Marvel - Gavião Arqueiro - temporada 1: Último episódio decepciona, mas entrega uma nova heroína pa

Existem alguns problemas neste último capítulo que me passaram um sentimento de frustração. Acho que em parte é minha culpa, pois quando o Rei do crime apareceu acabei deixando minhas expectativas fora de controle, acreditando que sua aparição seria algo épico para a série e teríamos algumas respostas sobre como ele conseguiu seu posto de chefão absoluto. Quando o capítulo não responde nada disso e diminuem o poder do Wilson Fisk sobre a criminalidade, colocando ele como um vilão comum acaba deixando um gosto amargo na boca.

Parecia que um potencial enorme estava sendo jogado pela janela, ainda mais quando no filme do Homem-Aranha - Sem Volta para Casa aparece o eterno algoz do vilão, não fazia sentido que ambos fossem ser apenas um Easter Egg. Essa sensação ruim no final foi amenizada quando lembrei sobre uma passagem das HQs, sendo confirmada a continuação dessa história na série da Echo. Devido a isso assisti novamente o episódio e consegui ver mais méritos neste final do que na primeira vez, tirando claro a cena pós crédito que é um lixo colossal. Aqui preciso falar como os fãs nem sempre sabem o que querem, muitos adoraram tanto a possibilidade cômica de um musical da Broadway dentro do MCU, que começaram a falar que tudo que queriam era um episódio especial só com a peça fake do seriado. A Marvel levou isso a sério e colocou uma cena estendida dessa peça, eu amo musicais e me diverti um pouco com a cena, porém eu detestei que não houvesse uma cena para dar pistas das futuras produções.

Tudo se inicia com a Kate entendendo o buraco em que sua família se meteu, pois, a sua mãe realmente fez diversos trabalhos para Wilson Fisk, já que seu pai tinha muitas dívidas com o vilão. Eu gosto de ver o Vincent D'onofrio voltando a interpretar um vilão de tanta periculosidade, a forma como ele consegue passar certas nuances em sua atuação é admirável, em muitos momentos você acredita que ele realmente tem empatia por aqueles que o cercam, entretanto isso tudo não passa da velha manipulação do chefão do crime. A Eleanor tenta colocar o Wilson em maus lençóis, dizendo que guarda um dossiê que será um seguro contra o mafioso, a última vez que alguém tentou chantageá-lo terminou morto em um poço de elevador. A Kate consegue o vídeo dessa reunião na íntegra graças a sua recém amiga Yelena, decidindo agir como uma verdadeira heroína em sua última missão com o Gavião.

Eles preparam as novas flechas que serão usadas na festa de natal e por mais que fosse uma cena simples eu acabei gostando mais do que eu poderia supor. Acredito que essa satisfação é justamente por nunca ter parado para pensar de onde vem as flechas do herói, em um mundo tão tecnológico seria certo supor que as indústrias Stark ajudavam ele a produzir, porém tudo é feito pelo próprio vigilante. Enquanto os heróis se preparam para proteger a mãe da garota, o Rei do Crime já planeja uma forma da Eleanor comer grama pela raiz, a cena é muito bem-feita trazendo aquela nostalgia das séries da Netflix, neste mesmo momento ele tenta manipular a Maya e constata rapidamente que a moça já não é mais fiel a ele. Como consegue ser perspicaz ao entender as pequenas mudanças da assassina, claro que ele nunca colocaria a garota em primeiro lugar, por isso ele dá ordens para o Kazi a matar se for necessário.

Essas cenas de preparação para a festa da véspera de natal compõem um bom primeiro ato, não achei lento em momento algum, porém como disse antes achei que faltou algumas explicações sobre o reinado do vilão. A segunda parte do capítulo é focada em trabalhar todos os personagens que estarão na festa de natal. Então temos Kazi preparado para Matar a Eleanor, Kate com sua equipe focada em retirar a mãe da festa o mais rápido possível e Yelena pronta para matar o Clint Barton assim que colocar os olhos no herói. E tudo funciona nessa sequência, principalmente quando se trata da relação entre a Viúva Negra e a Gaviã Arqueira. O Kazi falha em matar a Eleanor graças a equipe de RPG do Gavião e quando confrontada pela filha a vilã mostra como pode ser fria, colocando a morte do Armand como um contrato de trabalho infeliz. Logo o tiroteio começa seguido de todo o caos necessário para o episódio funcionar, a Yelena acaba sendo vista pela Kate que a segue para impedi-la de cumprir sua promessa. Como já adiantei eu adorei cada uma das cenas das duas, eu já quero que a segunda temporada tenha elas interagindo, de preferência em uma missão em Budapeste para fazer um paralelo aos vingadores originais. Não acredito que elas terão um relacionamento amoroso no futuro como alguns fanfics sugerem, mas é fato que elas possuem uma química incrível em tela.

As cenas de ação que começam daqui para frente são muito bem coreografadas, possuindo também uma qualidade diferenciada graças a direção. Os planos abertos sugerindo um plano sequência, enquanto a assassina tenta sobrepor a heroína, os diálogos delas das também são um show à parte, terminando apenas quando a Viúva faz um rapel sinistro para tentar acertar um tiro na testa do Gavião. Já em relação ao herói suas cenas são todas realizadas contra Kazi e os capangas da gangue do agasalho, como já não é tão jovem ele precisa usar de artifícios para superar os problemas e eu acabei ignorando a lógica em algumas cenas galhofas, como a sorte dele não morrer quando saltou naquela árvore de natal gigante ou quando a Kate o ajuda a descer derrubando-a e ele saindo ileso de algo que daria muito errado no mundo real.

A cena do ringue de patinação é provavelmente a melhor cena de ação do seriado, claro que eu posso estar me precipitando por ser o clímax da história, mas até mesmo a cena da ponte parece ser inferior ao que vimos aqui. Tantos tipos de flechas utilizadas das formas mais criativas possível, a forma como ambos lutam coordenados como se estivessem se apresentando naquele ringue e as flechas Pym que conseguem render excelentes piadas. É aqui também que acontece todo o drama vivido pela Yelena desde que voltou do blip, ela inclusive não acredita na versão dada pelo Gavião sobre a morte de sua irmã. A reação do Clint foi a mesma do público com certeza, ela está tão focada na vingança que não consegue acreditar no sacrifício da irmã, apenas quando o herói traz à tona o assovio secreto delas que ela passa a dar ouvidos ao arqueiro. Vou ser redundante sim, mas a verdade é que tudo aqui funciona e se você é uma pessoa de coração de manteiga como eu vai até se emocionar, pois graças à atuação de ambos conseguimos realmente sentir a dor da perda da heroína.

Temos a Maya enfrentando seus demônios, lutando contra o Kazi apesar de ser a última coisa que ela gostaria de fazer. Todo seu ódio é redirecionado quando aparentemente ela mata seu antigo companheiro, claramente ela vai atrás daquele que tornou sua vida miserável, o Rei do Crime. O vilão vai pessoalmente e sem seus capangas para matar a Eleanor, algo que eu entendi como um vacilo de roteiro, tudo bem que foram muitos asseclas da gangue do agasalho atrás dos arqueiros, mas o rei do crime só controla a gangue mais galhofa de Nova Iorque? A Kate chega para impedi-lo e acaba levando a maior surra que ela já sofreu, o Wilson é realmente uma força da natureza, a cada golpe que ele dava na garota eu sentia pena por ela. Ela o vence utilizando o truque da moeda que o Clint ensinou, explodindo sua flecha mais perigosa. Logo após o embate ela entrega sua mãe para polícia, afinal de contas foi ela quem matou o tio do noivo. O Rei do Crime rapidamente evade do local encontrando a Maya, ela claramente atira ele, porém como não vemos o corpo não podemos supor que ele morreu. Inclusive a cena dos tiros foi retirada das HQs e na história o vilão não foi morto pela Maya, ele foi cegado por ela tendo que conviver com a mesma deficiência de Matthew Murdock. Um paralelo interessante já que ele voltará na série da Echo e pode também ter participações em futuros projetos do demolidor. Imagina um monstro como Rei do crime aprendendo a ser implacável como o Demolidor, aprender que talvez a sua desvantagem possa ser usada a seu favor.

O seriado termina com a reunião da família Barton para o Natal e claro que o Clint leva sua pupila para conhecer sua nova família. Com a mãe presa e provavelmente a fortuna da família congelada, a garota vai precisa de um abrigo seguro para se recompor. O final traz um quentinho no coração, pois finalmente o Clint se livra da roupa, sugere que a garota vai utilizar seu nome de herói daqui para frente e temos a confirmação de que a esposa do Gavião é a Harpia desse universo, uma agente da S.H.I.E.L.D. treinada para ser tão habilidosa quanto a Viúva Negra, se veremos a Laura utilizar suas habilidades não saberemos. Preciso dar um foco também as roupas dos heróis, ficou incrível o design pena que o Gavião provavelmente não voltará tão cedo a utilizá-la, uma segunda temporada com certeza focará muito mais na jornada da garota, deixando o herói ter a sua aposentadoria. Outro detalhe que acabei não falando foi como o Espadachim teve uma pequena importância, ele ajuda a controlar a confusão e pode ter maior participação em outros seriados do MCU.