Star Wars – The Book of Boba Fett – Temporada 1: Um Segundo episódio digno dos melhores filmes de Fa

O estranhamento com o primeiro capítulo do livro de Boba Fett me causou a sensação de lentidão, isso claro pelos flashbacks intrusivos que vieram para ficar e o avanço mínimo que a série está tendo. Todavia o segundo episódio consegue ser bem melhor que o anterior, apesar de haver a mesma transição entre passado/presente, as interações são mais fluidas trazendo mais veracidade para a história contada. Acredito que a duração ter aumentado foi um dos fatores dessa melhoria, conseguimos ter um pequeno vislumbre das ameaças que cercam o protagonista no presente, para depois vermos toda a trajetória que ele teve ao lado do povo da areia.

Por mais que tenha melhorado, a minha opinião sobre os flashbacks é a mesma, pode se tornar muito monótono se isso se arrastar pelos cinco episódios restantes. Tenho que admitir que ver um “faroeste espacial”, com diversos elementos dos filmes deste gênero foi genial, tanto que o passado retratado do caçador foi muito divertido de assistir, ele ocupa grande parte do capítulo mantendo nossa atenção a cada segundo, porém saber dosar esse recurso também pode ser uma jogada de mestre. Novamente especulo que a necessidade de mais dois episódios nesse formato se faz necessária, para finalizar a jornada de crescimento do Boba com os Tusken, deixando então os três últimos capítulos para resolver os conflitos do presente.

Novamente iremos mudar a cronologia dos fatos para conseguir mais clareza nesta review. Exatamente como na primeira análise vamos começar pelos fatos do passado do protagonista. Tudo neste capítulo tem seu grau de importância, mesmo que algumas coisas pareçam apenas jogadas em tela. Essa impressão me atingiu ligeiramente e foi se esvaindo conforme os minutos passavam, pois foi genial como trabalharam o conceito de faroeste em Star Wars. Eu lembro como se fosse ontem minhas expectativas para “Han Solo – Uma história Star Wars”. Eu esperava justamente um thriller com pegadas de faroeste para homenagear esse gênero, mas o que foi entregue foi algo imprevisível. Pode até não ser a pior coisa do mundo, mas o filme do Han foi algo no mínimo mediano e olha que estou sendo bem generoso. Esses quarenta minutos do seriado só aumenta a sensação de oportunidade perdida de Han Solo, pois foi muito bom ver o treinamento do Boba e sua evolução até a tomada do trem Junto ao povo da areia.

Tudo começa exatamente onde parou, com o protagonista ganhando a confiança dos Tusken e passando por um treino com os bastões. Logo de cara a única coisa que passou na minha cabeça foi o episódio seis de Mandalorian. Para ser mais claro a cena em que Boba se revela para Din Djarin, a forma como o Boba massacra os Stormtroppers usando aquele bastão Tusken foi de arrepiar e agora sabemos como ele atingiu o ápice de maestria com a arma. Nada melhor que treinar com o chefe do bando para se tornar um mestre certo? Tudo se intensifica quando um trem próximo começa a alvejar os povos da areia para ter passagem livre, devido a isso Boba decide que precisa parar o trem, uma forma simbólica de mostrar gratidão ao povo que o acolheu. Existem diversas nuances nos momentos de interação entre eles, claro que os diálogos são na língua de sinais que para mim é excelente, mas a intenção de ajudar é que fica mais latente, parece primeiro que ele está fazendo isso apenas por obrigação, afinal de contas ele foi salvo por estes seres “primitivos”, no entanto com a evolução do episódio tudo indica uma verdadeira atitude altruísta e que combinaria bem com essa visão de anti-herói que querem para o personagem.

Esse anti-heroísmo fica explicito quando sozinho o protagonista salva um casal de uma gangue do deserto, depois claro eles tentam esconder esse ato de heroísmo como puro interesse do Caçador de recompensas, pois ele enfrentou a gangue visando roubar os speeders. A cena de ação aqui é alucinante, muito bem coreografada e chega a dar dó dos malfeitores. Foi o primeiro momento realmente inspirado em Faroestes que temos, o fato do estrangeiro estar entrando em uma taverna cheia de bandidos, na sequência enfrentá-los de frente sem temer e o dono do bar que nem muda sua expressão atrás do balcão, já que tais cenas devem ser muito corriqueiras. Após o roubo das speeders acompanhamos agora o ato inverso, dessa vez o Boba que está ensinado os Tusken a utilizar a tecnologia e técnicas de combate em alta velocidade. A forma como humanizaram os “selvagens” é primorosa, o motivo que funciona tão bem é porque demonstra que eles apenas possuem culturas distintas, a abordagem é perfeita já que a ignorância é um dos fatores de serem tão criminalizados.

A cena do trem foi a melhor coisa do episódio, a sensação de urgência e perigo aqui são reais e o pouco de trabalho feito com o povo da areia nos faz sentir as suas perdas no ataque. Assim como um bom faroeste o plano é bem simples, subir no trem com ele em movimento, incapacitar todos os guardas armados que aparecerem e pará-lo antes do destino final. Os objetivos também são explícitos, conseguir a carga que está sendo transportada e o respeito daqueles que a protegem. Desse modo o Boba consegue costurar um acordo para que seja pago um pedágio para os Tusken e finalmente ele conquista seu lugar junto ao povo da areia. Devo dizer que eu não esperava um flashback dentro de um flashback, mas que bom que aconteceu. A explicação para tal é de fato interessante, graças a um lagarto raro dos Tusken o protagonista sofre algumas alucinações que servem para guiá-lo, temos então várias cenas de momentos que ele viveu, desde criança vendo seu pai ir embora até o momento que foi engolido pelo Sarlacc. Tudo isso acontece para que o anti-herói consiga um pedaço de tronco para moldar seu próprio bastão Tusken, então podemos definir essa alucinação como um rito de passagem. Infelizmente a parte excelente do episódio termina aqui, pois as cenas no presente ficaram muito deslocadas quando olhamos o panorama do episódio.

No presente Fennec e Boba conseguem descobrir quem contratou os assassinos da Ordem do Vento Noturno, utilizando uma excelente estratégia de convencimento. Usão o poço de Rancor que Jabba utilizava contra seus inimigos, o assassino fica tão desesperado que acaba contando quem o envio, porém o poço estava vazio graças a mira perfeita de Luke Skywalker, que matou o Rancor no Retorno de Jedi. A visita ao prefeito foi bem anticlimática na verdade, rapidamente o político refuta as acusações de Boba, dizendo que não enviou o assassino e que o Vento Noturno não tem permissão de operar fora da área dos Hutts. Seus guardas então matam o prisioneiro e o prefeito resolve dar um conselho ao novo Daimyo, levando diretamente ao primeiro local de coleta do protagonista no primeiro episódio. Chegando lá, Boba tem o desprazer de descobrir que existem usurpadores tentados a tomar seu trono, os que se dizem donos do palácio de Jabba. Os gêmeos Hutt aparecem em sua liteira tentando impor sua vontade, claro que em vão, pois, o único mercenário que levaram não seria capaz de derrotar o grupo do Senhor do Crime de Tatooine. Aqui preciso dizer como fiquei surpreendido quando aquele Wookie apareceu, por mais que seja um easter egg para os fãs da saga, ver um Wookie diferente do Chewie acaba agregando a diversidade de criaturas da série. Claro que Star Wars sempre teve a proposta de apresentar seres diferentes, mas pela primeira vez veremos um Wookie ativo, diferente, que não será apenas um figurante e estará junto dos antagonistas. Enfim o conflito ficou explícito com a chegada dos gêmeos, eles enviaram o assassino e agora a verdadeira guerra do submundo vai começar.