mais poderosos do MCU. Existem vários pontos que marcam este início, seja a computação gráfica e os designs da raça alienígena inimiga ou mesmo alguns detalhes do roteiro que são recorrentes na trama. Eu realmente entendo aqueles que não gostam deste Thor mais engraçado, o tom é muito diferente se comparado ao primeiro filme do herói, no entanto acho muito difícil encontrar alguém que prefira os dois primeiros filmes do que os novos de Taika Watiti. Outra coisa que me chamou bastante atenção foi a relação de Thor com os Guardiões, creio ter ficado explícito que eles já passaram por bastantes aventuras juntos, tanto que buscavam um planeta para “tirar férias”. Sem falar que o próprio Star Lord até já decorou o bordão do viking e externou ao público qual seria sua parte favorita.

Marvel Eternals

Apesar de ótima a junção de Thor com os guardiões a duração é bem breve e pontual. O suficiente para nos entreter, mas não para tirar o protagonismo do herói no próprio filme. A cena seguinte é muito boa, mostra que realmente haveria uma mescla de comédia romântica com filmes besteiróis. Tudo começa com Thor encontrando Sif ferida em batalha, a combatente estava em um planeta tentando salvar um grupo de deuses, todavia eles foram subjugados e mortos melo carniceiro. Quando Thor interage com Lady Sif ela o pede que a deixe morrer, desse modo ela poderia ir para Valhala finalmente, mas Thor a explica que não funciona dessa forma. Ela teria que ter morrido durante batalha para ir a Valhala, porém ela sobreviveu apesar de ter perdido o braço. Essa quebra de expectativa foi tão forte que me fez gargalhar, eu adoro esse humor exagerado de filmes como “Drácula: Morto, mas feliz” ou dos clássicos “Todo mundo em pânico”. Ela alerta para o fato de o vilão estar se dirigindo para o Planeta Terra. Agora precisamos falar sobre a Poderosa Thor.

Marvel Eternals

Eu entendo certas críticas em relação a personagem nas HQs, já que o desenvolvimento da heroína não arranha nem a ponta do iceberg quando se compara aos quadrinhos, porém mesmo assim foi um sopro de novidade neste universo e todos os conceitos que giram em torno da volta de Jane Foster somado ao retorno do Mjönir me agradaram. Não tiveram medo por exemplo de abordar o fato da cientista estar com câncer, a forma como ela tenta lutar para se curar é um momento dramático realmente forte, onde ela vai até o limite da compreensão racional e fica sem opções na sua pesquisa. Com isso ela sente o chamado de Mjönir e vai até a nova Asgard para reunir mais uma vez o martelo dos deuses quebrado por Hela. Muitas pessoas têm atribuído a “dignidade” de Jane Foster a uma frase do Thor no filme, onde o herói pede ao martelo que sempre a proteja acima de tudo, no entanto acho muito raso acreditar que seja apenas isso. Durante todo o filme ela mostra o por que ela é digna, não só pelo fato dela estar se sacrificando para ir nessa missão, existem vários momentos que demonstram a honra da heroína em lutar pelo que é certo, inclusive a cena que mais representa isso é justamente quando retornam para a Terra no terceiro ato. Acredito que nada tenha desabonado a aparição da poderosa Thor e apesar do final do filme acredito que essa não foi a última vez que Natalie Portman vestirá a armadura.

Marvel series

Todas as cenas de ação trabalham em prol do filme, Taika realmente melhorou ainda mais a forma como ele filma as sequencias. Então a cena do primeiro ataque na terra é muito bem construída apesar de ser a noite. Acho excelente inclusive como fazem uma comparação entre a atuação destrutiva de Thor e a forma “cirúrgica” de como a Jane lida contra aqueles monstros das sombras. Sua chegada tem um impacto incrível, mesmo tendo visto parte do momento no primeiro trailer de divulgação. Claro que o Thor não lida muito bem com a “novata” a princípio, mas ao descobrir quem está por trás do capacete ele acaba ficando desconcertado. A verdade é que eles terminaram o relacionamento por que ambos não tinham tempo um para o outro. A Dra. Jane Foster estava muito ocupada com o seu trabalho como fisicistas, já Thor possui muita importância para a proteção do universo como um todo, visto que as ameaças sempre estavam se aprimorando com o passar do tempo. Gorr a princípio tenta matar o deus asgardiano, como ele não consegue ser bem-sucedido o vilão decide sequestrar todas as crianças que estavam em nova Asgard com o intuito de montar uma armadilha.

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Apesar de haver muitas críticas as criaturas das sombras eu não achei que ficaram tão ruins assim, claro que existe algo bem genérico em seus conceitos, mas elas servem bem ao seu propósito e possuem até uma diversidade de aparências entre os monstros. Após ficarem sem opções, Thor reúne sua equipe para ir até onde os deuses estão escondidos, seu plano era conseguir ajuda dos poderosos seres para enfrentar Gorr e resgatar as crianças asgardianas. Acho incrível a quebra de expectativas que temos quando finalmente vemos essa grande reunião. Basicamente era uma “comic-con” com todos os deuses do universo, onde o Thor estava completamente fascinado em poder rever Zeus, seu herói de infância e praticamente a inspiração que teve para ser o deus do trovão. Claro que esse momento é para ser puramente cômico, possui um certo peso dramático quando o herói desafia o Zeus e o mata na frente de todo o panteão, mas o foco aqui é rir sobre tudo que compõe as mitologias, principalmente a grega que está mais em evidência. Então sim existem novamente piadas sobre orgias, talvez eles até insistam nisso por tempo demais, ficando chato ou repetitivo, mas está lá. Assim como a cena polêmica da bunda do Thor, algo que o diretor reprisa novamente, visto que em Ragnarok também tínhamos visto a bunda do Hulk.

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Apesar de ser legal ver os deuses acho que realmente é a cena mais fraca de todo o filme, eu não a levei a sério e nem acho que era para ser levada, porém é fato que a única coisa de relevante que acontece aqui é conseguirem uma nova arma. Neste caso o poderoso raio de Zeus possui justamente o que é necessário para tornar o terceiro ato crível. Visto que as cenas a seguir são uma completa obra de arte, o terceiro ato de longe é o mais sério, apesar de não deixar de ser o mais divertido. Primeiro tudo o que acontece naquele planeta preto e branco possui uma aura diferenciada, não sei dizer o que exatamente, mas eu fiquei vidrado na sala de cinema neste ponto. A identidade visual do filme é sem dúvidas um dos pontos altos, este claro se destaque ainda mais pelos conceitos apresentados pelo próprio Thor, pois nem as cores adentram o local tão sombrio como aquele. A descoberta mais impactante é o fato da Bifrost ser a chave para encontrar a Eternidade, uma entidade tão poderosa que poderia realizar o maior desejo daquele que a encontrasse. O plano do vilão é claro utilizar seu desejo para matar todos os deuses sem maiores esforços, visto que seria um trabalho árduo e longo matar um deus de cada vez.

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Apesar das súplicas de seus amigos, Thor não estava disposto a deixá-los perecer, com isso ele chama novamente o Rompe Tormentas e consegue salvá-los às custas da sua arma tão poderosa. Temos então uma cena dramática realmente tocante, a Jane tentando chegar ao martelo utilizando suas forças limitadas pelo câncer. Naquele momento eu sabia que ela não sobreviveria, pois ela tinha conseguido se tornar uma verdadeira heroína em pouquíssimo tempo de tela. O fato dela mesmo doente querer se sacrificar para salvar as crianças realmente me tocaram, ao ponto de um filme do Taika Watiti quase me levar as lágrimas. Tudo a seguir torna a situação ainda mais tensa, com a Jane acamada tendo que escolher entre arriscar-se para salvar as vítimas ou ficar no hospital dando uma última chance para seu tratamento contra o câncer.

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Thor parte para a batalha sozinho, onde a coisa mais inesperada acontece. O herói consegue transferir por um curto período de tempo seus poderes para as crianças sequestradas. Essa cena quebra tanto as nossas expectativas, pois de início parecia que seria apena uma piada, já que meras crianças não teriam a menor chance contra as criaturas das sombras, no entanto com os poderes a cena fica tão marcante e divertida que não merece críticas aqui. Precisamos lembrar que por mais que gostemos destes heróis nós não somos o público alvo, crescemos lendo HQs, assistindo animações, mas estes filmes buscam sempre um público infanto-juvenil e ver crianças em tela como suas imaginações sendo trazidas à tona foi muito honesto. Creio que o terceiro ato consegue ser o melhor, apesar do vilão não ter conseguido ser uma ameaça tão grandiosa quanto nas HQs. Infelizmente seria impossível trazer a complexidade de arcos tão bons em um filme tão curto, por isso eu entendo como a história de Gorr precisou ser simplificada. Felizmente o arco da Poderosa Thor foi particularmente satisfatória, tanto que eu vibrei por dentro quando ela apareceu, a batalha em si foi ótima e o desfecho era algo que já estava se desenhando. Apesar de tudo eu ainda fiquei impressionado com a forma que as coisas foram se desenhando, com o crescimento do vilão moribundo. Ele decide então desistir de sua vingança e dar mais uma chance de vida para sua filha que havia morrido no deserto.

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Confesso que achei um toque muito singelo, apesar de ser uma resolução meio batida sobre como o amor é tudo na vida e a vingança nunca é plena. Mesmo assim eu adorei o final, apesar de não acreditar nem por um minuto que a Jane não retornará, acho que veremos sim a Poderosa Thor levantar o Mjönir novamente no futuro próximo. Tudo que restou ao Thor agora é ser um pai, ensinar a jovem criança os caminhos super-heróicos, afinal de contas o filme acaba mostrando uma cena ótima da Love utilizando o Rompe Tormentas. Mais uma produção da Marvel que introduz uma heroína mirim, digo isso sem medo algum, veremos em breve uma versão dos jovens vingadores em tela, como será feita essa união eu não faço ideia, mas tenho certeza que o chefão da Marvel já está com tudo muito bem planejado e pretende voltar a fazer uma nova grande saga para os filmes do MCU. A resposta para a pergunta que fiz no título eu não a possuo, por mais que esse não seja o melhor filme da Marvel ele está longe de ser ruim, particularmente sempre coloco meu divertimento como um farol quando estou no cinema, desse modo as falhas do roteiro precisam ser muito escancaradas para me tirar do filme. Por mais que existam escolhas dúbias no roteiro nenhuma delas me incomodou tanto, nem a forma como a Jane levantou o Mjönir ou o modo como o Thor transferiu seus poderes para as crianças. Inclusive essa escolha foi uma forma criativa de proteger os reféns, e obviamente Thor não fazia isso pelos companheiros humanos de equipe, pois sabia que eram capazes. Isso fica tão evidente no próprio arco da viúva, uma simples mortal que acabou sendo uma das maiores heroínas na luta contra Thanos. No geral Thor é um filme divertido e despretensioso que conseguiu a proeza de me cativar.

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