Star Wars – Obi-Wan Kenobi – Temporada 1: Repetição de premissas podem ser um grande problema para a

Eu possuo expectativas bem específicas para a série como um todo, sendo que no artigo sobre a estreia do programa eu me questionava se o fôlego da franquia dependeria dos personagens clássicos. A resposta é “mais ou menos”, já que alguns dos personagens reinseridos ainda não tiveram a chance de brilhar e os estreantes estão muito aquém do esperado. Espero que entendam que eu gostei de ambos os episódios, mas não pude deixar de notar a semelhança da obra dentro desse mesmo universo, por um minuto parecem que estão apenas repetindo a fórmula que deu certo em Mandalorian.

Isso fica um pouco evidente quando juntam um velho ranzinza com uma criança em apuros, algo que não só foi a trama das duas temporadas de Mandalorian como aparece também em Rebels ou em Bad Batch. Eu adoro a utilização do sequestro da princesa como desculpa, nesse caso para tirar o Kenobi do planeta em que ele ficaria por anos exilado, porém esse pequeno arco não pode se tornar central dentro do seriado, pois vai tomar tempo de tela e teremos apenas mais uma repetição temática dentro do universo Star Wars. Alguns diriam que eu estou sendo um pouco ranzinza com isso, mas na realidade estou tentando ver o copo sempre meio cheio, se pararmos para pensar até o filme “A ameaça fantasma” é sobre isso, um jovem sendo protegido por um guerreiro mais velho e se tornando parte de algo maior. Tudo que eu quero agora é que Obi-Wan entregue a princesa para o seu pai e com isso possamos ver o embate entre mestre contra aluno novamente.

Primeiro de tudo devo dizer como eu repudio uma parte da fanbase de Star Wars pelo que fazem a Moses Ingram. Estamos em pleno 2022 e as pessoas insistem em serem involuídas de caráter e decência, saibam que aqui eu só critico alguém por sua performance profissional, dando argumentos que acho válidos e que podem ser refutados a qualquer momento, tendo a possibilidade inclusive de mudar a minha opinião. Racismo é inaceitável e ponto. Dito isso eu preciso falar como eu sofro de um misto de sentimentos em relação a Reva. Eu acho a personagem muito interessante, em muitos momentos ela é completamente ameaçadora, principalmente em cenas de perseguição, no entanto quando ela abre a boca para dizer suas falas soa para mim antinatural, como se algo estivesse caricato demais ou como se ela não conseguisse nos passar veracidade. Eu acredito que sim ela é uma boa atriz, possui potencial de ser ótima, mas até o momento ela não entrou no papel da forma que deveria e esse detalhe me faz duvidar se Reva será alguém marcante ou apenas uma ferramenta na mão de Lord Vader.

Como de costume o episódio recomeça do exato ponto em que parou, com Obi-Wan procurando formas de encontrar a princesa em um planeta chamado Daiyu, convenientemente um planeta que bloqueia os sinais de rastreadores, obrigando o Jedi a achar os rastros através de outros modos. Ficou um pouco óbvio que o Jedi que estava escondido no planeta não era um Jedi de verdade, o ator possui uma aura de pilantra absurda e não foi nada surpreendente que ele utilizasse truques para fingir ser um usuário da força. Apesar de ser bem óbvio eu adoro a forma como é feita, principalmente o tempo cômico que essa interação nos entrega. Haja Estree apesar de ser um golpista de primeira ordem consegue as informações que o Jedi necessitava. As pistas levam Obi-Wan a uma armadilha montada pelos caçadores de recompensas, algo que ele já supunha, visto que ele possuía recursos para escapar dos captores e logo em seguida encontrar o alvo de sua busca.

Existem nuances bem especificas na relação do Obi-Wan com a jovem princesa Leia, algo que se inicia de forma sutil e vai ganhando força conforme os minutos passam. Isso por si só já valeria o episódio, pois indiretamente aquela garotinha que se mostra tão valente poderia sim ajudar o Obi-Wan a sair do ostracismo e encontrar a coragem para voltar a agir como Jedi, pois ela assim como o irmão possuem traços fortes de seus genitores. Com isso em mente reparem como a impetuosidade da garota é justamente o que faz Kenobi se ligar a força novamente, a cena vai sendo construída aos poucos, evidenciando que deixar a menina sem informações é uma péssima ideia, até que finalmente temos o rompimento de confiança.

Isso ocorre em um péssimo momento, logo após Reva ser ameaçada pelo Grande Inquisidor e retirada completamente da missão de capturá-lo. Aqui existe um excelente paralelo de uma perseguição que visa proteger e uma que visa apenas a matar. Obi-Wan tenta ferozmente alcançar a princesa, claro que isso não seria necessário se ele fosse honesto com a garota, não precisava contar que conhecia os pais dela, mas poderia dizer que era um Jedi exilado e que conhecia o senador Bail Organa. Cairia como uma luva e ela entenderia melhor as intenções dele, só não digo que isso é um furo de roteiro ou um roteiro fraco, pois é muito comum adultos subestimarem o poder de interpretação de uma criança.

Já a perseguição focada a destruí-lo é organicamente construída, com a Terceira Irmã sendo implacável para encontrar o Jedi. As cenas de parkour pelos prédios foram maravilhosamente bem-feitas, porém gosto mais quando a vilã utiliza a força para moldar seus caminhos e atingir seu objetivo mais fácil. A falta da utilização da força nos live actions sempre me incomodaram um pouco, quando vamos para outras plataformas como os jogos por exemplo, a força se torna algo indispensável para alcançarmos as metas, entretanto nos filmes ela é utilizada de forma bem randômica e nem sempre é de uma forma tão incrível como gostaríamos.

Reva consegue chegar muito próxima de confrontar o Kenobi, no entanto Haja Estree a atrasa para ajudar Obi-Wan e a garota a fugirem. A mudança de perspectiva do golpista se deve ao salvamento de Leia por Obi-Wan utilizando a força, que sem dúvidas teve mais impacto do que quaisquer palavras ditas pelo Jedi, A cena realmente nos faz arrepiar, depois de anos se negando aos caminhos da força, finalmente Obi-Wan se conecta a ela para impedir que Leia morresse após cair de um prédio. Reva, no entanto, não se engana pelo golpista nem por um minuto, rapidamente ela constata a farsa e tira as verdadeiras conclusões sobre Haja, desse modo a vilã tira as informações necessárias do farsante, descobrindo o local da fuga do verdadeiro Jedi que persegue.

O final possui coisas que eu desgostei a princípio, o fato da vilã conhecer o verdadeiro nome de Darth Vader foi algo que me tirou da série, trazendo uma avalanche de sentimentos conflitantes e muitas perguntas sem resposta. Porém o fato que mais me incomodou foi a Terceira Irmã atacar o Grande Inquisidor com seu sabre de luz. Antes de qualquer coisa se esperaria mais astucia do líder dos inquisidores, ele ser facilmente derrotado pela vilã traz um sentimento de frustração. No fim ele não era aquela ameaça toda que Rebels nos fez achar? Sem falar que a morte precoce do vilão traz dúvidas para o cânone de Star Wars, pois anos depois esse personagem aparece perseguindo os tripulantes da Ghost e morrendo para a personificação do medo que Vader se tornou.

No fim ela coloca esse medo na vida de Obi-Wan, contando como seu antigo Padawan ainda está vivo, uma informação que reverberará nos próximos episódios do seriado. Apesar de estar gostando do que estou vendo ainda acho que a série poderia ser melhor, o início foi satisfatório, mas poderia ter tido mais coerência narrativa. Espero também que a Leia não seja utilizada como um recurso a ser perseguido durante todos os episódios, acho que sua participação já serviu ao propósito central, tirou Obi-Wan de seu exílio m Tatooine, agora o que resta a garota é ser entregue novamente para a segurança de seu lar em Alderaan.