Marvel – Miss Marvel – Temporada 1: Nova heroína consegue encantar ao trazer tons mais leves para o

Incrível como uma boa escolha de elenco faz total diferença para um projeto, independentemente de ser filme ou série. Iman Vellani está incrível como Kamala Khan, fica difícil de acreditar que este é o seu primeiro grande trabalho. A garota possui um carisma diferenciado, um carisma que era fácil de identificar até mesmo nos trailers de dois minutos, através disso conseguimos nos apegar a heroína naturalmente e de uma forma bem acelerada. Mas não é só a protagonista que consegue nos encantar, o elenco de apoio agrega ainda mais a atuação de Iman, dando muita veracidade para o que está sendo contado em tela.

Outros pontos extremamente positivos são as escolhas criativas, principalmente os visuais que tornam essa série “teen” distinta. Utilizam um talento artístico da própria Kamala para compor diversas cenas, conforme a garota sonha acordada, o público consegue “ver” o que se passa na mente da garota, sem utilizar paradas bruscas que sacrificariam preciosos minutos de tela e com isso a trama em si. É bom ver que a Marvel continua focada em expandir seu universo com qualidade, apesar claro da mudança de poderes da heroína mulçumana. Não vou entrar no mérito de se está bom ou ruim, é cedo para fazer tais afirmações, porém a princípio não teve nada que me incomodou tanto.

A série não se preocupa em fingir que essa produção será algo comum, pelo contrário, até mesmo nos créditos iniciais podemos ver que o estúdio pretende inovar, isto é, referente as suas próprias produções dentro do Disney plus. A cena de abertura é focada para demonstrar como a Kamala possui problemas da vida real, o último personagem que teve essa abordagem no MCU foi o próprio Homem Aranha. Então sem perder tempo a garota não consegue sua carteira de habilitação após esquecer a ré engatada, um erro bobo que tenho certeza que muitos já cometeram. É engraçado descobrir que conseguir sua carteira seria parte de um plano para ir para a Vingacon, a primeira convenção sobre os heróis que salvaram o universo de Thanos. Claro que sua fixação está toda voltada para Capitã Marvel, algo que fica muito bem explicado no canal do youtube da garota, onde ela cria toda uma apresentação sobre como a Carol Danvers salvou o dia. Espero que a estética do seriado se mantenha até o final, pois essas escolhas me lembram muito a animação do Homem Aranha: No Aranha-Verso, só que desta vez em live action.

Temos novamente toda a trama referente a escola da garota e como ela sofre por ser diferente. Neste caso o conceito é muito mais amplo, já que ela possui toda uma cultura distinta dos moradores de New Jersey, cultura que por sinal sofre bastante preconceito por parte dos americanos. Apesar disso ela tem amigos que a apoiam, essas relações pessoais são as melhores coisas do episódio inclusive. principalmente quando ela sonha acordada junto do seu melhor amigo, que por sinal é um gênio em robótica e programação, sendo praticamente um jovem engenheiro em construção. Sua família também é fascinante de se acompanhar, cada um possui uma forma diferenciada de lidar com a jovem, mas de longe a relação com a mãe é a que mais funciona, pois adolescentes sempre vão achar que possuem o conhecimento universal e que seus pais estão apenas atrapalhando. Claro que eu acho que a mãe dela é extremamente rígida em certos posicionamentos, mas isso fica bem claro que são apenas costumes, algo que ela trouxe da sua própria criação, uma questão cultural do Paquistão e provavelmente atrelado a sua própria religião. Acho também que apesar de existir uma explicação para as atitudes de sua mãe, as mesmas tendem a ser completamente exageradas em proporção. Era apenas uma comicon que garota gostaria de ir, não precisava julgá-la como promiscua por querer se vestir como a Capitã Marvel e sejamos sinceros o uniforme da Carol não é tão justo assim.

Adoro os "Problemas" de uma jovem paquistanesa morando em Jersey, no entanto a negação para ela ir na Vingacon apenas a incentiva em mudar seus planos. A cena em que ela recebe o consentimento de ir para o evento, mas vestida de Hulk com o pai dela me quebrou, não imaginei que fosse sentir tanta dó de um homem adulto vestido de Hulk. Entendo o ponto da garota de querer ir apenas com o amigo, porém as formas de se expressar contam muito em momentos assim, claro que ela estava frustrada, mas ela tem uma família amorosa e uma mãe que fez um traje para ela do zero. São momentos assim que de certo modo engradecem o projeto, transformando uma série de herói em um drama familiar, principalmente relacionando-se a aventura de descobrir seu verdadeiro eu, o que acaba fazendo uma ligação hilária com o filme do Thor que também é sobre isso. Após ter a negação definitiva ela combina com Bruno uma forma discreta de ir ao evento sem alertar seus pais, isto só é possível graças a inteligência do rapaz e dos dispositivos que ele criou para a família da amiga. Inclusive a cena dos dois é bastante meiga, meio clichê, mas nem tudo precisa ser inovador certo? O Rapaz claramente tem sentimentos fortes pela futura heroína e provavelmente vai acabar tendo seus sentimentos feridos, como toda história de amor adolescente platônico.

Claro que o plano não sai nem de perto como a Kamala imaginava, em sua mente infantil tudo aconteceria de forma natural, fácil e obviamente épica, mas quase tudo dá errado, exceto a chegada deles a tão famigerada Vingacon. Dentro do evento eles se divertem bastante, existem easter eggs para todos os gostos neste compilado de cenas curtas, desde homenagens a personagens mortos em Ultimato, até cosplays dos mais diversos heróis e vilões desse universo. O objetivo de Kamala estava à frente, precisando agora só vencer o concurso de melhor cosplay da Capitã Marvel do evento. Algo muito cobiçado por ela, sua roupa era de fato bem fiel ao traje da Carol e ela teria uma singela ajuda de bruno. O Rapaz criou duas manoplas para emitir luzes, algo que ficaria muito orgânico com o traje e pareceria a energia cósmica que a Capitã sempre está irradiando. Todavia a jovem acaba esquecendo as luvas no banheiro, quando preparava usar o bracelete que sua avó havia enviado no dia anterior. Aqui temos o problema maior de todo seriado, a mudança da origem dos poderes da garota e a diferença dos poderes em si. Claro que eu gostaria de ver a Kamala Khan fiel as HQs, seria excelente para agregar a história que está sendo contada, pois assim como na HQ, a heroína se sentiria perdida, diferente na sua vida pessoal e tudo seria trabalhado com mais profundidade em sua contraparte super-heroica, visto que essas mudanças que a Inumana sofre são drásticas. É triste que isso não possa ser adaptado neste momento, gostaria que houvesse uma explicação plausível que indicasse a mudança dos poderes no futuro, mas até o momento tudo indica que a mudança é permanente para a heroína, pelo menos nesse universo específico.

A utilização dos poderes causa um alvoroço generalizado. A Miss Marvel não sabia como ela reagiria ao utilizar o bracelete, então de início ela tem uma experiência psicodélica e depois acaba usando suas habilidades sem controle algum. Tudo indica que ela ficou fotossensível após a experiência, mas nem isso é confirmado de fato, fica subentendido no contexto geral. Por causa dessa sensibilidade ela utiliza os poderes pela primeira vez, infelizmente causando um caos total quando ela derruba uma cabeça gigante do Homem Formiga. Apesar de não saber o que está fazendo a garota tenta proteger os que estão em perigo, no caso o foco central é a sua “colega” de escola, ela também estava participando do concurso com a Kamala. Apesar da mudança dos poderes não ser o ideal eu não vi problemas no CGI, ficou bem crível a utilização dos constructos de luz roxa. Isso coloca com certeza um alerta na concorrência, pois a DC precisa urgentemente trazer o Lanterna Verde em live action, desta vez com qualidade e de preferência integrado em seu universo expandido. Confira a seguir o primeiro trailer de Miss Marvel do Disney plus.

Após voltar para casa ela acaba sendo pega ao entrar pela janela, sua mãe já havia descoberto que Kamala havia traído sua confiança. Acho essa cena bem forte, pois ambas têm motivações sólidas para serem como são, o problema é que a mãe dela não entende que a Kamala é diferente e suas diferenças precisam ser respeitadas. Infelizmente quando se trata de religiões tão fundamentalistas não existem meios termos. Provavelmente veremos como a vida dela é no próximo episódio, pois veremos cedo ou tarde o casamento do seu irmão mais velho. Fiquei bem satisfeito com esse primeiro capítulo, nada aqui fugiu muito das minhas expectativas para o programa, no entanto o foco do seriado deve se manter intacto, montando bem essa origem para a Miss Marvel e mantendo suas características como devem ser. Estou muito ansioso para o próximo episódio, principalmente por ter quase certeza que teremos a cena do “treinamento” e essas cenas são sempre divertidas de se ver. Iman Vellani conseguiu introduzir perfeitamente a heroína paquistanesa mais querida de todos os tempos, não acredito nem por um minuto que essa série vai se perder no seu desenvolvimento. Confira a seguir o trailer de Miss Marvel do Disney plus.