Star Wars - The Book of Boba Fett - temporada 1: O Mandaloriano entregou o melhor episódio do seriad

Como eu estou feliz com esse novo episódio, é muito difícil de explicar o quão satisfeito estou. A série do Boba possui um potencial absurdo que infelizmente não tem sido atingido. Muitas das coisas mostradas em tela eram monótonas. Mesmo que buscássemos virtudes os erros sempre se sobressaíam. É muito triste para um fã de Star Wars – principalmente um fã do Boba Fett – esperar tanto tempo e suas expectativas não serem atendidas. Continuo achando que existe um problema estrutural da empresa que produz o programa, pois a Disney precisa transformar vilões em anti-heróis. O maior mérito aqui foi a utilização correta de um caçador de recompensas, a cena de abertura é tudo que os fãs do Boba queriam que ele fizesse, porém coube ao Din Djarin entregar isso.

Volto a afirmar que a melhor coisa para o programa seria um “Game of Thrones” no espaço. Principalmente quando lembramos que o objeto de interesse do programa é o trono do Jabba. Seria até óbvio se inspirar pelo programa da concorrência, as diversas interações entre Boba e os “lordes” de Tatooine, com possibilidade de conflitos políticos e várias traições entre eles seria a fórmula mais bem-sucedida. Claro que o protagonista precisaria largar essa ideia de diplomacia, pois essa passividade do caçador não faz o menor sentido, sobretudo quando conhecemos o passado de Boba com os Tusken.

Simplesmente sensacional tudo que foi apresentado no quinto episódio da série. É até triste constatar que o melhor episódio foi aquele que não teve Boba Fett. O Mandaloriano conseguiu em quarenta e cinco minutos o que o Boba não fez até agora, empolgar o público fazendo-os esperar cada minuto pelo próximo episódio. A abertura é tudo que precisávamos, o Mandaloriano chegando para executar um contrato e tirando aquele Sabre Negro foi extasiante. A cena inteira é perfeita em todos os aspectos, até as pequenas nuances de como ele utiliza o Sabre, de forma meio desajeitada como se a arma fosse pesada demais.

O fato dele se ferir por causa da arma e matar todos na sala da forma mais violenta possível me surpreendeu, o fato de não ter sangue não suaviza a cena, pois ele corta seus inimigos ao meio e ainda arranca a cabeça do alvo que ele buscava. Parece que estou apenas glorificando a violência, porém não há sentido em trabalhar personagens tão dúbios sem esse recurso. Quando ele finaliza seu contrato e recebe pelos seus esforços o personagem volta a se reunir com o seu credo. Temos o retorno da Mandaloriana que forja as armaduras e de um Mandaloriano da casa Vizsla, este por sua vez fica muito tentado a ganhar o Sabre Negro de Din Djarin.

É impossível não gostar de cada uma das cenas do Din com seus parceiros de credo, até mesmo cenas que seriam monótonas tem suas virtudes. Eu adoro conhecer algo ao ponto de antecipar elementos, quando menos esperava percebi que estava questionando o motivo do Mandaloriano estar portando duas armas, não faria sentido ele manter o Sabre Negro e não derreter a lança de Beskar, afinal de contas “o Sabre é uma arma muito mais nobre para ser empunhada”. Essa foi a minha indagação, imagine a minha surpresa quando essas mesmas palavras foram ditas pela ferreira Mandaloriana. Claro que nunca pude imaginar que ele criaria algo para o Grogu, entretanto mal posso esperar para ver o pequenino utilizando Beskar.

Como já era previsto os guerreiros iriam disputar pela posse do Sabre Negro, uma arma que se pode ser transferida por combate, pois este é o caminho. A luta é tensa entre Din Djarin e o herdeiro de Vizsla, pela primeira vez – desde que o programa estreou – que eu senti ansiedade por um personagem, é angustiante a demora do combate e a possibilidade do Din perder sua arma. Ambos chegam a empunhar o sabre e ambos falham em dominá-lo da forma correta, essa nova dificuldade imposta a arma é muito interessante, pois indica que precisa de muito treinamento para utilizá-la no máximo de seu potencial, fazendo sentido que sejam armas populares apenas entre mestres Jedi e lordes Sith. Din Djarin vence o embate mantendo a arma em sua posse, porém precisa confessar que já retirou o seu capacete e para o grupo mais radical que faz parte isso significa que ele não é mais um Mandaloriano. Existem alguns detalhes na performance dos atores que preciso salientar, o Pedro Pascal está cada vez melhor no papel, conseguindo passar tudo que o personagem sente através da entonação da sua voz, seus parceiros de cena também conseguem isso, mas de uma forma mais mecânica. Graças a esse mérito do ator nós conseguimos ter empatia, sem necessariamente ver as expressões no rosto do caçador.

Ele então pergunta como poderia se redimir, no entanto é praticamente impossível já que precisa voltar a Mandalore e utilizar as aguas vivas das minas do planeta. Infelizmente Mandalore foi destroçada na noite das mil agulhas, quando invasores imperais decidiram atacar o planeta. Acredito que em algum momento o Din Djarin voltará para Mandalore, inclusive poderia ser o foco de uma terceira temporada, mas não veremos isso agora. O Mandaloriano decide voltar a Tatooine em busca de uma nave, mais especificamente de uma nova Razor Crest. Vemos que nem mesmo o caçador escapa da burocracia para viajar no transporte público, tendo que “despachar” as armas para poder embarcar para Tatooine. Chegando ao planeta reencontramos a mecânica mais carismática de Tatooine, ela possui uma nave para o Din, mas não era exatamente o que ele estava buscando. Ela conseguiu recuperar um caça estelar N-1 da guarda real de Naboo, uma nave completamente destroçada, mas que se consertada terá o seu valor. O restante do capítulo se resume a isso, eles trabalhando no conserta do caça e tenha certeza que não tem nada de chato nisso, pelo contrário na verdade, surpreende como esse processo é fluido, divertido e satisfatório. Quando a nave está pronta para voar ainda recebemos com recompensa um foreshadowing, pois com certeza veremos o pequeno Grogu sentado no local reservado do astro mecânico.

Sim a nave é perfeita para o Mandaloriano em todos os aspectos exceto em relação a carga, mas tenho certeza que ele vai resolver esse problema, talvez priorizando levar seus alvos frios ao invés de quentes. O teste drive da nave também empolga, realmente ela é muito mais veloz do que ele poderia prever e o caçador demonstra como é um grande piloto ao se aventurar pelos cânions do planeta desértico. As cenas são lindas e bem finalizadas principalmente quando ele decide sair da atmosfera, não existem defeitos técnicos em nenhum segundo desse episódio. O roteiro também é impecável, pois é envolvente do início ao fim, não sentimos em nenhum momento o tempo passar, o capítulo é puro entretenimento para os fãs da saga e acaba servindo de prévia para a terceira temporada do Mandaloriano. No fim voltamos a encontrar os patrulheiros da nova república, que coincidentemente sempre abordam o Din Djarin. Sim, eles são como uma blitz espacial que fica procurando detratores, a reação do personagem ao ser abordado é ótima e rende algumas boas piadas, no fim ele foge para não precisar responder a algumas perguntas. A aparição da Fennec termina por coroar esse maravilhoso capítulo, pois assim temos certeza que o Mandaloriano irá voltar para a Guerra no planeta. Eu adoro a Ming-Na Wen, inclusive acho que ela tem sido melhor utilizada do que o protagonista, quando ela aparece para contratar o caçador é de certa forma recompensador. Como eu disse no começa da review, finalmente temos algo empolgante para ficarmos ansiosos, provavelmente o seriado engrenou de vez.