TITANS – Temporada 3: A série caminha a passos largos para o cancelamento

Quando a série estreou três anos atrás devo dizer que eu era um dos céticos de que algo bom fosse sair desse projeto, os trailers não me agradaram tanto, uma violência gratuita demais que caracterizava o projeto com uma classificação mais alta do que precisava e algumas escolhas criativas me incomodavam muito como por exemplo, não termos um Mutano verde ou uma Estelar laranja o tempo inteiro. E não era nenhuma babaquice racista que víamos por aí na internet, a atriz Anna Diop é uma das melhores coisas do seriado sendo a minha única crítica o erro de caracterização da personagem.

Tudo indicava que estas escolhas estavam alinhadas aos filmes sombrios e realistas que eram ovacionados pelos fãs da DC naquele momento. Conforme fui assistindo aos episódios passei a gostar de cada um deles, existia sim alguns tropeços, entretanto nada que fizesse eu não aproveitar a história que estava sendo contada, até que tivemos aquele final inconclusivo que me deixou com um profundo ódio da série. Aquilo foi algo baixo demais para se fazer, pareciam que precisavam de algum cliffhanger no fim para nos induzir a assistir a segunda temporada, mas surtiu como efeito contrário já que a história não tinha tido uma conclusão.

Após os fãs ficarem putos com o desfecho da primeira temporada, os realizadores vieram com algum tipo de desculpa rasteira dizendo que não conseguiram finalizar a temporada e por isso o primeiro episódio da segunda iria nos contar o que diabos aconteceu com o vilão Trigon e sua filha Ravena. Como um fã besta que sou, resolvi dar uma segunda chance a série. O primeiro capítulo foi satisfatório e acabou com uma aparição do Exterminador, o que me fez pensar se realmente eles não acreditaram que a aparição de Slade Wilson não venderia automaticamente a segunda temporada para os fãs...

E novamente a segunda temporada ia crescendo em qualidade até chegarmos no último episódio chamado “Nightwing” que me fez ter o mesmo ataque de raivas que o último da primeira temporada. Desta vez a conclusão da temporada existiu, todavia, a morte da Moça Maravilha me fez berrar para a tela do computador, ela morre eletrocutada por uma torre de transmissão danificada que estava caindo nos civis sendo que ali havia o Superboy que poderia muito bem ter feito o ato heroico sem morrer. Imagina a minha animação para assistir a terceira temporada?!

Reiterando o fã besta que sou, voltei para a terceira temporada esperando receber exatamente a mesma experiência que tive com as duas primeiras, entretanto fui surpreendido com o primeiro episódio da terceira chamado “Bárbara Gordon”. A série retorna da pior forma possível, o episódio é horrível e doeu assisti-lo. O capítulo se inicia com Jason rastreando o Coringa por Gotham e avisando ao Bruce onde ele se encontra. Ele avisa ao jovem Robin que vai demorar a chegar na cidade, por isso ele deve esperá-lo para irem atrás do palhaço do crime juntos. Como o Jason é impulsivo e egocêntrico ele vai atrás do vilão sozinho e acaba morto da mesma forma que acontece nas HQs.

Logo neste início as coisas já não fazem o menor sentido, primeiro a forma como ele é subjugado pelo vilão é cuspir na cara daqueles que acompanham o programa desde o início. Nós vimos o Robin destruir alguns oponentes de forma brutal, a cena da primeira temporada em que ataca policiais armados sem misericórdia é uma das melhores coreografias de luta da série. Sério mesmo que ele entra pelo portão da frente e é derrotado pelo coringa daquele jeito? Enfim, ele morre só para termos uma abertura para que possamos ver o Capuz Vermelho em um futuro próximo. Logo após esse início ridículo temos o melhor momento do capítulo, uma cena genuína dos titãs impedindo um vilão de roubar uma arma química. Eles lutando juntos foi a única coisa que realmente me agradou. O Asa Noturna possui de longe as melhores coreografias de luta seguido de perto pelo Mutano. Gosto também como aproveitam os poderes da Estelar e do Superboy, e até mesmo o Krypto possui uma pontinha legal nesta introdução da equipe. Uma observação interessante é o novo uniforme da Kory, ele possui cores mais vibrantes que adquirem tons de roxos quando seus poderes se manifestam.

Infelizmente depois disso o capítulo cai vertiginosamente de qualidade, eu me perguntava o por quê de ninguém estar comentado sobre a volta da série e agora sei a resposta. Tudo parece ser tão superficial, o Bruce Wayne principalmente, ele perde o “filho” morto por um psicopata e age como se fosse uma segunda-feira qualquer. Logo após o Dick chegar a mansão eles não conseguem ter um diálogo minimamente coerente com os fatos. Logo após constatar que o Bruce não está lidando bem com o luto, Dick decide procurar ajuda, então procura a comissária de polícia Bárbara Gordon na cena de um crime do mais novo serial Killer de Gotham, então me pergunto como os roteiristas acharam que isso seria uma boa ideia... Ao menos fizesse que ele aparecesse com o uniforme falando para a Ex-Batgirl que está investigando a morte de Robin e que o Bruce precisa de todos para superar esta perda, mas não, eles realmente estão conversando enquanto a equipe forense coleta as provas deixadas no local.

Tudo já estava caminhando errado, o Batman não é nem de longe uma boa adaptação nesse programa, tanto que todas as grosserias que a Bárbara e o Dick falam sobre ele são fatos nessa série, ele estar escolhendo um substituto para o Jason antes do corpo do garoto nem ter esfriado é de uma falta de humanidade gigantesca. Sinceramente não consigo imaginar um Batman que luta por um mundo melhor ser tão desumanizado quanto seus próprios vilões, e apesar de tudo que a comissária falou sobre o bilionário ser verdade ela não deixa de ser insuportável. O que fizeram com a oráculo nessa adaptação é um ataque a qualquer um que goste da heroína, o roteiro é péssimo e tira qualquer possibilidade da atriz tentar dar algum carisma para a personagem. Uma das melhores qualidades da personagem é justamente sua empatia e senso de justiça, ela usou uma capa quando precisou usar, mesmo sendo aleijada pelo Coringa ela não deixou de lutar pelos seus ideais. Neste caso ela é apenas uma mulher razinza que está revoltada porque o pai morreu em uma luta contra o Mr. Freeze, e culpa o Bruce por isso.

Neste momento eu já estava me perguntando se isso era uma série dos Titãs ou uma versão piorada de um reality show da vida da Bat-família. O fim só deixa tudo pior, após descobrir que o Bruce está procurando outro Robin, o Asa Noturna se enfurece com ele culpando-o pela morte de Jason, isso acaba levando o Batman a invadir o Arkham e matar o vilão usando o mesmo pé de cabra. Eu nem sei o que dizer mais, essa série está indo para caminhos que não fazem o menor sentido. Como o Capuz Vermelho vai surgir se a motivação do vilão foi justamente o Batman não ter vingado a sua morte?

Existem também duas cenas que traz a esperança de ver o Mutano se transformando em outros animais além do Tigre, e a Kory que está tendo algum tipo de alucinação realista que provavelmente será o mistério a ser solucionado nesta temporada. No mais, espero que esta temporada faça o oposto das últimas duas e que melhore ao ponto do final não me fazer sentir raiva de novo.