Rick and Morty - temporada 5: A temporada mais insana e polêmica de todas

Rick and Morty se tornou um dos seriados para maiores de idade mais aclamados dos últimos anos, as explicações para terem se tornado esse fenômeno são inúmeras, desde seu humor negro pesadíssimo até a abordagem Sci-fi que ele propõe. De fato, os realizadores não têm medo de tocar em assuntos polêmicos e fazem piada da bizarrice que o mundo se tornou.

Outro fator interessante que agrega ao seriado é a dublagem, ela consegue manter a qualidade, os dubladores brasileiros possuem vozes muito parecida com as originais e as piadas “americanas” que se perdem na tradução são muito bem adaptadas para o nosso país. Independente de escolher assistir a versão original ou dublada, você se divertirá loucamente com as paródias que foram apresentadas nesta quinta temporada, a arte de pegar filmes e séries muito populares, invertendo nossas expectativas com o que já vimos e como eles adaptaram essas cenas icônicas é simplesmente hilariante.

Esta quinta temporada prometia muito ser um divisor de águas, muitos acreditavam que finalmente teríamos as respostas daqueles singelos capítulos que eram mais canônicos e não apenas episódicos. Claro que não tínhamos nada nas prévias que sugerisse isso, mas sempre temos as teorias dos fãs para nos embasar, uma que tem se provado verdadeira é que todas as temporadas ímpares têm a participação do “Evil Morty”, um personagem apresentado na primeira temporada que carrega o maior mistério do seriado. Acredito que os oito capítulos aqui mantiveram o padrão episódico com pouca influência entre eles, entretanto alguns pequenos detalhes foram importantes para a sequência da série, ocasionando algumas mudanças importantes para os personagens.

EP 1 :: Mort Dinner Rick Andre

A abertura do quinto ano não poderia ter sido melhor. Começa com o Rick sendo salvo pelo Morty após alguma de suas aventuras dar muito errado, entretanto a fuga dos protagonistas é desastrosa e eles não possuíam nenhuma esperança de saírem vivos. Devido a morte iminente Morty liga para Jéssica para se declarar recebendo um sinal claro da moça que ceitaria ter um encontro com ele numa boa, esse foi o incentivo certo para o Morty impedir a queda da nave e pousar no mar. O problema disso tudo é que conhecemos o arqui-inimigo do Rick, o Sr. Resplendor, uma clara paródia ao Aquaman que é genial. O Rick fere o acordo de ficar fora do mar e por isso vai ter que lidar com seu nemesis. Enquanto o Rick prepara um jantar para receber o antigo rival, Morty se concentra no seu encontro com a Jéssica. A parte genial do capítulo é a forma como o Rick envelhece seu vinho, ele utiliza um portal especifico onde o tempo passa mais rápido. Acontece que quando o Morty deixa o aldeão ajuda-lo a carregar a caixa pelo portal, ele acaba ficando tempo demais na garagem do Morty, quando volta ele encontra o corpo de sua esposa e seu filho crescido que o mata por ele ter abandonado a sua família. O Morty acaba se tornando o inimigo máximo desse universo que passam a se preparar sempre para o retorno do destruidor. É difícil elencar todos os acertos desse capítulo, a relação do Rick com o Resplendor é muito engraçada, principalmente o fato dele estar convidados os pais o Morty para um ménage. O Morty se esforçando ao máximo para agradar a Jéssica e tendo que lidar com os inimigos que ele criou no outro mundo é simplesmente sensacional e o final era tudo que ele precisava para superar de vez esse crush adolescente. Acredito que daqui para a frente a paixonite do Morty pela Jéssica não terá mais relevância para o seriado.

EP 2 :: Mortiplicity

O segundo episódio pode ser definido como o verdadeiro caos, o mais irônico é que o pandemônio que ocorre aqui é justamente pelo Rick se preocupar com a sua família. Ele cria o que chama de “iscas” para serem atacados por inimigos primeiro, protegendo-os de um primeiro ataque e os alertando do perigo. A piada aqui é que as iscas, que são cópias programadas para não saberem que são cópias, acabam criando novas iscas pelo mesmo motivos, tornado isso um ciclo absurdo onde não tem como saber qual é a família verdadeira. Isso ocasiona uma Guerra entre as famílias, o capítulo é cheia de referências engraçadas, seja a episódios passados, a séries populares como Westworld e a filmes como Blade Runner, Highlander e Ex-machina. É divertido constatar que até mesmo quando o Rick quer ser responsável, ele consegue fazer o completo oposto. Também é importante destacar discussões filosóficas como “o que é de fato a vida?” ou discussões como o criacionismo, tese adotada pela maioria das religiões pelo mundo.

EP 3 :: A Rickconvenient Mort

O terceiro episódio foi uma surpresa absurda, a história aqui se divide em duas frentes, o Morty que se apaixona por uma super-heroína chamada Planetina. Sim ela é uma paródia do Capitão Planeta e também é invocada por adolescentes que possuem anéis de poder para proteger o meio ambiente. Enquanto isso o Rick e Summer vão curtir um tipo de “Lollapalooza” dos apocalipses, onde acontecem festas regadas a álcool e orgias justamente por estarem próximo do extermínio. Este capítulo só consegue ter o peso necessário graças ao final do primeiro capítulo, no momento em que Morty supera seu relacionamento com a Jéssica. Aqui temos uma história de amor muito bem contada, infelizmente o final é bem depressivo, pois, tudo que o Morty fez para estar com a Planetina não foi o suficiente. Quando ela não consegue ver uma forma não violenta de salvar a humanidade o relacionamento deles desmorona. Já o Rick que a princípio queria apenas uma festa escapista, acaba se apaixonando por uma alien que o estava usando para escapar do apocalipse do próprio planeta. Este episódio define que o padrão da temporada é falar sobre a complexidade da existência em si, os diversos tabus que regem nossa vida, seja na forma religiosa, científica ou política. Cada vez mais vemos o Morty conseguindo uma certa independência, inclusive a importância do Morty C-137 para a temporada seis deve ser substancial para lidarem com as consequências do último capítulo.

EP 4 :: Rickdependence Spray

Eu nem sei o que dizer do quarto capítulo, exatamente como os anteriores foi um episódio hilário, entretanto de longe foi o episódio mais polêmico da temporada. Esse capítulo ataca fortemente as convicções cristãs sobre aborto, utilizando um paradoxo capaz de bugar a cabeça do mais ardoroso católico americano. Tudo começa quando o Morty se interessa por uma máquina de masturbação de cavalos do consultório da sua mãe, ele passa utilizar essa máquina para conseguir satisfação sexual, porém tudo dá errado quando Rick pega um dos recipientes de esperma equino, para criar uma arma biológica contra um povo híbrido que vive no subsolo. Como havia esperma humano no recipiente o Rick acaba criando Espermatozoides carnívoros e gigantes e deve ajudar o governo americano para resolver esse problema que ele mesmo criou. Todo o capítulo gira em torno do Morty tentando não contar que tudo deu errado por que ele usava a máquina para se masturbar e isso gera cenas muito engraçadas com um pouco de vergonha alheia ao decorrer do episódio. O final que gera o momento mais polêmico. O governo americano rouba a ideia da Summer de fazer um óvulo gigante, para atrair as criaturas. Eles utilizam um dos óvulos da irmã do Morty para criar essa armadilha, todavia o plano muda quando descobrem que os espermatozoides eram do Morty, se seguissem com esse plano eles criariam um bebê incestuoso gigante. Apesar de todos os esforços uma das criaturas entra no óvulo. Summer até tenta explodir o óvulo fecundado com uma bazuca, mas é impedida pelo presidente Americano que diz: “Aquilo é uma vida humana e estamos em época de eleição”. Sim, em tese, Morty e Summer tiveram um filho juntos. O Paradoxo é que ambas as decisões seriam um pecado, tanto o incesto quanto o aborto são condenáveis pela religião judaica cristã, então qual atitude tomar? Destruir o óvulo ou deixar que o bebê incestuoso vivo?

Os quatros primeiros capítulos simplesmente foram sensacionais, a importância deles compõe aos poucos a personalidade familiar do Rick e trabalham a independência do Morty do próprio avô. O seriado não tem medo de ser polêmico, em vários momentos eles trabalham tabus e estereótipos diversos. Como anteriormente mencionado a review foi dividida em três partes, continue lendo a parte 2 da nossa review com spolers da quinta temporada de Rick and Morty. você pode conferir o trailer da quinta temporada abaixo