Movies & SériesThe Boys – Temporada 1: Série cria paralelos com a realidade, volta chocando com seu humor ácido e r

The Boys – Temporada 1: Série cria paralelos com a realidade, volta chocando com seu humor ácido e r

Por: Gustavo Tavares

Cada vez maior e mais bizarro, não tem como descrever The boys de outra forma. Série faz paralelos com a realidade, trazendo um Homelander orgulhoso de mostrar ao mundo seu verdadeiro eu. Enquanto isso Butcher testa meios de colocar um fim no vilão e de sua falsa moralidade. A seguir confira a nossa review com spoilers dos quatro primeiros episódios de The Boys.

Cada vez mais chocante? Cada vez mais politizado? Cada vez mais insano? Sim, sim e sim. The Boys foi sem dúvidas o primeiro seriado que resolveu tocar nas feridas atuais do nosso tempo. E isso aconteceu de forma muito pouco sutil. Na primeira temporada é mostrado a hipocrisia e falsa moralidade escondida por trás de discursos religiosos. A segunda temporada não perdeu tempo ao abordar a cultura das fake news, o neonazismo crescente na nossa sociedade, um pouco sobre terrorismo doméstico baseado em xenofobia e nacionalismo desproporcional. A frase da Stormfront continua muito forte: “Eles gostam do que eu falo, eles apoiam o que eu falo, só não gosta da palavra nazista.”

A terceira temporada vai engradecer ainda mais sua trama, aumentando o foco em temas passados, porém acrescentando alguns elementos bem interessantes. O que mais me chamou atenção foi o medo comunista na guerra fria, o populismo barato do Homelander e muita toxidade na figura do vilão em suas relações pessoais. Com direito a bastante abuso psicológico, alguns dele chegando à tortura explicita e excruciante. Não sei dizer quais foram os melhores momentos até então, mas a conversa entre Billy e Homelander foi tão genial quanto o final da segunda temporada. Antony Star e Karl Urban estão sensacionais em seus respectivos papeis, sendo que cada um deles representam faces opostas de sociopatia, nunca poderíamos dizer que o Billy é o herói da história, mas com certeza vou gostar quando ele acabar com a raça do Homelander, isso é algo que mal posso esperar.

ATENÇÃO: o conteúdo abaixo contém spoilers!

O primeiro episódio tem a difícil missão de nos colocar por dentro de tudo que se passou após o confronto com a Storfront. Imagine a minha cara de surpresa quando ele começa nos mostrando o filme “A origem dos Sete”. Uma sátira interessante que coloca a Stormfront nazista como a grande vilã, a aparição da Charlize Theron me surpreendeu bastante, a atriz anda bem cotada para produções desse gênero. Claro que esse filme era uma forma de alfinetar a Liga da Justiça desde o princípio, mas aqui ela toma contornos diferentes, como a menção bem direta ao Snyder Cut por exemplo. Essa premier que eles estavam frequentando foi bem introdutória, apresentando um elemento que levaria a história para frente. Neste caso foi a aparição de Tom, que estava procurando a sua velha amiga Nádia. Acho ótimo que praticamente todo o primeiro episódio se trate sobre descobrir os poderes secretos da Victoria Neuman, ou melhor dizendo, se trate de nos deixar ansiosos pela descoberta. Dessa forma a trama vai e volta nos deixando agoniados, torcendo bastante para que Hughie descubra que sua chefe é quem explodia as cabeças das pessoas. Em paralelo a isso temos as cenas mais bizarras já criadas, como aquela onde um cara se encolhe e entra no pênis do seu namorado. Eu não acreditei no que vi, The boys estava realmente fazendo o que os fãs brasileiros sugeriram para a Marvel, já que após um espirro ele acaba matando seu amante de dentro para fora. Isso é uma das poucas bizarrices insanas que veremos na terceira temporada de The Boys. Existem também nuances muito interessantes nesse início, principalmente relacionadas ao Billy. A súbita mudança de atitude, assim como a sua resistência em sair matando todos os supers pela frente foi desconcertante, claro que existe explicações narrativas muito boas, porém foi uma visão diferente adotada pelos realizadores.

The Boys: Season 2

Apesar de ser um episódio de reintrodução ele consegue êxitos além dos esperados. Acredito que o Homelander já é um dos melhores vilões atualmente e não do tipo que “amamos odiar”, ele está no mesmo patamar que Dolores Umbrigde ou Joffrey, vilões tão insuportáveis que ficamos ansiosos para vê-los liquidados. Claro que a composição do ator é essencial para criação de alguém tão detestável, mas o roteiro me impressiona com todo o sadismo que colocam na mente desse vilão. O segundo episódio reforça esse lado do Homelander, pois até o momento ele estava sobre controle, seja da própria Vought ou dos colegas de equipe que possuíam o vídeo do voo que ele deixou cair, no entanto tudo mudaria com o decorrer do capítulo. Os protagonistas já estão tendo que lidar com outros problemas, Hughie que descobriu finalmente os poderes da Victoria Neuman e Billy que investiga sobre uma possível arma que pode matar o seu algoz. Enquanto isso a Starlight continua galgando postos dentro da equipe, graças ao CEO Stan que vê a popularidade da garota como um poder inigualável. Acho interessante a tentativa de Hughie em esconder sua descoberta sobre a Victoria, apesar de ser uma escolha obviamente imbecil, mas possibilita a continuidade de arcos sem interferências até que tudo se junte no final.

The Boys: Prime video

Gosto muito também como a série traz temas relevantes sobre a indústria cinematográfica, já que ainda existem muitos fãs de filmes de heróis que insistem em reclamar sobre representatividade ou ficam chateados quando uma heroína não está vestindo um maio apertado. Claro que essas mensagens passarão direto por eles, não aceitando que vivemos em um mundo constantemente em progresso. Obviamente tais coisas são representadas como ruins, vindo muitas das vezes da boca de seres detestáveis como Homelander, o melhor de tudo nessa representação é que ela vai ser ainda mais explicita, mostrando como pessoas podem adorar monstruosidades, mesmo que os fatos sobre eles estejam bem evidenciados. Billy vai em busca de um ex-parceiro do Soldier Boy. Descobrir como ele morreu é a missão mais importante da vida dos protagonistas, pois pela primeira vez ele pode ter a oportunidade de matar o psicopata que tanto odeia.

The Boys: Prime video

Sua abordagem é bem amena comparada a outras temporadas, sua relação com o Ryan acabou amolecendo o vigilante, isso quase custou a vida do Billy ao enfrentar o Gun Powder nos estacionamentos. O final do segundo episódio foi incrível em diferentes níveis, seja o Billy descobrindo sobre a Victoria e finalmente tomando o composto V para retirar informações do Gun Powder ou a forma como o Homelander surta ao vivo na rede de TV. Isso é ótimo na perspectiva de que ambos são muito parecidos, claro que não farei equivalências distorcidas entre os dois, mas a forma como eles abraçam quem realmente são, praticamente ao mesmo tempo, é quase poético. No caso do “herói” toda a história dele com a Stormfront foi o gatilho do seu estouro, o suicídio dela foi um fator que o desequilibrou, por isso quando alguém o confronta do auditório acaba sendo a gota d’água. O Billy já entende que não adianta seguir tudo da forma correta, visto que eles estavam sendo manipulados pela Vought por um ano inteiro, isso é mais que o suficiente para que ele surre o Gun Powder e o mate com seus olhos laser recém adquiridos.

The Boys: Starlight e Homelander

A melhor coisa que pode acontecer com uma série é o constante aprimoramento de uma temporada para a outra. Eu vejo muito isso em The Boys, a segunda temporada consegue ser muito melhor que a primeira e esta terceira tem tudo para superar a segunda com folga. Consigo fazer essa relação graças a crescente qualidade de um episódio para outro, o terceiro foi o melhor da temporada pelo prazo de uma semana, pois o quarto já conseguiu a proeza de ser maior e melhor. No episódio três a repercussão das falas absurdas do Homelander moldou todo o núcleo do vilão, no caso dos protagonistas tivemos uma viagem sobre conhecer a história do Soldier Boy e como foi a sua morte pelas mãos dos soviéticos. Acho genial também como a realidade do nosso mundo foi jogada na nossa cara, pois o Homelander poderia muito ser comparado a líderes populistas pelo mundo. Acho que talvez se ele matasse um vilão na frente das câmeras ainda teriam pessoas que o aplaudiriam, somando isso as teorias conspiratórias que o Homelander tem soltados sobre os poderosos que os manipulam. Claro que dentro do seriado as pessoas não veem, por exemplo, o vilão obrigando seu parceiro de equipe comendo um polvo vivo, algo horrível que fica ainda pior quando lembramos que foi a paródia do Aquaman que teve que fazer isso.

The Boys: Starlight e Homelander

Enquanto isso toda a história do Soldier Boy é deverás interessante. Minha primeira dúvida foi respondida com sucesso, o “herói” é um completo babaca que provavelmente agrega todo o combo de gente desprezível. Logo de cara se mostra como um cara machista e inseguro que precisa se mostrar como um grande combatente. A melhor parte de tudo isso é vê-los como a grande piada que eles são, pois são derrotados facilmente após infantilidades, visto que eles entregam a posição estratégica dos soldados na tentativa esdrúxula de se exibirem. Pior ainda é ver a Crimson Countess matando os próprios aliados ou como o Black Noir ficou ferido após não usar o capacete. Tudo termina com o Soldier Boy morto e sendo levado pelos soviéticos para alguma base secreta. Toda essa história irrita o Billy profundamente, pois a existência de uma arma que seria capaz de matar o Homelander foi escondida dele. A possibilidade de terem encontrado esse item poderia sim ter preservado a vida da Becca. Adoro também como utilizam fatos históricos para compor a narrativa dos acontecimentos, pois a missão da Mallory era garantir o tráfico de drogas para o seu próprio país, desse modo arrecadando fundos para guerra fria e claro utilizando a minoria dos negros para isso. As drogas levadas ao país eram para serem distribuídas nos bairros marginalizados, deixando os “brancos longe dessas drogas”. O final de tudo isso nos choca novamente, com o Billy sendo um completo escroto com Ryan e o Homelander obrigando a Starlight a assumir um namoro com ele. Acho que o beijo deles é uma das coisas mais nojentas que já vi nessa série, cada vez mais eu torço pela morte desse cara.

The Boys: Starlight e Homelander

O quarto episódio como já mencionei foi o melhor até então, o medo de que tudo vai dar errado é crescente e real. Gradativamente o sadismo do Homelander vai ficando mais evidente, como ele gosta de torturar cada um dos membros da equipe só porquê ele pode. A única coisa que o impede de fazer tudo que ele quer é a presença do Stan Edgar. Claro que isso não duraria tanto tempo, a surpresa do episódio é como o vilão manipulou a própria filha do Stan, desse modo conseguindo que a Victoria corroborasse as denuncias que fez na TV. Não acreditei que o facínora conseguiu, mesmo que brevemente, vencer o Edgar pelo controle da Vought. Claro que o CEO não deixa barato, a conversa deles na cobertura da sede dos Sete é genial. Como o vilão fica tentando provocar o ex-presidente, porém nada do que ele diz abala a postura de Stan. As verdades que o CEO joga na cara do Homelander são maravilhosas de se assistir, como o vilão sempre procura a aprovação em seus superiores hierárquicos, dizendo que ele não é um deus e sim apenas um produto ruim. Mas a melhor parte é a fala sobre como todos o verão como a fraude que é, algo que eu acredito que não deve demorar, essa ascensão meteórica será equivalente a uma queda tão meteórica quanto.

The Boys: Starlight e Homelander

No núcleo dos protagonistas temos a tão famigerada viagem a Rússia. Tudo em busca da incrível arma que pode matar o líder fascista dos Sete, mas antes de terem as devidas informações, Butcher terá que fazer algo para a Nina. Sinceramente ainda não sei como definir essa nova personagem, ela talvez seja a representação perfeita de uma mafiosa, mas é muito cedo para colocar certos rótulos na russa, porém é bem evidente que ela pode ser sim uma aliada dos rapazes no futuro. A missão era matar um oligarca russo que tem predileções por garotas de programa, devido a isso Butcher arma um plano que coloca a Kimiko dentro da mansão do alvo. Apesar da garota não querer ser utilizada como uma arma, a moça era a escolha mais acertada para executar tal plano. Sinceramente eu achei um troca muito barata, a morte de um cara nojento pela possibilidade de encontrar uma arma que mate o Homelander? Não seria uma escolha difícil para mim também, visto que precisam acabar com um dos piores males da humanidade. Apesar de ser uma missão “fácil”, Kimiko encontra certos problemas que não imaginava encontrar, o principal deles são outras mulheres vulneráveis na mansão do russo. Então após matar todos os homens usando brinquedos sexuais temáticos dos Sete, a assassina leva um tiro na cabeça desferido por uma das moças. Claro que sabemos que isso não a mataria, mas tudo não passava de um indicativo para o futuro do episódio.

The Boys: Starlight e Homelander

Após o plano bem-sucedido, a equipe vai para a tal instalação russa, em busca de uma promessa de dias melhores, – e com certeza bem menos ameaçadores – no entanto tudo acaba dando errado. A sorte foi que o Billy foi preparado com o composto V, utilizando-o um pouco antes de entrar nessa possível missão suicida. Se não fosse essa precaução todos estariam mortos até o final do capítulo, Butcher extermina todos os soldados russos que tentaram defender seus segredos, o problema que isso é visto como uma grande hipocrisia e de fato é mesmo. Neste caso a frase que mais se aplica é: “Está no inferno? Abraça o capeta”. Infelizmente nesta distopia os fins justificam os meios, mesmo que para isso eles tenham que ter poderes temporários. A surpresa de fato é que Hughie também tomou o V temporário, conseguindo um poder de super velocidade e empalando um soldado com a própria mão. Ele só faz isso para salvar a vida do M&M. Apesar disso a escolha dos dois é vista com desconfiança e até um pouco de repulsa do restante do grupo. O final do capítulo é desconcertante, no núcleo do vilão temos a morte do Supersonic pelo tirano do Homelander, após descobrir sobre um possível plano para acabar com ele. No núcleo dos protagonistas temos a aparição do falecido Soldier Boy, fazendo uma clara referência ao Soldado Invernal da Marvel. Ele estava vivíssimo e ainda foi melhorado pelos soviéticos o que foi uma péssima ideia.

The Boys: Starlight e Homelander

Até então o seriado tem entregado tudo aquilo que prometeu, uma terceira temporada bem mais brutal, subversiva e surpreendente. Todos os diversos pontos já levantados indicam o caminho que o programa quer seguir, mostrar como qualquer imbecil truculento pode ganhar a alcunha de “mito”. Como esse tipo de gente pode se tornar perigosa, trazendo problemas, catástrofes e miséria para vida de muita gente, sendo que mesmo não escondendo a sua monstruosidade ainda terão apoio de uma parcela da sociedade. Como disse uma vez um certo ex-presidente: “Poderia atirar contra pessoas na 5ª Avenida e não perderia votos”. Infelizmente isso é pura verdade, existem poderosos que são horríveis, mas que estão sendo vistos como modelos e isso é algo demasiadamente deprimente. Espero que a série trate o Homelander como o grande palhaço que ele é, uma piada de mal gosto que é tão vulnerável e fraco que precisa constantemente utilizar da violência para se esconder dos verdadeiros heróis, pessoas que ele julga serem medíocres, mas mesmo assim busca suas aprovações desesperadamente. Confira abaixo o trailer de The Boys do Prime Video.

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