Star Wars - The Book of Boba Fett - Temporada 1: Protagonista perdeu relevância na sua própria série

Antes de mais nada devo pontuar que eu amei o novo episódio, acho difícil existir fãs de Star Wars que não tenham gostado, entretanto existem algumas críticas pontuais sobre como ele está mal encaixado. Tanto o episódio anterior quanto ao atual poderiam ser facilmente episódios de Mandalorian, por causa disso foi a pior decisão de colocá-los em uma série spin-off do Boba Fett.

Digo isso com pesar, já que podemos observar como o caçador de recompensas tem sido coadjuvante – em um programa que leva o seu nome – não conseguindo emplacar uma boa sequência. Ambos episódios que empolgaram os fãs quase não tiveram participação do Daimyo, neste aqui ele aparece brevemente em seu conselho de guerra, o restante do tempo foi utilizado para desenvolver outras relações. Eu não sei como irão fechar tantas pontas solta faltando apenas um episódio, no mínimo season finale terá que possuir mais de uma hora, pois existem muitas perguntas sem explicações plausíveis.

Sempre que necessário eu preciso retomar um ponto importante em qualquer produção, uma história será boa na mesma proporção que seus personagens também sejam, ou seja, não interessa se há muito dinheiro envolvido, não importa se o mundo ficcional em que se passa é interessante, nem mesmo se a aventura proposta é envolvente, se os personagens não cativarem o público tudo isso será em vão. Existe produções muito aclamadas baseada em livros que não conseguiram o sucesso em live action ou até mesmo animes e jogos que falharam quando foram adaptados para filmes. Não era por que as histórias eram ruins, superestimadas nem nada do gênero, um dos motivos principais era o roteiro fraco no desenvolvimento desses protagonistas, incluindo talvez uma performance aquém do esperado pelos atores escalados. Acredito que Boba Fett não sofre desse problema, pois todos os personagens são carismáticos e conseguem cativar o público alvo. Eu comemorei quando revi Ashoka Tano interagindo com o Mandaloriano. Luke Skywalker é um monumento à parte desse universo, desde sua aparição que os fãs estão ávidos por mais. Cad Bane o caçador de recompensas é outra figura imponente, pela primeira vez em live action e o personagem já rouba os holofotes com tranquilidade. Contudo o personagem que mais precisava aparecer acaba apagado, Boba Fett infelizmente tem provado que é um excelente coadjuvante, talvez ter uma série só dele não tenha sido uma boa ideia.

Não sei se faltando apenas um episódio minha visão será completamente invertida, é fato que em alguns casos uma série consegue se superar, entretanto o final terá que ser no mínimo épico para termos essa mudança drástica. Por mais que eu não tenha detestado o seriado, eu acredito que ele não fez nada além do famoso feijão com arroz, não é ruim, porém é o básico do básico, quando ousou fazer algo além teve que buscar outros personagens para um pequeno crossover. Entenda que isso não é um demérito, se o universo é estendido e compartilhado é mais do que necessário tais aparições, mas elas não podem roubar o protagonismo do Boba Fett. Grande parte do capítulo é focado no treinamento do Grogu como o primeiro Padawan do Luke. Enquanto ele aprende os caminhos da força, o Din Djarin aguardava para presenteá-lo com o Beskar derretido no episódio anterior. Sempre é incrível ver as relações de Mestre Jedi e Padawan, não é à toa que as animações sempre foram um sucesso entre os fãs, graças a isso o episódio flui suavemente, em nenhum momento existe aquela sensação de cansaço, quando o episódio chega ao fim a sensação é que a duração foi muito curta. O melhor de tudo é a forma paciente que o episódio desenvolve a trama, lembrando muito alguns dos ensinamentos do finado mestre Yoda, com isso o pequeno Grogu mostra como ele é promissor como futuro Jedi, arrancando claro os suspiros da audiência pela fofura sincera que ele passa.

Outra personagem que fez uma nova aparição é Ashoka Tano, responsável por convencer o Madaloriano a não se encontrar com o pequeno. Ela possui alguns diálogos excelentes, a maioria deles nos puxam a nostalgia, gratificando os fãs que chegaram até aqui. Sua relação com Luke – filho do seu antigo mestre – nos mostra algo inédito, o mais notável é quando ela diz ao Jedi que ele se parece muito com o pai e acredite que ela não diz isso de forma negativa. Isso é uma extensão do Retorno de Jedi, quando o seu antigo mestre se fortalece graças ao filho e retorna a ser o honrado Anakin Skywalker, há tanto significado nesses pequenos diálogos que poderíamos discuti-los por horas. Após entregar o presente a Ashoka, Din Dajrin retorna a Tatooine para ajudar Boba na guerra contra o sindicato.

Novamente eu gosto desse pequeno conselho de guerra, a equipe está conseguindo aos poucos ganhar corpo, entretanto ainda é pouco para conseguir vencer um grupo poderoso como os Pykes. Então o Mandaloriano diz que pode conseguir reforços, ele irá buscar ajuda do Xerife de Mos Pelgo. O retorno de Cobb Vanth foi uma grata supresa, todavia ele não está tão empolgado em entrar em uma guerra, muito menos colocando sua vila no meio disso tudo. Porém o Mandaloriano possui um poder de convencimento muito forte e o Xerife sabe que se os Pykes vencerem as especiarias continuaram a ser contrabandeadas, então ele garante pelo menos tentar conseguir o apoio do povo do vilarejo.

Logo após a ida do Mando, Cobb Vanth recebe uma visita muito inesperada. Os fãs foram a loucura quando Cad Bane apareceu em live action, pela primeira vez o caçador de recompensa aparece fora das animações. Os fãs do universo estendido não poderiam ficar mais contentes, pois não existe falhas na aparição do caçador. O visual está impecável apesar de alguns acharem que a coloração da pele devia ser mais escura, eu acredito ser uma coisa tão banal que nem deveria ser uma questão. Tudo indica que a produção focou no realismo, para que a computação gráfica não destoasse do restante dos personagens, justamente por isso eu não vejo falhas na sua aparência e acho de muito mal gosto reclamarem sobre isso. Claro que a série tem altos e baixos, sendo que o maior erro é a falta de protagonismo do Boba Fett, todavia quando o programa focou em personagens do universo estendido ele não falhou. Cad Bane foi contratado pelo Sindicato Pyke para lutar contra a resistência de Boba Fett, em razão disso o mercenário se locomove até Mos Pelgo para dar um aviso, se os moradores aderirem a guerra eles não terão piedade alguma, uma clássica ameaça aos moldes de filmes de faroeste. Toda a cena é montada para homenagear esse tipo de filme, um típico duelo do lado de fora de uma taberna. No fim Cobb e seu ajudante são derrotados pelo Bane, não fica claro se ambos morreram no confronto, porém a probabilidade disso é ínfima, tudo indica que essa era a gota d’água para Mos Pelgo ingressar na guerra.

No fim o que mais esperamos acontece, após a conversa de Luke com Ashoka eu já previa o que estava por vir. Luke que pretende criar raízes com a mais nova escola Jedi dá a opção de escolha para Grogu, o jovem precisa decidir se quer ser treinado como Padawan ou voltar para o lado do seu amigo Mandaloriano. Eu acredito ser meio óbvio o que acontecerá, eu ficaria muito surpreso se a criança escolhesse o sabre de luz de Yoda. Esta questão nem é exclusivamente por causa da trama, claro que seria a forma mais fácil de explicar que Grogu não foi morto pelo Ben Solo anos depois, todavia é notório que a Disney quer vender brinquedos, não largando fácil a mina de ouro que Grogu é. Para criar novos produtos eles precisam que a criança seja regular na série do Mandaloriano, ou seja, precisamos de uma desculpa para desfazer o final da segunda temporada. Eu fico muito dividido com isso, por mais que eu goste do personagem ele teve seu arco concluído, podendo retornar anos depois um pouco mais velho, porém a história terá que ser um pouco sacrificada para a empresa lucrar mais. Realmente ambas as ideologias são opostas, entretanto já existiu um Mandaloriano que também era um Jedi, não consigo ver problemas em o pequeno ser ambas as coisas, afinal sabemos que existem aqueles que conseguem o equilíbrio entre o lado negro e luminoso da força. Agora há apenas um episódio para juntar todas as pontas soltas, não sei se a série terá a proeza de finalizar de forma satisfatória, entretanto algo só é impossível quando você acredita que é, apenas faça e entregue um final extasiante.