Movies & SériesMarvel – Doutor Estranho no multiverso da loucura: Sam Raimi conseguiu fazer uma excelente mescla de

Marvel – Doutor Estranho no multiverso da loucura: Sam Raimi conseguiu fazer uma excelente mescla de

Por: Gustavo Tavares

Doutor estranho no multiverso da loucura é sem dúvidas um dos filmes mais esperados do ano, no entanto ao mexer com a ansiedade do público, os realizadores permitiram que todos criassem as mais insanas teorias e alguns até criaram rumores falsos para conseguir cliques na web. Infelizmente todas esses fakes criaram expectativas falsas nos fãs, por conta disso muito não tiveram a experiência que ide

O multiverso com certeza será o grande foco da fase quatro do estúdio, algo que ficou claro desde a série de Loki que definiu algumas regras desse conceito tão confuso. Desde então tudo gira em torno do prisma de possibilidades apresentado em What if, mas este filme, assim como do Homem Aranha: Sem volta para casa, simplifica a própria trama para garantir o controle maior do desenvolvimento do multiverso como um todo. Isso é importante porque é um tema complexo demais e que pode sair do controle se não houver cuidado, porém o nome do filme trouxe uma expectativa diferenciada para os fãs, onde muitos acreditavam que o “multiverso da loucura” iria explorar até mesmo os filmes flopados do estúdio, como alguns filmes dos X-men, Quarteto fantástico ou Hulk.

Por mais que eu goste da maioria desses filmes, que sim possuem um apego emocional muito relevante, eu nunca pensei que a Disney iria dar foco para filmes que ela não produziu, sendo a única exceção o filme do Homem Aranha, pois este está inserido no MCU desde Capitão América: Guerra Civil. Então ainda fico surpreso que trouxeram o Charles Xavier, mas neste caso também há a desculpa da compra da fox, deste modo eles conseguiriam até induzir os fãs a assistirem os antigos X-men no Streaming. Infelizmente aqueles que esperavam coisas impossíveis como a aparição do Deadpool ou do Maestro sendo interpretado pelo Eric Bana saíram decepcionados do filme.

ATENÇÃO: o conteúdo abaixo contém spoilers!

Esse filme é de fato uma ode as obras do diretor que assina a direção, Sam Raimi que no seu começo em Hollywood ficou famoso pelos filmes de terror trash. Evil Dead foi uma de suas primeiras produções, um filme de baixo orçamento que se tornou um filme cult e fez sucesso na época graças a criatividade de Raimi, pois não só criou várias técnicas que são utilizadas em filmes até hoje, como reinventou outras que tornaram seu filme algo inovador e divertido. Doutor Estranho foi praticamente uma mistura de Evil Dead com o primeiro Homem aranha, alinhando elementos de terror com filmes de aventura e devo dizer na melhor proporção possível. Então este foi o primeiro fato que me chamou atenção desde a abertura do filme, visto que o primeiro demônio que aparece em tela já é bizarro por si só. Não há uma preparação para dar início ao filme, tudo começa com um Doutor Estranho de outro universo fugindo de uma criatura, tentando a todo custo proteger a heroína estreante desse filme, America Chavez. A garota possui um poder único de viajar entre os multiversos, sendo informado inclusive que ela é única e não existe outras “Americas” no multiverso.

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De qualquer modo essa cena inicial dita o tom do filme inteiro, em primeiro lugar mostrando o quão estranho será essa jornada e em segundo lugar que essa história terá severas consequências. Antes de qualquer coisa o design do primeiro demônio é bem interessante, muitos até achavam que podia ser uma versão do Pesadelo, vilão clássico do personagem, no entanto era apenas uma das criaturas que estavam sendo controlados pelo verdadeiro vilão do filme. Aqui tudo acaba dando errado, ambos estavam buscando o livro de Vishanti para proteger a America da ameaça que a perseguia, porém, o “Defender Strange” acaba sendo morto pela criatura, após acreditar que a única forma de proteger o multiverso era ele próprio sugar os poderes da heroína. Uma atitude desesperada já que foram impedidos de pegar o livro, este fato acaba abrindo algumas possibilidades que são trabalhados no decorrer da trama, principalmente claro a completa descrença da América em outras versões do Doutor Estranho. Apesar de ser horrivelmente empalado, Defender Strange consegue libertar a garota que cai em um de seus portais, parando finalmente no universo que conhecemos. Tudo é muito frenético, não há possibilidades de perder tempo com superficialidades, por isso mesmo a cena do casamento acaba sendo muito rápida, mas não sendo irrelevante para a história como um todo.

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Aqui temos um Stephen sendo confrontado pela própria falta de felicidade, algo que voltará alguma vezes até o fim do filme, já que ele mente para si mesmo que está satisfeito com a própria vida, porém ele se sente miserável por dentro. Sacrificou a própria felicidade quando entregou a joia do tempo para o Thanos, ele virou poeira por cinco anos enquanto a Christine não, ela teve que seguir com a própria vida e isso é algo muito plausível na trama, onde novamente temos representado em tela novas consequências do estalo do Thanos. É triste na mesma proporção que é trágico, pois é isso que diferencia os heróis, a constante necessidade de proteger a todos independente dos próprios desejos e sonhos, uma mensagem muito forte plantada no início que reverberaria em diversos momentos durante o filme. O casamento é interrompido pela contínua perseguição da jovem America, desta vez por Gargantus, um olho com tentáculos de outra dimensão. A cena aqui já é uma maravilhosa homenagem ao filme do Homem Aranha do Sam Raimi, até mesmo a fotografia e enquadramentos nos arremete ao filme de 2002. A luta que se segue é incrível em todos os aspectos, principalmente na questão estética, pois os poderes do mago estão cada vez mais diversificados. Uma conjuração de um peixe gigante para impedir que alguém seja esmagado por um carro por exemplo e claro as diferentes formas de utilizar seus poderes “comuns” na batalha. Outra coisa surreal neste início é como Gargantus é derrotado, pois é uma cena bem mais pesada do que normalmente vemos em filmes da Marvel, seu olho sendo arrancado por Stephen com um poste é algo que me chocou e não seria a última coisa que me surpreenderia nesse filme.

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Preciso pontuar que este filme é muito apressado, isso não necessariamente quer dizer que seja ruim, apenas que o roteiro está ciente de que não conseguiria explicar tudo em duas horas e meia, e mesmo que tentasse teria que sacrificar o seu ritmo. Então a escolha aqui foi sensata, apesar de parecer corrido eu não deixei de me entreter. Logo após ser salva a America conta tudo para o Wong, então temos o corpo do Defender Strange sendo enterrado e o Doutor Estranho tentando arranjar soluções para os problemas que virão. Todavia o que ele não esperava era que ele recorreria a verdadeira vilã do filme, temos então uma cena maravilhosa da Wanda se revelando ao mago, a ex-heroína sucumbiu ao poder do Darkhold e passou realmente para o lado negro, justificando inclusive o assassinato de uma adolescente para ela ter o que quer de verdade. A cena é ótima do início ao fim, devo dizer que Elizabeth Olsen rouba o filme para si toda vez que aparece, uma atuação incrível onde ele nos passa o luto que sente, a tristeza de perder os filhos que amava e a periculosidade que a Feiticeira Escarlate representa. Por mais que eu odeie admitir a Wanda faz coisas horríveis, não tem como justificar os atos dela de nenhuma forma, há apenas a possibilidade de entender o porquê disso tudo. Então sim tudo que ela passou é absurdo, outras pessoas já teriam desistido da própria vida, ver o namorado ser morto em sua frente e depois perder os filhos como perdeu é triste demais, mas claro não dá direito para ela passar por cima de quem quer que seja.

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Mas claro temos uma explicação que minimiza os atos dela, já que o Darkhold realmente faz um estrago, se alguém tem alguma dúvida disso é só assistir a quarta temporada de Agents of S.H.I.E.L.D. Com seus poderes no ápice, o livro dos condenados a corrompendo e focada em seus objetivos a Feiticeira Escarlate parte para o combate no Kamar Taj. Provavelmente o momento onde um filme de herói se transforma em um filme de terror, exatamente como os sonhos da Wanda se transformam em pesadelos quando ela acorda. O conflito aqui é angustiante, a forma como ela mata os diversos magos que faziam a defesa é aterradora, provando mais uma vez que ela é a personagem mais forte do MCU. Depois das primeiras defesas falharem, o Doutor Estranho aprisiona Wanda em uma armadilha de reflexos, porém isso apenas a atrasa e acaba entregando uma excelente cena de horror da vilã. Algo que me arremeteu imediatamente ao espirito do filme “O Grito”, a forma bizarra que ela sai do espelho causou alguns arrepios. America estava prestes a ter seus poderes tomados, descobrimos que a abertura dos portais dependia do medo que ela sentia, então um novo portal se abre e o Doutor Estranho salta dentro dele levando a garota. Os diálogos dessa cena são excelentes, assim como a representação dos poderes de Stephen e os poderes da garota, todavia eu acreditava que a cena deles atravessando o multiverso trariam alguns easter eggs, mas tudo que eu vi foram conceitos gerais das infinitas possibilidades e uma aparição rápida do tribunal vivo. Não que eu tenha ficado decepcionado, em nenhum momento eu esperava que ele parasse em vários mundos, mas acho que foi uma possibilidade desperdiçada.

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A perseguição da Wanda não para nem por um segundo, após perder os dois pelo multiverso ela recorre a dominação onírica, que basicamente é a possessão da sua contraparte em outro multiverso, algo perigoso que pode destruir uma realidade inteira. A descoberta de Stephen sobre esse feitiço ocorre nesse novo universo onde mordo é o mago supremo, pois sua contraparte morreu enfrentando o Thanos. Devo pontuar dois momentos aqui que gostei bastante, primeiro a aparição do Bruce Campbell amigo de infância de Sam Raimi que estrelou Evil Dead. Essa parceria dura anos, sendo sempre divertido seus pequenos cameos nos filmes do diretor. O segundo ponto é a história de origem da America, é mostrado quando ela utilizou seus poderes pela primeira vez, onde infelizmente ela com medo de uma abelha abre um portal, suas mães acabam sendo arrastadas para dentro do portal e por fim ela se perde delas para sempre. Fico triste de saber que apenas essa cena foi suficiente para esse filme ser barrado em países retrógrados, nem mesmo a simples menção a “duas mães” é aceita. Isso é ainda pior quando sabemos que a origem da heroína sempre foi essa, claro há variações, mas sempre a America é filha de duas mulheres que se amam e uma cena dessas nunca poderia ter sido cortada ou censurada. Mordo aparentemente sempre terá um ódio mortal pelo Stephen, ele acaba sedando ambos e os leva para os Illuminati.

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Momentos impecáveis onde o cinema vibrará com certeza, logo de cara temos a revelação de parte do conselho. O barão Mordo é claro, o rei inumano Raio Negro interpretado pelo Anson Mount, A Capitã Carter com a incrível Hayley Atwell, Maria Rambeau que é a Capitã Marvel desse universo voltando a ser interpretada pela Lashana Lynch, e claro Reed Richards do John Krasinski que os fãs tanto queriam. Quando eles apareceram todos ficaram atônitos, depois eu até fiquei sabendo que isso tinha vazado na internet, porém como é bom fugir de spoilers. Todos estão incríveis em certo ponto, mas o momento mais icônico foi a aparição do Charles Xavier. Quando ele entra utilizando a cadeira amarela como a da animação e ao fundo toca a música de abertura foi algo emocionante. A verdade então é contada para Stephen, de como a sua contraparte sucumbiu ao livro dos condenados em busca de uma forma de vencer o Thanos, ele acabou destruindo um universo inteiro enquanto fazia dominação onírica. Apesar disso tudo ele ajudou a matar o Thanos com o Livro de Vishanti e depois se entregou para receber a punição que os illuminatis achavam justo, a execução do Strange vem através do Raio Negro. A participação dos illuminatis termina de forma trágica, logo após de contar a sua história, eles são interrompidos pela Wanda que está fazendo a dominação onírica. Simplesmente eles não escutam os alertas feitos pelo Doutor Estranho, subestimaram os poderes da Feiticeira e todos acabaram mortos. Cada um de um jeito bizarro sucumbe para a vilã, não estava acreditando no que estava assistindo, foi um massacre que apenas Sam Raimi teria coragem de fazer. A direção aqui acerta em todos os momentos, até mesmo quando nos mostra a dominação em primeira mão. Esse é o filme de herói mais voltado para o terror da Marvel.

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Outra cena digna dos filmes de horror de Raimi é a morte de Xavier, ele até tenta entrar na mente da Wanda para impedi-la e acaba sendo assassinado pela feiticeira. Eu não esperava que todos eles fossem mortos da forma que aconteceu, isso foi uma subversão primorosa do roteiro e garantida graças a uma direção inspirada. No máximo acreditaríamos que a Wanda iria apenas derrotá-los, deixando-os desmaiados no máximo, porém ela não só mata os heróis como as cenas chocam ou nos assustam verdadeiramente. A tentativa de vencer a vilã apenas a atrasa, dando chance ao Christine desse universo levar o Doutor Estranho e America para o local onde há um portal para o livro, a perseguição aqui também traz incríveis elementos de terror. Por fim eles chegam no local e abrem o portal utilizando o relógio que Christine deu a Strange no seu primeiro encontro. Aqui devo dizer como a atriz Rachel McAdams brilha bastante nesse filme, suas poucas cenas são suficientes para demonstrar a importância da personagem na trama, sendo até mesmo uma ancora que impede o Strange de ultrapassar certos limites. Sem falar que o amor de ambos também é algo muito constante na trama, era o tal final feliz que o herói sempre esperou para ter e aparentemente é quase impossível de acontecer.

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Infelizmente toda essa batalha pelo livro acaba com a America sequestrada pela Feiticeira Escarlate e Doutor Estranho junto com a Christine sendo jogados em um universo caótico e se desfazendo. Acho que o maior erro de roteiro vem em seguida, pode te incomodar, como também pode passar despercebido. O fato da retirada dos poderes da jovem heroína variar em facilidade conforme o roteiro necessita, entenda que por várias vezes a garota quase teve seus poderes drenados e em nenhuma delas precisava necessariamente de um ritual, devido a necessidade de dar tempo ao Stephen, a Wanda acaba demorando mais do que o necessário para começar a drenar os poderes. Enquanto a vilã preparava todo o ritual, Strange precisou enfrentar a si mesmo de outra realidade. Primeiro de tudo uma versão bem sombria do herói, um Doutor Estranho que sucumbiu ao livro dos condenados, ele claramente fez todas as escolhas erradas tentando proteger a Christine da sua realidade. Aqui a Batalha é belíssima visualmente e conceitualmente, utilizando a fantástica trilha sonora de Danny Elfman. Então ambos utilizam suas magias para dar vida a notas musicais, estas que são utilizadas para se atacarem até a morte. O herói derrota sua contraparte maligna de uma forma chocante, tudo termina com o mago empalado nos portões do Sanctum. Esse filme é bem mais violento do que qualquer outro filme da Marvel de longe, não tiveram medo de esquecer a fórmula Marvel e passaram um filme no limite que a classificação indicativa permitia. Com o Darkhold o Doutor Estranho decide fazer a dominação onírica para possuir uma outra versão, todavia essa versão era o cadáver que estava enterrado na sua realidade.

Wandavision: Staffel 2

Essa sacada foi genial, muitos esperavam que o “Doutor Estranho Zumbi” seria um vilão e foi justamente o contrário. Com a ajuda de Cristine o mago consegue dominar os espíritos demoníacos que tentavam pará-lo, transformando-os em uma capa sombria. Apesar de ser incrível essa versão do herói continua não sendo páreo para Wanda, mas dá a America justamente o que a garota precisava, confiança para conseguir controlar os próprios poderes. Seria péssimo se uma iniciante vencesse a toda poderosa Feiticeira, porém o filme se nega a seguir esse caminho e traz uma forma mais criativa de parar a vilã. A jovem entrega a Wanda justamente o que ela queria, os filhos de outra realidade, no entanto as crianças a negam completamente chamando-a de bruxa e correndo para a proteção da verdadeira mãe deles. O baque ao entender que ela estava errada acaba por desmoronar a convicção inabalável da vilã, a cena é forte na mesma proporção que é triste, pois a Wanda que sofreu tanto por causa da sua contraparte acaba a perdoando. No fim a Feiticeira Escarlate volta a si e decide se sacrificar para destruir o Darkhold, provando que a heroína que ela era estava presa em algum lugar da sua consciência. Claro que isso não redime seus atos, mas já é um começo, pois não acredito nem por um segundo que a personagem morreria de forma tão fácil.

Wandavision: season 2

Em doutor estranho no multiverso da Loucura, os personagens principais possuem seus desenvolvimentos bem definidos, alguns mais que outros é claro, mas não apaga o arco de aprendizado dos heróis e da vilã. Muitos não gostaram do que aconteceu com os Illuminatis, mas para mim aqui ali foi tão surpreendente e tão bom que eu não ouso reclamar de seus destinos. Acho que foram participações especiais pontuais, isso entregou aos fãs aquele gostinho de Multiverso que todos anseiam. No fim realmente a Feiticeira Escarlate era uma força da natureza, muito dificilmente acharíamos alguém que pudesse detê-la, por isso a forma de como a personagem é derrotada foi de certo modo visionária e mal posso esperar para acompanhar os próximos passos do MCU. Logo Abaixo você confere o trailer de Doutor Estranho no multiverso da Loucura

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