Movies & SériesNetflix: Avatar: A Lenda de Aang

Netflix: Avatar: A Lenda de Aang

Por: Gustavo Tavares

Avatar: A Lenda de Aang foi uma série animada desenvolvida pela Nickelodeon que ganhará uma versão live action pela Netflix. Estamos aqui para dizer nossas expectativas e lembrar um pouco sobre o por quê dessa história ser tão incrível, e o que não pode faltar na nova produção para que ela mantenha a essência do original.

Avatar é uma série animada de três temporadas desenvolvidas pela Nickelodeon em 2005, Michael Dante DiMartino, e Bryan Konietzko são os criadores dessa grande obra de ficção, que apesar de ser uma animação, agrada jovens e adultos com sua história envolvente e impactante.

Na trama existem 4 grande reinos que viviam em paz e harmonia, a nação do fogo, as tribos d'água, o reino da terra e os nômades do ar. O equilíbrio foi quebrado no momento que a nação do fogo atacou, o único que poderia impedi-los era o Avatar, apenas ele pode dominar os 4 elementos e teria o poder de trazer o equilíbrio de volta, porém, quando mais se precisou dele, ele desapareceu, mais de cem anos se passaram e a nação do fogo está prestes a ganhar a guerra, mas muitos tem a esperança do Avatar voltar para salvar o mundo.

Desde o primeiro episódio podemos ver o quão especial a série é. Para os mais jovens, ela vai ser divertida e bastante fluida. Muito dos temas importantes da trama podem passar despercebidos para esse público, porém as discussões são tão profundas e densas que aos olhos de um adulto você pode até achar que o programa não deveria ser próprio para crianças. Claro que tudo é subjetivo, não é uma série violenta, mas, por exemplo, a xenofobia e o imperialismo são alguns dos temas abordados nos mais de 60 episódios. Uma grande nação que usa como desculpa sua prosperidade para dominar outras, com o falso objetivo de levar progresso a esses povos bárbaros. Onde será que eu ouvi isso antes? Talvez a Alemanha em 1938 tenha feito algo parecido, ou atualmente o próprio Estados Unidos? Por isso apesar de ser uma série antiga, ela consegue ser tão atual. Outra coisa muito boa é tomar como base culturas orientais para compor esse mundo fictício. Como hoje em dia tudo é remake ou live action, eu não entendia como essa obra ainda não tinha sido escolhida para ter uma nova versão, mas finalmente esses personagens estão novamente em evidência, novas produções já estão confirmadas, e algumas delas estão em fase avançada de desenvolvimento.

Tudo que não precisamos para essa série live action da Netflix são as escolhas equivocadas que foram feitas no filme do M. Night Shyamalan. Até hoje ninguém sabe como esse projeto deu tão errado. Claro que os criadores tinham sido dispensados da produção, mas tinham o diretor do Sexto Sentido, e a estrela do Quem Quer Ser Um Milionário - Jamal Malik. Contudo, foi tudo um fiasco. Efeitos especiais de péssima qualidade, personagens completamente descaracterizados, tanto em personalidade quanto em representatividade, esse foi um dos casos de White washing mais descarados da indústria áudio-visual, uma trama extremamente corrida, pois compactaram toda a primeira temporada em um filme de 2h.

A Netflix parece que não vai seguir por esse caminho, aparentemente o elenco possui a etnia correta, o investimento tem sido alto para que os efeitos sejam melhor trabalhados. Não será um filme, mas uma série padrão, que poderá dedicar mais tempo de desenvolvimento dos protagonistas. Infelizmente a produção sofreu baixas quando os criadores da animação resolveram deixar a liderança do programa por "diferenças criativas", isso nos faz acender o alerta, ninguém quer que o desastre que ocorreu em 2010 se repita. Apesar disso eu continuo com uma expectativa alta para a primeira temporada, com uma versão mais adulta em live action novas pessoas conhecerão esse seriado tão rico. Infelizmente nem todos gostam de ver animações, e todas as discussões levantadas são importantes demais para esse público não as conhecer. Creio que essa história toda poderia ser contada tranquilamente em três temporadas de dez episódios com cinquenta minutos cada, acho que podem, e devem sim tomar liberdades criativas em diminuir algumas sub-tramas para dar ênfase em outras.

Pode parecer repetitivo, mas qualquer obra áudio-visual precisa cuidar com carinho dos seus personagens. Um dos maiores problemas do Último Mestre do Ar foram os diálogos sofríveis, e personagens genéricos sem carisma. O time Avatar precisa de tempo para ter o desenvolvimento necessário como foi feita na animação original, sempre se trata dos personagens e como podemos nos identificar com ele. Aang, Katara, Sokka e Toph tem peculiaridades muito únicas, principalmente por cada um ter crescido em nações diferentes, que também devem ser bem caracterizadas na série. Não pode ser algo genérico novamente, precisamos ter essa diferenciação do reino da terra com os monges do ar, da nação do fogo com as tribos da água, tanto a do norte quanto do Sul, isso deve ser feito por sotaques, roupas, modos de pensar, modos de agir, qualquer um que tenha assistido a série animada sabe exatamente o que esperar de cada um desses povos.

No elenco original da série animada tem atacado o projeto desde que a parceria dos criadores com a Netflix abruptamente se encerrou. As críticas são sempre em relação a nova série ser exatamente a mesma coisa, não ter nenhuma expansão na história fazendo essa produção ser redundante, pois já seria difícil contar essa história melhor do que o original já fez. Infelizmente nisso eles tem razão, se a Netflix não tiver algo que acrescente a história, provavelmente eu irei indicar primeiro sempre a animação de 2005, mas como já abordei, pode ser uma forma também de conseguir levar essa história para outras pessoas que nunca veriam a animação.

O projeto começou a ser desenvolvido em 2019 e ainda não temos uma data de estreia, contudo a série tem tudo para nos surpreender, espero que positivamente.

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