Movies & SériesMarvel: Eternos – Êxito onde Liga da Justiça Falhou

Marvel: Eternos – Êxito onde Liga da Justiça Falhou

Por: Gustavo Tavares

Com a saga do Infinito devidamente finalizada, a casa das ideias se prepara para tentar popularizar mais uma equipe de heróis da era clássica do talentoso Jack Kirby, buscando expandir o universo cósmico da Marvel apresentando “Os Eternos” - seres criados pelos Celestiais. Confira a seguir a nossa review com spoilers de Eternos.

Minhas expectativas para Eternos estavam realmente controladas, quando o filme em questão é sobre personagens pouco conhecidos, nós temos a opção de controlar o hype para não nos frustramos nas salas de cinema. Devido a isso eu já havia antecipado a possibilidade do estúdio usar a franquia para garantir o sucesso do Quarteto Fantástico. Então seguindo esta lógica a Marvel não se importaria caso Eternos flopasse, pois o intuito era testar o público para saber o que fazer com a maior família das HQs. Ainda creio nessa possibilidade, porém algo mudou na minha análise, eu acreditava que este seria o motivo principal, no entanto esse filme é muito importante dentro do MCU.

O filme antes de qualquer coisa é de fato o mais bonito da Marvel, a diretora é extremamente competente, as escolhas de Chloé Zhao em optar por gravações em locais reais e ignorar um pouco as telas verdes faz uma diferença absurda. Ela sabe trabalhar bem os cenários, a fotografia é diferenciada e até mesmo os atores estão mais à vontade, passando mais credibilidade em suas performances. Para um filme que quer brincar com a história da humanidade, essas pequenas escolhas criativas fazem toda a diferença, pois iremos conhecer diferentes culturas, localidades, costumes e crenças. E de longe também é o filme mais inclusivo do gênero, há diversidade de etnias, orientação sexual e inserem também a primeira heroína deficiente auditiva, que de longe foi a minha preferida durante o filme.

ATENÇÃO: o conteúdo abaixo contém spoilers!

Eternos começa com um letreiro típico em filmes como Star Wars, apresentado o conceito desses personagens e em que contexto eles serão inseridos. Esse recurso me surpreendeu positivamente, pois o clichê maior do cinema é aquela narração de fundo que acaba nos tirando a atenção, muitos até reclamariam de exposição exagerada caso optassem por isso, entretanto colocar um letreiro antes de tudo impossibilita essa crítica, passa apenas a sensação de uma sinopse do que veremos em tela. Conhecemos então os Eternos, seres criados pelo Celestial Arishem que possuem apenas uma missão, irem para planetas para proteger os seres sencientes dos Deviantes, quando finalizarem sua missão eles poderiam finalmente retornar para seu planeta natal, Olympia. O filme é muito dinâmico em sua proposta, o público será levado entre o presente e o passado em diversos momentos, desse modo entendemos como esses personagens foram evoluindo e se moldando aos dias atuais.

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Quando o filme apresenta os Eternos aos povos da mesopotâmia, conseguimos ver a equipe em seu auge lutando contra os Deviantes, suas habilidades são perfeitamente sincronizadas para evitar mortes e derrotar as criaturas da forma mais fácil possível. Eu adorei a forma como eles apresentaram os poderes de cada um dos heróis de forma tão fluida, claro que as vezes você pode ficar com dúvidas, isso acontece por ser um filme com dez personagens compondo essa equipe. Devo dizer que não houve cenas de ação desse filme que tenham me incomodado, a graça de um filme de equipe como Vingadores ou Liga da Justiça é justamente as interações entre os heróis, principalmente nos momentos de luta onde um poder potencializa o outro. Após essa introdução o tempo passa até os dias atuais, conhecemos a vida da Sersi, a Eterna que tem o poder de transmutação da matéria, após eras ela se tornou uma professora e estava em um relacionamento sério com Dane Whitman. Morando com ela havia outra Eterna chamada Sprite, seus poderes são focados na criação de ilusões, o problema é que os eternos não envelhecem e a garota tem uma aparência infantil apesar da idade milenar. Esse primeiro ato é muito interessante, ele estabelece a importância de cada um dos personagens.

Então quando Ikaris, o Eterno que voa, tem super força e olhos lazer, se reencontra com Sersi conseguimos entender para onde o filme quer nos levar. Ele salva as antigas parceiras de um Deviante incomum, pois este possuía um poder de cura exatamente como a Eterna primordial Ajak. Após esse conflito em Londres, a única coisa sensata de se fazer é reunir o restante dos Eternos e acabar de vez com a ameaça. Tudo aqui para mim funciona, existem piadas bem encaixadas, esse triangulo amoroso entre Sersi, Dane e Ikaris é complexa e hilária simultaneamente e principalmente os dilemas da Sprite começam a aparecer quando o Ikaris retorna. Uma coisa importante de ressaltar é a participação do personagem de Kit Harrington, muito acreditavam que o Cavaleiro Negro apareceria nesse filme, todavia sua participação é pontual e apenas introdutória para um futuro projeto. Acredito que essa foi a melhor escolha, já havia personagens demais para serem trabalhados.

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Primeiro eles procuram a líder Ajak, infelizmente a heroína já estava morta em casa e seus poderes acabaram sendo absorvidos pelo Deviante que os atacou. Essa morte foi muito surpreendente para mim, não acreditei que a personagem de Salma Hayek estaria morta, possuindo participações apenas em flashbacks. Então eles partem em busca de Kingo, o Eterno que atira lazers das mãos, temos então a adição de um dos melhores personagens do MCU. O herói é incrível em vários aspectos, mas o que faz ele ser genial é ele ser um ator de Bollywood, além disso ele é hilário. Outra coisa que eu adorei foi o personagem Karun, o mordomo de Kingo que rende ótimos momentos de alívio cômico, sendo uma referência a DC ao ser comparado ao mordomo do Batman.

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O segundo ato é competente em mostrar algumas ações dos Eternos no passado. Temos um foco maior na Makkari e no Druig, os Eternos que possuem os poderes de super velocidade e controle da mente respectivamente. A Makkari inclusive é a personagem que se comunica exclusivamente por língua de sinais e minha única crítica a personagem é seu pouco tempo de tela, de longe uma das melhores coisas do filme, sua participação no terceiro ato é de tirar o fôlego. Já o Druig me surpreendeu positivamente, pois ele parecia muito um traidor dentro da equipe, principalmente após a separação dos Eternos. Algo que me chamou a atenção foi como os Eternos ficaram enfraquecidos conforme os anos se passavam, o que não fazia sentido, pois eles não envelheciam. Consegui pensar em dois motivos para isso acontecer:

O primeiro é a humanidade dos heróis, eles param de ter essa mística conforme se envolvem com os seres da terra, permitem-se o envolvimento com os humanos tão frágeis e a falta de combatividade os deixam mais vulneráveis. O segundo motivo é a separação do grupo, repare como alguns Eternos não possuem poderes ofensivos, alguns apenas agem em favor da coletividade, Ajak por exemplo era a curandeira da equipe, mantendo todos vivos durante as batalhas e a Sprite apenas poderia criar ilusões realistas como distração, eles juntos eram imbatíveis, separados nem tanto.

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Essa separação possui uma explicação incrivelmente coerente. Após os heróis exterminarem os Deviantes, eles possuem um conflito entre interferir na história da humanidade ou se manter afastados. O Druig que aparentava ser o mais insensível é justamente o oposto, o que ele mais desejava era impedir que as guerras ocorressem e após a decisão dele de interferir a equipe se desfaz. Gilgamesh decide ficar junto de Thena, pois ela estava sofrendo com uma doença da memória que a tornava perigosa. Sersi e Ikaris ficam juntos por um tempo, afinal de contas eles eram casados, porém tempos depois ele decide ir embora deixando a moça sozinha. O Reencontro com Thena, Eterna que é a representação da Deusa da guerra Athena que cria armas de energia para lutar, e Gilgamesh, o Eterno que possui a força bruta, foi muito emotiva para mim. A revelação sobre Thena ter um tipo de mal de Alzheimer foi muito pesado, levando a me emocionar no cinema, uma doença tão séria que atingiu até mesmo uma guerreira tão poderosa, devido a isso quando ela aparece no deserto com Gilgamesh a cena é muito impactante.

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Realmente vemos uma relação familiar no filme, seja no amor que Ikaris e Sersi um dia viveram ou nesse zelo que Gilgamesh tem por Thena, o amor dele pela Eterna é comovente e me lembrou brevemente o casal de Diário de uma Paixão. A cena do almoço é simplesmente sensacional. Tudo funciona aqui, o público se diverte com as piadas, a interação dos heróis é muito natural e a preocupação que sentem uns pelos outros é real. A Sersi foi a escolhida para liderar por Ajak, neste momento a heroína consegue se conectar a Arishem seu criador. Arishem conta o real motivo dos Eternos irem para estes planetas. No início os celestiais criaram mundos inteiros, nestes mundos a população senciente iria se desenvolver, entretanto os predadores impediam ou dificultavam o aumento populacional, por causa disso eles criaram os Deviantes para acabar com os predadores dos planetas, todavia o erro dos celestiais foi criarem criaturas orgânicas que evoluem, por isso após matar os predadores eles também passam a caçar os seres sencientes. Então a criação dos Eternos se faz necessária, mas por que há essa necessidade de proteger os seres pensantes destes mundos? A resposta abala a crença da heroína em seus criadores.

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Os Celestiais criam planetas para possibilitar o nascimento de novos Celestiais, um ciclo que manteria a vida pela eternidade. Para o nascimento de um celestial precisa haver uma população massiva de seres pensantes, por isso os Eternos precisavam deixar os humanos se desenvolverem sozinhos, pois guerras geram a necessidade de progresso tecnológico, chegando ao ponto de haver também melhorias na medicina, alongando a vida dos terráqueos até ter um número suficiente de pessoas para o surgimento de Tiamut. Esse foi o ponto alto do filme, o conflito é real, eu ainda não sei se a decisão da Sersi foi de fato a melhor, pois o nascimento do Tiamut criaria bilhões de planetas e como consequência disso quatrilhões de novas vidas pelo universo, entretanto isso custaria a vida de sete bilhões de inocentes na terra. Sersi decidi contar aos outros e procurar imediatamente Druig, o plano girava em torno do herói colocar o celestial para dormir de novo, ganhando tempo para evacuar o planeta. Druig estava vivendo na floresta amazônica, ele de início decide não ajudar, mas acaba mudando de ideia quando seu acampamento é atacado pelos novos Deviantes. A luta que segue é incrível, muito bem coreografada culminando na morte de Gilgamesh, um personagem que estava encantando a todos e que se sacrifica para proteger Thena. Seu sacrifício permite ao Deviante alpha absorver seus poderes e evoluir, mas também serve de força para Thena não ter novas recaídas para a doença que a aflige.

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Sersi precisa de Phastos para conseguir viabilizar seu plano. Phastos é o Eterno que trabalha com tecnologia, ele consegue criar coisas fantásticas e seu poder o permite manipulá-las. Ele havia perdido a fé na humanidade com o extermínio de Hiroshima, ele era o Eterno que ajudaria a humanidade a evoluir tecnologicamente, entretanto suas criações levaram a uma arma nuclear. Ele só consegue a paz quando encontra refúgio em sua família. A representação LGBTQIA+ é real e ela é linda, se existem imbecis que não conseguem enxergar isso, essas pessoas estão mortas por dentro. Phastos é a maior representação da vontade dos Eternos de lutar em favor do planeta, ele inclusive é o mais focado na batalha final, pois perder a luta significaria perder a sua família. Um filho tão cativante quanto a Morgan Stark em Ultimato ou a Monica Rambeau em Capitã Marvel e o amor da vida dele definem o herói que Phastos é.

Com a equipe quase completa eles decidem colocar o plano em prática. Eles partem para encontrar a última Eterna que estava vivendo dentro da nave Domo, local onde Phastos poderia criar o unimente, braceletes que irão permitir que os heróis transfiram suas energias para Druig colocar o Celestial de volta em hibernação. Aqui temos a maior revelação do filme, eu fiquei surpreso ao descobrir a traição de Ikaris, a morte orquestrada de Ajak por ele foi devastadora. O mais incrível é que a Ajak – que havia trabalhado para garantir o nascimento dos Celestiais por milênios – se rebelou contra os criadores quando viu algo especial na humanidade, os sacrifícios dos Vingadores em salvar todo o universo. Por mais que esse filme fosse mais separado no MCU, os realizadores acabam ligando perfeitamente os eventos de um filme no outro. Justamente por essa esperança nos humanos que a morte da Ajak é tão dolorosa.

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Ao descobrirem a traição de Ikaris a maioria dos Eternos se voltam contra ele, com exceção de Kingo que decide se abster da batalha e da Sprite que resolve seguir o vilão. As motivações da Sprite são muito coerentes, ela nunca pôde viver da forma que gostaria por não conseguir envelhecer, então finalizar a missão e partir para a próxima é muito tentadora para a garota. A batalha final é espetacular, os heróis conseguem criar o unimente, seguindo então para a batalha contra o todo poderoso Ikaris. O plano de Sersi começa a dar certo, Druig foi capaz de adormecer o Celestial, porém Ikaris o ataca com toda sua força, enfurecendo Makkari que utiliza sua velocidade para lutar contra o ex-parceiro de equipe. Essa cena é uma das melhores coisas de todo o filme, a forma como a Chloé Zhao filma os poderes da Makkari é espetacular, no cinema eu desejava muito que Zack Snyder assistisse a esse filme, seria muito benéfico aprender como filmar cenas de um velocista, por mais que tenha gostado com ressalvas da versão do Snyder da Liga, devo dizer que o Flash sempre aparecer em câmera lenta é um desperdício de potencial.

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Enquanto acontece essa luta colossal, o Deviante responsável pela morte do Gilgamesh aparece na batalha, Thena parte para cima do vilão em busca de vingar seu parceiro caído. A cena dela matando o Deviante deixou-me angustiado, por um breve momento achei que ele conseguiria tomar os poderes dela também. Phastos mostra todo seu potencial, quando enfrenta Ikaris de igual para igual. Foi um dos momentos que me fez vibrar no filme, como os poderes dele foram representados me surpreendeu. Do outro lado da ilha Sersi está enfrentando Sprite, que esfaqueia a amiga para impedi-la de tentar destruir Tiamut. O ápice termina quando a Sersi consegue poderes colossais com a unimente e como o Ikaris não consegue matar sua ex-esposa, a morte do Celestial é concretizada. Por mais que o ápice seja grandioso existem pequenas detalhes que me incomodaram, o principal deles é o recurso da heroína só conseguir matar o Celestial porque o Ikaris permitiu, enquanto vários personagens estavam se superando para lutar pela terra, a Sersi foi a única que não teve essa oportunidade apesar dos poderes dela terem evoluído. A cena termina com Ikaris voando em direção ao sol, sua morte é sugerida, mas ainda é incerta.

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O filme termina quando Arishem retorna a terra e sequestra os três eternos que haviam decidido se manter no planeta. Ele diz que as memorias dos heróis determinará o destino da humanidade, se os motivos para matar um Celestial eram realmente nobres. Devo dizer que o design dos Celestiais está incrível, claro que toda a estética desses seres sai diretamente da maravilhosa mente do Kirby, entretanto a Cholé conseguiu transpor perfeitamente o que víamos nas HQs para o cinema. O filme tem alguns pequenos problemas, mas são tão efêmeros que não deveriam ter incomodado tanto a crítica especializada. Na minha visão esses personagens foram bem escritos, a história tem um ritmo legal, não achei lenta ou monótona e apenas a conclusão do filme foi um pouco fácil demais, no entanto nada que estrague a experiência de ninguém.

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