Movies & SériesREVIEW: Castlevania - O Épico e inacreditável final de Trevor Belmont

REVIEW: Castlevania - O Épico e inacreditável final de Trevor Belmont

Por: Gustavo Tavares

A série animada de Castlevania está chegando ao fim em sua quarta temporada, você confere agora nosso review com spoiler sobre os últimos episódios da saga de Trevor, Sypha e Alucard entregou um final épico e surpreendente para esta curta jornada que adapta a tão aclamada saga de jogos clássicos de mesmo nome.

Castlevania foi moldada com o passar dos anos por interesses corporativos, inclusive os pouquíssimos episódios em sua temporada inicial provam isso.

Atenção: o conteúdo abaixo contém spoilers!

Utilizado como um teste, a primeira temporada agradou até aqueles que não eram fãs da franquia, com essas respostas positivas por parte do público as temporadas seguintes foram imediatamente confirmadas. A segunda temporada foi incrivelmente perfeita em todos os aspectos que possa imaginar, a animação continuou fluida e cada frame do anime poderia virar um belíssimo descanso de tela.

A história tem seu arco muito bem encaixado desenvolvendo com primor seus protagonistas e antagonistas, e o final épico na luta contra o Drácula que sempre foi o ápice dos games serviu como uma grande homenagem a todos que jogaram Castlevania desde os primórdios do Nintendinho.

Contudo, por causa da vitória de Sypha, Alucard e Trevor contra o vampiro que era o vilão supremo do universo a terceira temporada acabou caindo muito na qualidade narrativa, desagradando boa parte da audiência e decretando o final prematuro de um anime tão promissor. Claramente os realizadores não sabiam para onde ir após a derrota de Drácula, talvez a ideia do confronto ser tão no início tenha limado as chances do programa de se reinventar e manter-se relevante. A escolha de aumentar de oito para dez episódios também não foi acertada, acabou gerando uma barriga desnecessária na temporada que incomodou bastante. O tempo desperdiçado com personagens desinteressantes foi um erro crucial no decorrer dos episódios.

E com isso chegamos na melhor temporada do seriado que conseguiu mesclar debates importantes, ação desenfreada, diálogos marcantes e um final tão épico que me deixa extasiado só de lembrar.

Os núcleos foram divididos exatamente como na temporada anterior. Acompanhamos Trevor e Sypha lutando contra as criaturas da noite protegendo o máximo de pessoas inocentes pelo caminho. Alucard que continua lidando com sua solidão/depressão após ter matado seus dois pupilos em um ato de legítima defesa e por fim o núcleo do Isaac acaba sendo fundido com o núcleo vampiresco da Lady Carmilla, que possui um plano de transformar o mundo inteiro em sua particular casa de abate tendo todo sangue que ela possa tomar à sua disposição.

Ao contrário da temporada anterior os episódios desse novo arco acabam prendendo nossa atenção ao ponto de passarmos para o próximo capítulo sem nos darmos conta disso. Vamos começar falando sobre o arco mais problemático.

O núcleo Isaac/Carmilla foi o mais afetado com o término precoce do programa, a morte dela parece muito apressada, assim como o destino de suas três irmãs. Fica claro que eles queriam alongar esse arco de guerra, entretanto tiveram que cortar para que não houvesse pontas soltas incômodas. O fato de Isaac ter perdoado o Hector foi algo muito anticlimático, mas novamente entendo não ser culpa dos realizadores, eles possuíam um projeto mais amplo que foi encerrado por executivos após a péssima recepção da temporada anterior.

Tanto a Sypha quanto Trevor tiveram um crescimento nítido durante todo seriado, a personalidade de uma acaba moldando o outro até atingir o equilíbrio. Assim temos um Trevor mais focado, otimista e heróico enquanto a Sypha se tornou um pouco mais realista, guerreira e muito badass.

Alucard por sua vez tenta encontrar sentido em sua vida imortal após encontrar um pedido de socorro preso ao mensageiro que sacrificou sua vida para que a mensagem chegasse ao remetente. Desse modo ele parte em socorro a uma das vilas próximas que tem sido atacada constantemente pelas criaturas. A cena que se segue é uma das muitas que veremos nessa temporada que é simplesmente perfeita em sua execução: cenas épicas de encher os olhos. Encontramos nessa vila o Saint Germain que achávamos estar perdido no corredor infinito, com um flashback pontual entendemos tudo que ele passou após se perder no portal, direto ao ponto sem perder tempo com fatos desinteressantes.

No final tudo se resume ao arco da tríade de Castlevania se fechando, os últimos capítulos conseguem dar sentido a tudo o que havíamos visto até então. O plano maior da Morte em trazer Drácula e sua esposa de volta a vida para que o massacre continuasse trouxe um antagonista tão perigoso quanto o próprio Drácula. A chegada de Sypha e Trevor no castelo me deixou arrepiado. Todos os três estando no ápice de suas habilidades lutando de forma coordenada para acabar com o cerco das criaturas é de tirar o fôlego. Os poderes elétricos da maga, junto da velocidade absurda do vampiro combinada com a expertise em armas do caçador de monstros compõem cenas incríveis neste capítulo, a sensação que fica é de estar assistindo as cenas do game por outra perspectiva tão épica quanto.

A luta final entre Trevor e a Morte é o ponto alto de todo o seriado, a cena é cheia de significados, principalmente pela revelação que temos minutos antes. Trevor se declara à Sypha e revela que sabia que ela estava grávida, parece piegas eu sei, mas tínhamos um personagem com uma história trágica que só acreditava na violência, mas que precisava passar por essa mudança de acreditar na vida. Uma batalha contra o Deus da morte sabendo que uma nova vida está a caminho é de fato uma sacada genial dos roteiristas, pois isso traz a motivação que faltava para o simples humano se equiparar contra uma criatura tão poderosa.

O epílogo é marcante e emocionante na proporção que precisava ser. O fato de Trevor ter sobrevivido ao confronto foi de fato uma surpresa. Foi um daqueles poucos momentos que senti ser um pouco forçado. Gosto de finais felizes, mas pareceu pouco verossímil que o Saint Germain em seu último ato tivesse forças para abrir o corredor infinito salvando a vida do caçador no último segundo. E temos também a bizarrice dos pais de Alucard terem sido ressuscitados podendo em fim viver o romance que pretendiam.

A finalização dessa história foi de fato incrível levando em consideração os problemas que os realizadores tiveram durante a produção. Ter sua liberdade criativa negada por conta de um percalço é muito injusto para artistas tão talentosos que queriam apenas entregar seu produto tal qual foi idealizado.

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