Marvel – Gavião Arqueiro – Temporada 1: Um terceiro episódio digno do maior arqueiro da Marvel

Existem alguns elementos no cinema que sempre são vistos com bons olhos para os críticos. Claro que eles se dividem em diversos aspectos. Existem resoluções de roteiros que são impecáveis, o trabalho da fotografia de modo a agregar na experiência do público ou até mesmo recursos de direção diferenciados para nos colocar junto dos personagens. Acredito que pelo menos dois desses exemplos estão presentes nesse capítulo.

O MCU tem um árduo trabalho de toda nova produção precisar costurar as suas histórias numa coerente linha temporal. Isso chegou até a ser abordado narrativamente em Loki e de certa forma é sempre um empecilho para os roteiristas. Contudo quando chegamos a ver o terceiro episódio, os realizadores conseguem de forma primorosa interligar a série com os filmes. É obvio que os trailers já davam a entender que o tempo que o Clint passou como Ronin, seria uma força motriz do seriado, entretanto colocar uma nova perspectiva para uma cena que vimos em Vingadores Ultimato foi surpreendente.

O terceiro episódio começa abordando a nova adição do MCU, Maya Lopez é uma órfã nativa Americana que foi treinada como assassina pelo seu pai adotivo, no caso das HQs o Rei do Crime havia adotado a garota após matar seu pai biológico. No seriado vemos que ela possui outra figura paterna, se é o pai biológico ou um pai adotivo essa informação não fica clara. Neste curto resumo temos sua infância sendo abordada até o fatídico dia que seu pai foi morto pelo Ronin, tendo a tal cena de Ultimato por outra perspectiva. Eles até fingem fazer um plano sequência, mas desistem em seguida. Aqui tudo que temos é a motivação da Echo para caçar e matar o Ronin, algo que foi bem construído quando analisamos a origem da personagem nas HQS. Acho que a parte mais interessante nesse início é a figura misteriosa que aparece quando a garota está treinando. Todas as teorias apontam para a aparição do Rei do Crime vivido por Vicent D’onofrio, se isso realmente acontecer eu serei o primeiro a vibrar. Sempre adorei o personagem vivido pelo ator nas séries da Netflix, a desculpa claro é dizer que este seria algum tipo de variante daquele que conhecemos.

Após toda essa cena introdutória voltamos ao presente, onde ambos os protagonistas estão presos pela gangue do casaco. Echo logo resolve interrogá-los para descobrir se o Ronin realmente é a jovem Kate, essa parte eu achei um pouco forçada narrativamente, pois com pequenas buscas de “álibis” poderiam descartá-la rapidamente. No fim o interrogatório possui nuances muito mais interessantes, como o Gavião dizendo que o Ronin foi morto pela Viúva Negra, um detalhe pequeno que nos faz lembrar que realmente isso aconteceu em Ultimato. Ela que deu a esperança para ele deixar aquela vida e no fim eles conseguirem recuperar tudo que perderam para o estalar de Thanos. A cena é tão espetacular em criar elos com os filmes que me deixou arrepiado e felizmente ela não foi a única. Logo após seus planos darem errado, Clint decide se livrar dos seus captores. A cena é muito bem coreografada, o Gavião escapa e começa uma perseguição ainda dentro do esconderijo dos vilões. Por mais que o Vingador seja superior aos capangas da Maya, a lutadora acaba se mostrando superior no combate corpo a corpo. Tudo em relação a Echo me chamou atenção, acredito que até o final do seriado teremos diversas opiniões sobre a personagem e de fato é algo a se considerar, já que ela ganhou sua série antes mesmo de estrear no MCU.

O Arqueiro não vê alternativas, solta a Kate e ambos partem em fuga. A cena que segue é a mesma que foi exaustivamente utilizada para promover a série. A cena é tecnicamente perfeita, eles fazem aqui um plano sequência com uma câmera dentro do carro. A dificuldade de conseguir êxito ao gravar cenas assim são grandes, pois os atores precisam ser competentes tal qual os diretores que coordenam a ação. Neste momento conseguimos conferir os vários tipos de flechas do arsenal do vingador. Existem diversas, mas a melhor de todas é claro a última. A revelação da "flecha Pym" fez meu queixo cair, não acreditei na ousadia dos realizadores. Neste momento a genialidade do Clint se sobressai, um herói que seu "poder" é não errar jamais não é algo tão ordinário assim. Existe aquela singela homenagem a cena icônica do arqueiro saltando do prédio em Nova Iorque e então a ação cessa. Eu não preciso reforçar que a cena da perseguição foi a melhor coisa desse episódio certo?

Voltamos o foco então para as relações entre os protagonistas. Existem algumas boas piadas com o fato do Clint não estar ouvindo a garota, mas nenhuma delas supera a conversa do Vingador com seu filho Nathaniel. Esse momento eles souberam explorar muito bem a deficiência do herói para nos comover. Tudo que ele mais queria era poder ouvir a voz do filho, podendo se comunicar com ele graças a Kate que vai escrevendo o que o menino fala. Isso já seria mais do que o suficiente para lacrimejar os olhos, mas quando lembramos o paralelo do garoto com a Viúva Negra – no caso seu nome é em homenagem a ela – e que a heroína se sacrificou para o Clint ter sua família de volta é um baque tremendo. De novo o roteiro encontra formas de entrelaçar o seriado com o passado do MCU, de forma competente e nenhum pouco forçada.

A única forma do Vingador cumprir a promessa dos filhos é se aliar de vez a Kate, investigar o futuro padrasto da garota e colocar um fim na Gangue do Casaco. Devido a esse fato eles partem em direção a casa da mãe da heroína. Essa pequena investigação termina com o Espadachim surpreendendo o Clint, deixando as nossas expectativas para o próximo episódio nas alturas. Realmente o seriado tem me surpreendido, não que eu tivesse grandes expectativas para o programa, no entanto tem sido mais do que satisfatório, veremos como a história irá se desenrolar agora que já passamos da metade da série.