TITANS – Temporada 3: O passado delinquente e sombrio da Batgirl?

Uma das maiores virtudes da equipe dos Jovens Titãns que conhecemos das HQs de certo é a empatia, um dos arcos mais marcantes dos heróis é com certeza o Contrato de Judas que na época definiu novos rumos para os personagens que sofreram uma forte traição. O que mais falta neste seriado é justamente resgatar aquele cerne das aventuras dos Titãs, eles estão tomando muitas liberdades criativas sem conseguir de fato criar algo interessante.

Um dos primeiros elogios que o seriado ganhou quando saiu o primeiro trailer era ser um programa baseado em HQs sem ter medo de parecer um programa baseado em HQs. Apesar da fotografia fria e realista, os uniformes estavam perfeitamente fiéis, a ação estava impecável e tem até o Krypto - o supercão sendo um membro da equipe. Temos que lembrar que a Patrulha do Destino se originou da primeira temporada do seriado e conseguiu sucesso onde os TITANS tem falhado. Continuo afirmando que a falta da Rachel e da Donna Troy tem sido catastrófica para o decorrer da série, inclusive, cadê a participação da Rose Wilson que teve todo um arco com o Jason Todd e também tem sido esquecida completamente? Apesar de novamente termos várias incoerências nas atitudes de alguns personagens, o capítulo acerta perfeitamente quando desenvolve os titãs e o Capuz Vermelho.

A abertura do episódio surpreende bastante ao apresentar uma nova vilã que está indo em direção de Gotham, a Lady Vic se mostra cruel e implacável em sua primeira aparição em live action. Após se incomodar com um casal de policiais que em público estão mostrando seu afeto um pelo outro, a vilã mata ambos após planejar cuidadosamente o ataque. Uma bela introdução para uma personagem que promete tornar a vida dos Titãs um inferno. Logo após temos uma interação hilária da Estrela Negra quando ela encontra a equipe de Kory na mansão Wayne, apesar de ainda ter aparecido pouco nesta temporada a personagem mostra um potencial gigantesco de roubar a cena em um futuro breve. Aqui temos o primeiro erro absurdo do capítulo que me fez perguntar o porquê dos roteiristas sempre se esforçarem para estragar um membro da Bat-família.

Temos o Robin tentando impedir uma ladra de roubar um vaso valioso, no entanto ele não consegue vencê-la com os punhos e só não é derrotado pois a ladra era a Bárbara Gordon. Eles simplesmente pegaram a personagem mais idealista e justa da Bat-família para torná-la uma ladra nos moldes da Selina Kyle. Não existia nenhum motivo nobre nos assaltos da Bárbara, ela não era um tipo de “Carmén Sandiego” que rouba antes para impedir os verdadeiros bandidos de agir e melhorar os sistemas de segurança. Tudo indica que ela faz isso por diversão e ganhos pessoais mesmo, e ainda leva o Dick Grayson a ajudá-la nos assaltos. Eu não estava acreditando no que eles estavam fazendo com dois dos melhores personagens do seriado até então. Não aprovei a primeira abordagem da ex-Batgirl por ser muito indelicada com o Bruce que havia acabado de enterrar seu filho e também detesto esse background criminoso que fizeram com a personagem aqui, todavia eles haviam encontrado um tom perfeito da Bárbara que foi muito enfraquecida devido a essa vida pregressa de crimes da comissária de polícia.

Felizmente essa parte desastrosa é a única coisa que realmente me incomodou, todo o resto foi muito bem trabalhado. A forma como o Espantalho humilha o Capuz Vermelho ao mostrar que ele é dispensável foi a cereja do bolo para liberar o vilão a seguir seus próprios caminhos. Descobrimos que a Lady Vic foi chamada pelo Crane para roubar uma tecnologia de dispersão de químicos presente no hospital de Gotham e servir de exemplo para o Jason, o que não falta em Gotham são psicopatas mentalmente insanos para tomar o seu lugar. Com isso ele decide roubar o gás do anti-medo do vilão e começa a distribuir para alguns capangas criarem o caos na cidade em seu nome. Aparentemente ele não verá mais o Espantalho como seu novo professor, tudo o que ele quer é independência podendo ser um problema para o Jonathan Crane. As ações do Jason acarretam a morte do pai do Tim Drake que provavelmente será o estopim para termos o Robin Vermelho ganhando vida nos próximos episódios. Espero que acertem esse personagem de primeira.

Já no núcleo dos Titãs temos as investigações sobre o ataque ao hospital de Gotham pela Lady Vic. Tudo aqui me salta aos olhos em termos de qualidade narrativa, todas as interações entre os heróis são ótimas. A forma como o Gar fica revoltado com o Dick por ele ter ido atrás do Jason sozinho é impecável. É um fato que o Mutano é o único Titã que preza pela equipe acima de tudo, todos os outros tentam resolver os problemas sozinhos acabando sempre em fracasso. Todas as vitórias que eles obtiveram até aqui foi como uma equipe. A forma como os heróis se acertam é muito interessante, eles passam a analisar os áudios da noite do crime no hospital com o Mutano ajudando o Asa Noturna simulando os golpes de espada que a vilã executou em suas vítimas. Assim eles conseguem descobrir a identidade da Lady Vic e descobrimos que eles já têm um passado conturbado, pois em um dos assaltos do Dick com a Bárbara eles encontraram a assassina que na época cometia crimes com seu namorado. Tudo termina muito rápido com a morte do affair da vilã ocasionada pela intervenção da Bárbara, por este fato é que ela possui um tremendo ódio por casais, desejando muito ter sua vingança contra a ex-heroína.

Temos uma breve cena da comissária enfrentando a Lady Vic após ser atraída para uma armadilha. Fiquei impressionado como ela, mesmo na cadeira de rodas, consegue enfrentar a psicopata das lâminas. Ainda não sei se acho forçada esta cena, ou se gosto realmente, já que foi muito bem coreografada... a sensação que fica é que a Bárbara deveria ter sucumbido para a vilã neste momento. Já vimos ela acertar lâminas em outras vítimas com uma precisão absurda, e ao usar uma granada de luz ela teve o momento oportuno de finalizar a pessoa que ela culpa por ter perdido o namorado. Todavia, aparentemente a morte da comissária seria apenas um bônus já que o Espantalho queria na verdade uma foto do rosto da moça.

Em um outro núcleo, Estelar, Superboy e Estrela Negra possuem tempo em tela preciosa para desenvolver a relação das irmãs e das habilidades híbridas do Connor. Eles descobrem a localização da inventora da máquina que foi roubada, devido ao estranhamento do local onde ela se encontra, isso faz com que os heróis se desloquem para investigar. Dessa vez o Superboy consegue salvar a vítima que estava com a mesma bomba que matou o Hank, enquanto isso a Estrela Negra foge para conseguir informações do submundo do crime de Gotham. Eu adoro a forma como os realizadores tem trabalhado a irmã da Kory, somada com a grande atuação da Damaris Lewis. A possibilidade de uma anti-heroína estar nascendo nesse seriado é muito grande, em nenhum momento a tamaraniana fica sem impor respeito, e suas convicções mostrando quem ela é possui muito mais camadas do que éramos levados a crer em episódios passados. Pela segunda vez na temporada eu estou ansioso pelo lançamento do próximo capítulo de TITANS.