TITANS – Temporada 3: Seriado acerta o tom prometendo um final satisfatório

O oitavo episódio foi focado quase que exclusivamente na Bat-família e como o universo da Batman está aumentado dentro do seriado, eu só posso acreditar que essa temporada será um tipo de spin-off parecido com o que ocorreu com Patrulha do Destino, a diferença é claro que a Patrulha foi apresentada em apenas um episódio ganhando sua série exclusiva tempos depois. A primeira temporada foi completamente focada na vida da Rachel e do pai demoníaco dela, como a série dos Titãs precisava de um empurrão inicial esse foco exclusivo em uma personagem não foi um problema.

A segunda temporada decidiu ser sobre os antagonistas, então o Exterminador foi o centro de toda a trama e por causa disso a qualidade do seriado se elevou. Eu acredito que a série ganhou muito quando os personagens passaram a ser uma família, entretanto tudo foi jogado no lixo após a morte da Donna Troy que veio do nada e nos levou para lugar nenhum. Nessa terceira temporada a ausência desses heróis têm feito muita diferença, tudo foi desmontado para ser rearranjado nessa temporada e os rumos escolhidos pelos roteiristas não tem sido os melhores até então.

O episódio começa se esforçando em criar um ambiente de redenção para o Capuz vermelho, a conversa entre Gar e Molly é uma troca de informações entre duas pessoas que querem verdadeiramente proteger o amigo que se perdeu. A Molly nunca entendeu o por que dá transformação drástica que o Jason passou, claro que ela nunca soube sua identidade de vigilante, entretanto não estava tão difícil juntar a mais b quando um Titã bate na sua porta. O Gar tem uma visão diferente dos seus companheiros de equipe, até então algo não me parecia certo nessa obsessão do rapaz em trazer de volta o ex-Titã, contudo a explicação foi um primor do roteiro, que olhou para decisões anteriores para compor uma nova camada na personalidade do Mutano. Em todas as reviews do site, sempre damos ênfase como a série melhora quando se trata dos personagens que dão nome a ela, isto é, toda vez que os Titãs perdem espaço para o desenvolvimento da Bat-família a qualidade narrativa cai vertiginosamente. É fato que a Bárbara Gordon melhorou muito desde a sua apresentação, no entanto sua participação tem sido mais recorrente do que os próprios heróis e isso é um erro para o desenvolvimento da equipe, personagens foram cortados bruscamente dessa nova temporada para dar espaço a este universo único de Gotham.

Após vermos o Bat sinal iluminar as noites de Gotham com um luminoso T de Titãs, conhecemos o outro lado da comissária de polícia, aquele lado divertido, mais descontraído prestes a passar uma noite em uma "festa" para confraternizar com os políticos de Gotham. O que eu não entendi bem é como ela poderia levar o Dick como seu par, inclusive a pergunta que foi deixada de lado é como o personagem não foi preso por obstrução da justiça? Lembro-me bem que no episódio quatro, Estrela Negra, ele sem estar vestido como Asa Noturna deu uma surra em alguns policiais e sequestrou um prisioneiro que estava sendo transferido, erros passados que voltam a atacar minha suspensão de descrença, pode ser algo que não incomode a maioria, mas definitivamente me deixa muito incomodado. Enfim eles estavam se preparando para a festa quando de repente Tim Drake bate na porta da Mansão Wayne, sendo atendido pelo Dick apenas quando ele informa que sabe que ele foi o Robin. Admito que este personagem foi um dos destaques neste episódio, seu poder de dedução e raciocínio lógico deixou todos os Robins da série parecendo incompetentes. Quando o personagem é bem escrito é outra coisa, ele não só fala que sabe da identidade secreta dos heróis, ele faz questão de explicar como ele chegou naquela conclusão. Claro que o Dick é obrigado a fingir-se de bobo para não admitir que o rapaz estava certo, o que me incomoda é como o herói age de maneira irresponsável para manter essa mentira, devido as suas ações eu culpo sim o Asa noturna pelo desfecho surpreendente do final do capítulo.

A principal informação dada pelo garoto ao Titã é que ele acreditava que Jason Todd era o segundo Robin, aquele que morreu em uma emboscada do Coringa, mas ele havia visto o jovem pouco antes do seu pai ser baleado. Desse modo o Asa Noturna decide cancelar sua noite com a Bárbara e pedi-la para usar um rastreamento através dos trejeitos do rapaz ao andar, rapidamente eles constatam q veracidade na informação do Tim, utilizando então esse recurso para rastrear a atual localização do vilão. O Jason passa a perambular pelas ruas depois de espancar o Espantalho, o que ele realmente queria era finalizar essa parceria, aparentemente, após passar a abstinência, ele começa a raciocinar mais claramente entendendo que ele é apenas uma marionete. Quando o Dick encontra o Jason ele acaba sofrendo um acidente de motocicleta, o Jason o deixa caído na rua até a chegada do socorro, mas é fato que ele poderia ter matado o herói caso assim desejasse.

Essa parte sobre a emancipação do Jason do Espantalho e as atitudes do Dick dividem muito a minha opinião. O Capuz vermelho/Jason Todd está passando quase que sem defeitos desde que foi apresentado, algumas vezes a personalidade é irritante, mas é do cerne do personagem ser meio insuportável mesmo, então no fim eles estão sendo minimamente fieis ao material fonte. O mesmo eu não posso falar do Dick, ele tem testado minha paciência essa temporada, uma pena pois era um dos melhores da segunda temporada. A pergunta que ficou martelando na minha cabeça era: qual o motivo para não terem utilizado esse rastreador de movimentos no momento em que descobriram a identidade do Capuz? Novamente a minha suspenção de descrença teve que ser acionada ao máximo.

A partir do momento do acidente a série se transforma positivamente em uma psicanalise da saúde mental dos personagens que estamos acompanhando, o Dick passa a sofrer com alucinações de quando era criança, alguns dos seus medos também vem à tona. A Kory continua tendo problemas com sonambulismo, sem entender qual é a mensagem que querem passar para ela. O Jason sofre com o arrependimento de ter matado o Hank e procura uma forma bizarra para despejar essa magoa consigo mesmo. E por fim o Espantalho busca a ajuda da sua mãe que é psicóloga, o ator entrega uma performance excelente, realmente a loucura do personagem é perfeitamente traduzida nesta cena.

Como sempre a equipe sempre se divide para conseguir cobrir mais terreno, neste caso o Asa Noturna é convidado pelo Capuz a se encontrarem nos tuneis para conversarem, por outra frente Superboy e Estrela Negra tentam ajudar a Kory a entender os sinais que tem recebido. Neste momento do capítulo eu só tenho elogios a fazer, a Estrela Negra é uma das melhores personagens da temporada, a relação amorosa dela com o Superboy tem sido gradual e satisfatória. Infelizmente continuamos sem respostas para as alucinações da Estelar, talvez este será o plot que levará a série paa a quarta temporada.

Em relação ao encontro dos Robins também não tenho críticas a fazer, a única coisa que poderia ser um empecilho era justamente essa rápida redenção do Capuz, porém como eu já disse antes o primor do roteiro corrige o que seria uma falha narrativa. A possibilidade do perdão do Jason não é algo absurdo, já que o próprio Gar passou pelo mesmo no final da temporada anterior e foi perdoado sumariamente por todos os integrantes. É aqui que o episódio termina por ganhar meu apreço, pois finalmente os roteiristas se atentam ao que foi apresentado até o momento e utilizam isso em favor da temporada.

O final também foi surpreendente, devido a irresponsabilidade do Dick em lidar com a presença do Tim Drake, o rapaz acaba querendo se provar para o herói aceita-lo como o mais novo Robin da equipe, por isso ele segue o Capuz Vermelho e encontra cara a cara com o Espantalho que atira nas costas do Jovem. O primeiro a encontrar o garoto ferido é justamente o Jason, que foge do local quando os Titãs se aproximam, a probabilidade de culparem ele em um primeiro momento é grande, mas não deve se sustentar por muito tempo já que o garoto irá revelar que não foi culpa do antigo Robin. Tudo termina com uma explosão gigantesca causada pela Kory, o Crane sabia que para abrir a rede de tratamento de agua precisaria de um poder de fogo concentrado, desse modo ele consegue fazer com que a heroína utilize seus poderes e dissemine a sua droga do medo em Gotham. Tudo termina com o sinal dos Titans em um tom vermelho e provavelmente a cidade entregue ao caos.

Esse final foi muito bom realmente, para uma série realmente ser boa ela precisa sempre instigar os seus expectadores assistir o próximo capítulo o mais rápido possível, isto é, fazer com que a espera de uma semana faça-nos subir pelas paredes e nesse quesito ela não tem conseguido fazer isso em todos os episódios. Exemplos como Agents of S.H.I.E.L.D e Gotham para citar apenas dois sempre passam na minha mente, no caso da série da Marvel eu chegava ao ponto de assistir os episódios sem legendas por não aguentar esperar e Gotham que sim tinha diversos problemas, entretanto os méritos de como um universo diferenciado das HQs sempre foi o ponto alto do seriado, para poder criar suas próprias adaptações e origens como por exemplo o Coringa do Cameron Monaghan que me dá arrepios até hoje. Vamos aguardar agora se os últimos episódios dessa terceira temporada vão conseguir corrigir os rumos da série e entregar pela primeira vez um bom final.