Marvel – Gavião Arqueiro – Temporada 1: Vilão misterioso é finalmente revelado em quinto episódio

Uma retomada fantástica, essa é a melhor definição do episódio cinco. Após um quarto episódio morno, a série volta a empolgar os fãs e consegue desenvolver certos personagens de formas únicas. Agora houve uma opção de balanceamento entre a ação e o drama, de modo a criar certos laços com o público, principalmente quando o tema é a morte de Natasha em Vingadores Ultimato.

Muitas das teorias dos fãs se concretizaram, tudo bem que algumas eram muito óbvias, mas ainda sim pareciam realidades distantes. Essa percepção se deve por terem demorado a revelar certos plots, deixando muita coisa para ser resolvida no último capítulo. Preciso destacar ainda a música que finaliza o episódio, não acreditei quando utilizaram "You're A Mean One, Mr. Grinch", após a revelação do verdadeiro vilão do seriado, inclusive é muito gratificante saber que o Gavião já conhecia a verdadeira cabeça pensante por trás de tudo.

A série acerta completamente em começar abordando o passado de Yelena, não sei se ficaria tão interessante um flashback no meio do capítulo, serviria apenas para atrasar o que o fã mais gostaria de saber. Então temos duas Viúvas tentando arduamente tirar uma terceira do controle do Dreykov, ou seja, aquela missão complexa que Natasha deixa para sua irmã ao final do próprio filme. A luta é breve e termina com elas descobrindo que a assassina não estava sobre controle mental, na verdade é até um pouco cômico quando a mesma reclama que estragaram o tapete dela. Os diálogos aqui são breves, apenas para definir que já conseguiram livrar muitas mulheres do controle do Dreykov, entretanto quando a Yelena entra no banheiro temos a cena mais criativa do blip até então. Já vimos em Homem Aranha - Longe de Casa as pessoas reaparecendo instantaneamente e em WandaVision vemos a Mônica se recompondo vagarosamente, Nesta cena vemos a perspectiva da Viúva que observa o banheiro se modificando em frente aos seus olhos, quando sai encontra a dona da casa com sua família e descobre que se passaram cinco anos, a parte mais triste é quando ela diz que precisa encontrar a irmã para dizer que está bem, mal ela sabia que seu retorno só foi possível após o sacrifício de Natasha Romanoff.

Voltamos para o presente, onde Kate Bishop volta para casa desolada após a desastrosa missão com o Clint. Note como a cena em questão é muito mais importante do que a do jantar do episódio anterior, ela não é utilizada de qualquer jeito, seu papel para trama é muito importante para desenvolver a relação de mãe e filha, tendo praticamente nenhuma quebra cômica fora de lugar. Como eu afirmei na crítica anterior, a cena do início era apenas para ser engraçada, não servindo para coerência ou avanço na trama, por isso a conversa entre as duas possui um apelo emocional muito maior, nos fazendo por alguns segundos duvidar que a mãe da garota poderia ser uma antagonista. Outro fator deverás interessante é como a conversa desestimula e intensifica o lado heróico da garota, quando ela mais crê que não é uma heroína, ela acaba se aproximando da ideia básica de um herói, pois ajustar o seu ego para fazer o que é certo independente das pessoas a verem como tal é essencial. O Capitão América e Homem Aranha não precisam reiterar que são heróis, nem necessitam de adoração popular para fazer o que é certo e essa lição a jovem está começando a aprender.

Assim como o capítulo anterior eu não sei qual a melhor parte do episódio, poderia muito bem ser a cena de ação final seguida de uma grande revelação, no entanto temos uma das melhores interações de todos os episódios até agora, quiçá a melhor interação de todas as séries da Marvel no Disney Plus. Yelena de Florence Pugh é um achado incrível pelos realizadores, foi uma das melhores coisas do filme da Viúva Negra e agora já é uma das melhores coisas na série do Hawkeye. É maravilhoso o encontro das duas, primeiro a quebra cômica do macarrão com queijo que botou um sorriso bobo na minha cara, note que neste caso a quebra cômica possui um apelo narrativo diferenciado, ele não serve para inchar a trama para completar os quarenta e cinco minutos, ele está ali para lembrarmos que a personagem é verdadeiramente está aqui. No filme da Viúva a Yelena é divertida, carismática, cheia de piadas/críticas ácidas, por isso que na série ela não poderia ser diferente. Então novamente como a interação natalina de Kate e Clint, a conversa das moças começa leve, extrovertida e conforme ela passa vai ficando mais séria, tensa, chegando ao ponto de ser angustiante. A assassina revela os motivos de querer matar o Gavião, ela o culpa intimamente pela morte de Natasha, apesar de não saber o que exatamente aconteceu. Claro que Kate faz um contraponto muito pertinente, ela aborda o fato dela também ter sido contratada para matar o Vingador e a possibilidade de a assassina estar sendo manipulada para matar alguém que não merece isso. Eu até acreditei que esse diálogo não teria nenhum efeito de curto prazo em Yelena, porém como eu estava enganado, graças a essa dúvida plantada que temos a melhor revelação da série até então.

Antes de abordar o terceiro ato do capítulo precisamos falar sobre a esposa do Clint. Cada vez mais eu acredito que a Laura é a variante do MCU da Bárbara Morse, falo em variante pois a personagem já teve destaque em Agents of S.H.I.E.L.D. interpretada pela maravilhosa Adrianne Palicki. E como é quase confirmado que a série do Coulson se passa em uma outra linha do tempo seria muito viável a esposa do Gavião ser a Harpia. Os motivos dessa desconfiança são diversos, primeiro por ela ter se comunicado em alemão perfeitamente episódios passados, o relógio provavelmente está relacionado a identidade dela e quando o Clint fala sobre o "grandão" ela sabe exatamente de quem se trata. Convenhamos que a personagem ser uma ex-agente da S.H.I.E.L.D. é muito plausível com o desenvolvimento da família Barton. Após o Vingador compartilhar suas preocupações com a esposa ele parte para enfrentar a Maya.

A cena final me tirou o fôlego, a forma como ela é filmada causa esse tipo de reação. Enquadramentos próximos para diminuir nosso raio de visão e possibilitando o herói a derrubar um capanga por vez sem ninguém conseguir vê-lo. Posso até ver pessoas reclamando da trama do seriado, porém ninguém pode dizer que é mal dirigido ou pouco inspirado. Outro fator que me impressiona é como eles trabalham bem a "melhor versão" do personagem, quando vestido de Ronin portando uma espada o herói é implacável. Isso fica evidente de como ele vence o segundo round contra Maya, ela acaba não tendo chances contra o herói e fica surpresa quando ele resolve mostrar o rosto para ela. Temos então uma cena interessante na qual o Clint conversa com Maya na língua de sinais, ele conta como que ele conseguiu a informação de onde o pai dela se reuniria, quem entregou essa informação foi um informante a mando do chefão da organização. A Echo fica indignada, conseguindo logo depois se aproveitar da distração do Clint para derruba-lo, ela quase o mata sendo impedida pela Kate Bishop que novamente rastreou o celular do seu mentor.

Neste momento devo dizer que eu estava um pouco frustrado também, achei que eles não iriam nos dizer quem era o mandante do crime, entretanto a revelação vem de uma forma espetacular. Primeiro de tudo devo lembrar que seguindo os conselhos da filha, a Eleanor Bishop investiga o Jack descobrindo as falcatruas do noivo, todavia tudo indica que isso foi apenas uma encenação para a jovem, pois no final do episódio ela descobre que a sua mãe tem um círculo de amizade contestável. O questionamento da arqueira foi mais veemente do que eu imaginava, pois, a Yelena vai atrás de quem a contratou para matar o Clint e manda uma foto da mãe da garota junto ao Rei do Crime, exatamente o mesmo personagem que conhecemos na série do Demolidor. Por mais que o personagem já havia sido cogitado no seriado, a sua aparição manteve o mesmo impacto, afinal de contas esse é o Wilson Fisk interpretado pelo Vicent D'onofrio. Mesmo que seja apenas uma foto do celular a espinha chega a ter calafrios, sabemos do que esse personagem é capaz e precisamos descobrir outras coisas em relação ao Rei do Crime. A principal delas é se esse Rei do Crime é uma variante do personagem das séries da Netflix e caso não seja como ele escapou da prisão para consolidar o seu reinado? Uma pergunta que fica para ser respondida em um futuro próximo.