Star Wars – Obi-Wan Kenobi – Temporada 1: A incrível falta de originalidade dos realizadores arrasa

Tudo nessa série tem sido um caminho turbulento com poucos momentos realmente inspirados, devo dizer que o primeiro episódio realmente me enganou, pois me deu a sensação de cuidado e preocupação por parte dos produtores, todavia eu estava bem errado em relação a isso. Esse episódio foi infinitamente melhor que o quarto, no entanto existem escolhas tão estranhas para certos personagens que me deixaram perplexo.

De longe os melhores personagens trabalhados são Vader e Obi-Wan. Isso era algo esperado desde o anuncio de Hayden para retornar. Isso foi muito bem feito, a relação entre os dois trabalhadas como mestre e padawan foi nostálgico demais. Esses suspiros inspirados no episódio me fizeram não o odiar, porém o mesmo não se pode dizer do elenco de apoio. Eu gosto da maioria dos atores e atrizes dessa produção, alguns possuem trabalhos fantásticos em outras produções de destaque, entretanto alguns tiveram desfechos tão mal construídos que eu não tive a menor empatia com eles. Tudo parecia novamente genérico e sem sentido, principalmente quando se tratou da Terceira Irmã e da Tala.

Quando o seriado acerta não há alma no mundo que consiga discordar, infelizmente os acertos são tão esporádicos que acabam parecendo involuntários. O capítulo V é de longe muito melhor do que o anterior, no entanto existem escolhas tão ruins quanto. O inicio nos levando a Coruscant de volta foi incrível, adoro como esse treinamento irá ditar os rumos da trama, sendo um paralelo com o presento o tempo inteiro. Desse modo durante todo episódio as ações desse treinamento repercutem, sendo o final o melhor ensinamento que Obi-Wan poderia dar ao seu padawan. Como já sabíamos, o droide Lola é o cavalo de Tróia do Império, porém não apenas como um rastreador, mas também como sabotador.

Reva planejou tão bem sua invasão que foi elevada na cadeia de comando dos inquisidores, ganhando finalmente o título de Alta Inquisidora e mão direita de Darth Vader. Muito bem, o droide impede que eles partam imediatamente, obrigando que os rebeldes se reúnam para trabalhar juntos e conseguir ganhar tempo para a extração. Até aqui não há nada que desabone o episódio, nada mesmo, tudo estava indo bem, com uma construção de periculosidade e uma progressão gradativa da tensão, como um bom filme de horror.

Os problemas começam quando finalmente a Alta Inquisidora chega junto de suas tropas. Imediatamente eles começam a forçar os portões para entrar no bunker rebelde. Gostaria muito ver At-At Walkers nesse cerco, seria novamente um aceno dos realizadores para os fãs mais antigos, porém o orçamento é limitado e não se justificaria se não fossem devidamente utilizados. A princesa Leia tem função primordial para a fuga dos refugiados, ela entra no local da pane para fazer os consertos necessários, todavia essa parte é utilizada para atrasar bastante a trama e assim termos um episódio bem maior do que imaginávamos. O problema desse alongamento é como os minutos extras são utilizados.

Novamente veremos Obi-Wan fazendo os planos mais idiotas possíveis, o principal deles é ir de encontro a Reva para uma breve conversa. Seu objetivo era entender os motivos de alguém que ele nunca viu antes odiá-lo tanto, porém as coisas aqui voltam a não fazer sentido. Deixo claro aqui que sei sobre os caminhos do lado negro, entendo que o medo leva a raiva e a raiva leva para o lado escuro da força, todavia faz sentido que Reva se unisse a Darth Vader? Obviamente Reva era a jovem Padawan que aparece no primeiro episódio. Junto dos seus amigos, – a única família que ela conhecerá – Reva se tornou vítima de Anakin Skywalker, no fatídico dia em que o padawan se entregou ao lado negro. Entretanto a moça não morreu quando criança, ela sobreviveu se fingindo de morta e se cobrindo com os corpos dos seus amigos mortos.

Uma origem pesada para uma jovem, nisso não há dúvidas alguma, mas ela reverter o ódio de perder sua família para o Obi-Wan? Isso realmente faz sentido? Ela se justifica dizendo que Anakin era padawan de Obi-Wan, o que continua não fazendo sentido. O cara que matou seus amigos é este que colocou essa insígnia no teu peito, ele é aquele que deveria sofrer com sua ira e não o antigo mestre que falhou em impedi-lo de sucumbir ao Imperador. Suas motivações só fariam sentido se ela já tivesse se vingado de Darth Vader e voltasse seu ódio para aquele que o treinou.

Não acho nem por um segundo que a interprete tenha culpa em dar credibilidade para esse factoide. Ela faz milagre com o fraquíssimo roteiro que lhe entregaram, mas por mais que se esforce não tem como disfarçar as conveniências e algumas vezes a falta de lógica dos eventos. A atitude questionável do Obi-Wan desencadeia uma série de eventos deploráveis, sendo o pior deles a morte de Tala, uma rebelde com tanto potencial, mas que morre pelas escolhas incoerentes do protagonista. Por sua morte vir do nada, particularmente não consegui sentir o drama que a cena pretendia criar, sua morte não possuiu nenhum peso realmente significativos, pois para mim sua história foi podada logo no momento que estava começando a gostar da rebelde. Após novamente colocar tudo a perder, Obi-Wan recebe a excelente notícia sobre o conserto de Leia e finalmente os refugiados poderão escapar. Para isso novamente o Jedi se encontra com a Reva, porém dessa vez com intuito de se entregar. Daqui para frente o roteiro terminar de cair vertiginosamente, já que ele consegue trazer a vilã brevemente para seu lado.

Eu não aguento mais os vilões redimidos de Star Wars, foi algo que funcionou em “O retorno de Jedi”, no entanto a tentativa insistente de repetir tal fato não tem funcionado. A Reva fez aquilo tudo para ter uma chance de se vingar de Vader. Torturou, matou e destruiu diversas vidas para ter uma chance, sendo que no episódio anterior ela já deveria saber que não conseguiria. Entenda que poucas horas antes, Vader a enforcou utilizando a força sem ao menos suar. Ela nada poderia fazer caso ele desejasse quebrar seu pescoço, todavia a melhor tentativa dela é chegar por trás dele e atacá-lo com um sabre. A cena de luta é incrível, principalmente depois que vemos a força do vilão. Vader humilha Reva, – lutando algumas vezes sem um sabre de luz – não existe ser neste momento que possa rivalizar contra o braço direito do imperador, porém no fim vemos que Reva não foi capaz de matar nem mesmo o Alto Inquisidor.

A traidora é deixada para trás, em tese para morrer do ferimento do sabre de luz, mas ela sobrevive e descobre algo sobre os gêmeos de Padmé. Uma das poucas coisas que eu gosto desse episódio são os paralelos do presente com o passado, isto é, as formas como os ensinamentos do Obi-Wan ainda reverberam em seu pupilo. Mesmo assim a arrogância de Anakin continua presente no vilão, mesmo com seu mestre mostrando suas falhas, Vader continua as cometendo pelo simples fato de ter um ego inflado. Não sei quais são os planos para o futuro de Star Wars, mas não consigo ver nada de promissor no horizonte, exceto claro a série Mandalorian. Confira abaixo o trailer de Obi-Wan Kenobi do Disney Plus.