Movies & SériesDC – Peacemaker – Pacificador enfrenta seus demônios representados na figura do seu pai supremacista

DC – Peacemaker – Pacificador enfrenta seus demônios representados na figura do seu pai supremacista

Por: Gustavo Tavares

O Pacificador é a mais nova obra do Universo Estendido da DC. Como de costume, James Gunn prova que consegue utilizar sua cabeça doentia para criar coisas incríveis. A série tem seus problemas e me faz rir por motivos muito errados, no entanto a obra está ficando cada vez mais densa com o passar dos episódios. Confira a seguir a review com spoilers do penúltimo episódio de Peacemaker - O que os ol

Peacemaker está em constante transformação conforme os episódios vão estreando. O que mais me intriga são as pitadas dramáticas que são cuidadosamente dosadas, sendo que até então elas ficavam escondidas por causa do humor escrachado e exagerado que vimos até o momento. Todavia este penúltimo episódio veio para mudar essa percepção, por mais que o humor ainda seja muito presente, o drama é o que mais sobressai trazendo muita força para o season finale.

Ao abordar um tema tão delicado como o Nazismo e supremacia branca, James Gunn consegue ser claro para demonstrar o quão nefasto são essas ideologias. A cena introdutória serve para termos o contexto geral de como o Chris foi criado, deixando evidente de quem foi a culpa pela morte de Keith – o irmão do Pacificador – e como isso atingiu profundamente o protagonista. A segunda parte dramática é focada exclusivamente no Murn que é um dissidente de sua raça, apesar de estar nadando contra a maré, o alienígena não desiste de seus ideais e lutará até o fim para vencer a invasão das borboletas.

ATENÇÃO: o conteúdo abaixo contém spoilers!

Não existem momentos ruins no penúltimo episódio do seriado, nem mesmo as piadas mais infantis soam forçadas. Acredito que isso ocorre graças ao fechamento de arcos de alguns personagens, novamente o humor está presente, mas os atores verdadeiramente brilham nos seus momentos de drama. A cena inicial é a prova disso, como o Pacificador passa a ter um ataque de pânico – depois de ser exposto como criminoso pelas borboletas – enquanto as lembranças da sua infância vêm à tona. Podemos constatar como ele tinha uma incrível relação com o irmão e como isso foi completamente arruinado pelo pai escroto que eles têm. Por não conhecer a história de origem do personagem, eu acreditava muito na possibilidade do irmão do Chris ter morrido em alguma missão. Isso acontece pelos curtos flashbacks que víamos, tudo dava a entender algo do gênero, porém fiquei chocado ao saber da verdade. Chris matou o irmão numa luta em que seu pai organizava, ele colocou seus filhos para brigar e os amigos para apostar em quem sairia vencedor. Óbvio que essa grande ideia iria terminar mal, em um golpe de azar, Chris acaba matando seu irmão. A cena é angustiante, ver uma criança convulsionando enquanto o pai culpa o caçula, não conseguia acreditar que isso estava de fato acontecendo.

Peacemaker Trailer

Como é comum na vida do personagem ele decide compartimentalizar sua memorias de infância e sua vida adulta como um “herói”. Então ele decide chamar o Vigilante e o Economos para matar a vaca das borboletas, criatura que produz o único alimento que sustenta os alienígenas. Como sempre existem piadas muito boas em toda a sequência, novamente vemos o Rock ditando o ritmo das cenas e servindo como um escape para os momentos tensos que eles passam. Aqui há o ataque surpresa do pai do herói, ele usando o traje de Dragão Branco voa em direção ao trailer dirigido por Economos. A forma como ele acha o filho é justificada de forma rápida, todos os capacetes possuem um rastreador embutido. O Pacificador fica completamente atônito ao ver seu pai, quando aparece em cena o supremacista tenta matar o Chris sendo impedido pelo Vigilante. Eu adoro a forma inconsequente que o Vigilante trabalha, ele joga uma granada com potencial explosivo enorme de frente para o inimigo, por alguns segundos até achei que ele tinha morrido na explosão. A perseguição dos vilões utilizando o rastreador continua, correm atrás Chis pela floresta tentando ao máximo alcançá-lo, mal eles sabiam que estavam perseguindo um guaxinim que o “herói” havia capturado. Eu achei inclusive uma sacada genial, pareceu até um easter egg ao Rocket Racoon quando Economos responde a afirmação do pacificador:

– Esses guaxinins são do mal cara.

– Até que aconteceu exatamente o que eu imaginava que aconteceria se um homem pegasse um guaxinim selvagem.

Peacemaker Sims 4

Eles reencontram o Vigilante que havia roubado um dos carros dos supremacistas. Porém tudo dá errado quando Adrian revela que recuperou todos os capacetes, então novamente o Dragão branco acha os protagonistas. A cena de luta aqui é aterradora, com os fascistas atacando o Pacificador no chão e Eagly levando um golpe forte do nazista máster. A águia ferida é o suficiente para enfurecer o “herói” que vai te encontro ao seu pai, entretanto a armadura do Dragão é muito poderosa para o Pacificador lutar de frente. O discurso do nazista é de fato assustador, algo que conseguimos facilmente atribuir a personalidades famosas atuais, carregada de preconceito extremo a diversas vertentes, um nacionalismo doente que leva as massas a insanidade total e claro o moralismo religioso para ser algum tipo de desculpa para atos ignominiosos. Eu odeio o Dragão Branco com todas as forças, é o ser mais asqueroso que existe nesse universo estendido da DC, por isso eu acho maravilhoso que a maioria desses fascistas tenham morrido pela mão do Economos. O Vigilante também ajuda desativando o traje do nazista, abrindo a possibilidade do Pacificador de enfrentar o pai de igual para igual. As verdades que o Chris fala para seu pai são muito fortes, porém como alertei em reviews anteriores, este personagem está impossibilitado de qualquer crescimento. Quando Chris atira em seu pai finaliza esse arco odioso, finalmente ele pode crescer como personagem sem ter essa figura obscura o cercando.

Peacemaker Sims 4

Enquanto tudo isso acontecia tínhamos um segundo núcleo na história. Adebayo e Emília se confrontam por causa da armação da moça contra o Chris. A descoberta da Harcourt sobre a mãe da Adebayo me pegou de surpresa, eu imaginava que ela já soubesse desse detalhe da vida da novata, principalmente por ela ter descoberto a verdade sobre o líder da equipe. Murn chega após a discussão dizendo que eles precisam urgentemente fugir do local, os policiais que agora são borboletas provavelmente já estão a caminho. Infelizmente já era tarde demais, quando estavam preste a sair, Goff junto dos seus asseclas chegam para atacar Murn. Ele não tem a menor chance contra tantos policiais, quando morre a borboleta que estava dentro do agente sai, sendo morta em seguida pela líder dos aliens. Incrível como os realizadores conseguem dar uma profundidade para um personagem de CGI, eu realmente fiquei sentido quando Harcourt pega o Murn agonizando no chão, e mesmo que suas palavras sejam inaudíveis sabemos qual é seu último pedido. Neste momento há o retorno do Judô Master, uma cena praticamente perfeita de luta franca, os golpes que eles trocam são surreais, nada de porrada fofa nesta série. A luta vai escalando até que finalmente Adebayo utiliza seu taser para desmaiá-lo. Eu não acreditei em como a cena é bem coreografada, a Emília provavelmente é o membro mais perigoso desse grupo de desajustados, não é à toa que ela é premiada no final do episódio.

Peacemaker DC

Todos eles se encontram em um veterinário, pois Eagly estava muito ferida após o combate com o Dragão Branco. A cena em que o maluco do Vigilante está decidindo se mata ou não o veterinário e seus enfermeiros é hilária, principalmente quando temos a linha tênue que separa sua índole. Para matar tudo certo, mas para prender temos que usar uma fita especifica para não os machucar? É genial que esses diálogos pareçam tão naturais. Adebayo estava preste a desistir de tudo para voltar para sua esposa e ter uma vida normal, – tudo bem que isso não faz o mínimo sentido, uma vez que a dominação mundial das borboletas não vai permitir que elas tenham uma vida juntas – entretanto ao ver a cena emotiva do Pacificador com sua águia ela muda de ideia. Ela vê a Eagly abraçando seu dono, algo que ela julgava impossível quando o Chris conta sobre o fato no primeiro episódio, achando que isso é um sinal ela decide se manter com a equipe até matar a vaca.

Peacemaker

A cena final com a equipe elegendo um novo líder é perfeita. A Emília Harcourt era de fato a única escolha para substituir Murn, sendo provavelmente a personagem que mais se envolveu nessa história toda. Por mais que ela aparentasse frieza na maioria do tempo tudo, a personagem foi se mostrando muito mais emotiva do que podíamos prever. Ela sente verdadeiramente a morte do líder, mesmo possuindo pouco tempo de contato com a borboleta. Ela também consegue verdadeiramente se relacionar com o Pacificador e não da forma clichê de sempre, como um interesse amoroso qualquer, o fato dela estourar com a Adebayo no começo do capítulo por ter traído o Chris é prova suficiente. Eles se organizam para acabar logo com essa missão, uma história que parecia ser bem intimista agora possui uma escala de ameaça mundial, poderia muito bem ser uma crítica a produção, pois nas HQs membros do Esquadrão sempre foram designados para missões de baixo nível, missões que necessariamente deveriam ser conduzidas em sigilo, contudo nos filmes as missões sempre são grandes demais para personagens tão errados. O que aprendemos com o seriado é que mesmo o personagem mais desconhecido pode ter sucesso em um live action, claro que precisa de uma mente insana como a do James Gunn e o seu talento inexplicável de transformar personagens medíocres em minas de ouro. O Pacificador conseguiu queimar a minha língua e promete entregar um final espetacular, eu não me importaria se houvesse novas temporadas desse desajustado, talvez trazendo uma redenção para o “herói” em relação ao Esquadrão Suicida que ele traiu, acredito que um reencontro com o Sanguinário ou a Caça ratos 2 seria algo maravilhoso.

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