Movies & SériesThe Boys – Diabolical – Temporada 1: Violência, tripas e sangue são destaque na incrível animação d

The Boys – Diabolical – Temporada 1: Violência, tripas e sangue são destaque na incrível animação d

Por: Gustavo Tavares

Prime Video aposta mais uma vez em chocar o seu público com mais uma obra no universo de The boys. Essa antologia resolve abordar histórias de um universo expandido que nunca veríamos em tela, pelo menos não em live action. Devido a isso temos diferentes traços de cartoons variando nos episódios, algo muito parecido com o que foi feito em Star Wars – Visions. Confira a seguir a nossa review com s

A violência e gore não para nesse universo de The boys. Desde sua estreia no Prime Video, os fãs acostumaram-se a ver muito sangue jorrado e não poderia ser diferente em uma animação que se passa nesse mesmo universo. Apesar dessa violência gráfica ser um fator em comum entre os seriados, o que sempre me chama atenção são os subtextos realistas. Veja bem o seriado de The boys veio para subverter o gênero de super-heróis, trazendo críticas muito fortes a toda indústria cinematográfica e afirmando como seriam estes heróis no mundo real. Uma visão pessimista é apresentada de que os heróis seriam seres hipócritas e em alguns casos até criminosos sanguinários.

A premissa vai além colocando homens e mulheres comuns para lutar contra esses seres superpoderosos, muitos deles movidos por ódio e um desejo de vingança. Porém o interesse da produção ultrapassa essa visão maniqueísta do bem contra o mal, existem nuances das primeiras temporadas do live action que engradecem a série. Sejam as críticas ao imperialismo americano, as campanhas de fake news orquestradas em benefício dos antagonistas ou a clara referência aos conglomerados Disney na figura da empresa Vought, são exemplos claros de como a obra possui críticas ácidas muito atuais a nossa realidade. Mas será que a animação manteve o tom que popularizou o live action?

Atenção: o conteúdo abaixo contém spoilers!

Devo dizer que a animação decide agradar a todos os tipos de público, já que não são apenas os traços dos cartoons que mudam. Por óbvio sabíamos que eles iriam colocar violência gráfica em todos os episódios, no entanto o cerne de cada tipo de traço é mantido, fazendo com que nós tenhamos os mais variados tons e sentimentos. Quando eu vejo um episódio de Looney Tunes eu só quero dar boas risadas, não me importa o quão insano e ilógico possa ser os episódios, do mesmo modo que quando assisto Death Note eu espero algo mais dark, com temas mais complexos que vão me fazer refletir de certo modo. São tipos completamente diferentes de animação, sendo que ambas conseguem prender a minha atenção, pois suas temáticas são bem abordadas e não extrapolam a verossimilhança que foi estabelecida em sua premissa. Claro que algumas vezes mesclar diferentes tipos de abordagem pode dar certo, Harley Quinn e Animaniacs são exemplos disso, acabam usando da metalinguagem para trazer temas sérios e para isso utilizam uma certa “maquiagem” para não tornar a narrativa chata ou monótona. O certo a se dizer sobre Diabolical é que a série sabe respeitar seus próprios parâmetros, sem ferir a verossimilhança de nenhum dos episódios. Esse é o trunfo do seriado, você pode rir bastante com o Bebê Laser no primeiro episódio, até mesmo achar fofo o final sem problemas, por que essa é a abordagem desse tipo de cartoon, não existem consequências nesse “universo”, então tudo bem um bebê cometer um genocídio e você ainda vai achar que está tudo normal. Acho que o maior desafio da série é encontrar fãs que vão gostar de todos os episódios, admito que eu não sou um deles. Por ser uma antologia de curtas visando homenagear diferente tipos de traços ela sofre com essa falta de “unanimidade”. Não é um problema tão grande, já que é impossível mirar em todos os públicos e conseguir que todos eles adorem os oito capítulos, porém é fato que eu achei que eles perderam a mão completamente em um certo curta. Eu achei completamente absurdo o episódio do cocô falante, ao ponto de não entender como alguém poderia ter aquela ideia. Claro que nem tudo é ruim, tenho certeza que muitos adorarão aquele episódio, mas realmente para mim aquilo foi desnecessário. Todos os outros sete episódios me agradaram, alguns por me divertirem bastante pelas situações apresentadas e outros pelos tons dramáticos que possuem, fazendo críticas sociais ou não.

EP 1 :: O passeio do bebê Laser

O Bebê Laser é uma animação focada nos cartoons antigos, trazendo fortemente aqueles traços simples e situações completamente absurdas onde tudo dá certo para o protagonista. O tempo inteiro me lembrei de Pica-pau e Pernalonga enquanto eu assistia. Um jovem trabalhador da Vought acaba se afeiçoando demais ao seu trabalho, ele precisa treinar bebês superpoderosos para que controlem seus poderes, depois disso eles podem ser adotados por famílias funcionais. A graça aqui é a falha que gera todos os problemas, como ele não consegue fazer com que a bebezinha acerte o alvo, o seu chefe resolve colocar a criança para o descarte, ou seja, matá-la indiscriminadamente. O jovem se desespera para retirar a criança da empresa, porém ela escapa e começa a matar os guardas da Vought toda vez que espirra. A animação é incrível e como eu disse a gente passa pano para a bebezinha, no final ainda temos aquele quentinho no coração depois que a criança chama o jovem de papai. Como um disse um curta que foca em nos fazer rir, não existem críticas sociais fortes aqui, a não ser o fato ilógico de apenas crianças perfeitas serem adotadas. Talvez esteja forçando nessa interpretação, mas existem certos preconceitos atuais em relação a adotar, muito acham que a criança adotada pode ser uma “semente ruim”. Acho descabido acreditar que genética possa interferir na personalidade de uma criança, esse tipo de pensamento é um certo desserviço à sociedade de forma geral.

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EP 2 :: Um curta animado onde alguns super zangados matam seus pais

O nome é autoexplicativo, essa animação tem traços mais modernos, muito parecidos com “The Boys - Diabolical”. Conhecemos um lugar onde super com poderes inúteis são largados para viver, os pais dessas crianças os abandona quando não veem fama e fortuna no seu futuro. Ao contrário do primeiro, as críticas sociais aqui são bem claras. O abandono parental e a idealização do filho perfeito novamente. Acredito que nas entrelinhas podemos inclusive achar críticas a pessoas capacitistas, isto é, aquelas que tem preconceitos acerca de pessoas que possuem algum tipo de deficiência. A história escolhe caminhos mais densos quando os pais abandonam os filhos por uma burrada que eles fizeram, afinal de contas em “The Boys” são criados e não nascem como deles costumavam dizer. Então quando não possuem o resultado desejado apenas largam as crianças na Vought, onde depois são realocados. Os poderes nonsense apresentados são ótimos, eu ri de cada um deles quando foram apresentados e mais ainda quando eles buscam vingança. O final do curta me surpreendeu, não esperava que o Homelander apareceria para matar os seus semelhantes, porém como um facínora que é, ele deve ter achado que estava fazendo um favor as “aberrações”. Se eu fosse a Ghost eu iria torturar o Homelander nunca mais o deixando dormir, afinal de contas ela é imortal de qualquer modo.

EP 3 :: Eu sou seu traficante

No terceiro curta temos o traço das HQs de The Boys sendo homenageado. Então temos a aparição do Billy Butcher e do Hughie sendo os protagonistas dessa bizarra história. Sinceramente a única crítica social presente aqui é sobre o moralismo exacerbado e a hipocrisia no final do dia. Isso é claro já que os heróis possuem apreço por drogas ilícitas, mas na frente das câmeras se fingem de santos entre os homens. A ideia de abordar o traficante dos super é muito boa, principalmente pelo seu desfecho. Eu acabei rindo alto quando um dos heróis se drogava com um chuca de heroína anal. O interesse de Butcher em saber esse tipo de coisa é justamente dar o troco para esse herói específico. O Grande Espetaculoso – após fazer um discurso de formatura – acabou levando as melhores alunas para transarem com ele enquanto voava, todavia ele as levou alto demais na atmosfera onde elas acabaram congelando, deixando seus corpos em órbita após o ato. Billy então arma com esse traficante para sacanear o “herói”, colocando algo diferente em seu coquetel de heroína. Claro que ele esperava que o Grande Espetaculoso morresse, porém nunca imaginou como isso aconteceria de forma espetacular. Admito que eu me diverti demais com o terceiro episódio, justamente por ser um dos mais próximos em temática, afinal de contas conhecemos esses heróis fazendo coisas bem parecidas com isso. Gostei também de vermos pela primeira vez o Jack de Júpiter que havia sido cortado do live action, este episódio poderia ser muito bem uma história canônica, já que possui todos os elementos que popularizaram a obra.

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EP 4 :: Boyd do 3D

O quarto capítulo possui camadas diversas, seja sobre relacionamentos ou o nosso vício ególatra em redes sociais. Os traços da animação parecem muito com longas autorais franceses, misturado um pouco com desenhos clássicos da pixar/Disney em 2D. Boyd é um nerd comum apaixonado por sua vizinha que não sabe que ele existe, acreditando que precisa buscar a perfeição estética para conquistá-la, ele procura a Vought para um tratamento experimental. Então ele consegue tudo aquilo que queria, com a aparência de galã o jovem passa a namorar a sua vizinha. Tudo melhora quando a moça utiliza o creme e vira uma espécie de gata híbrida após usar a loção. Fama e dinheiro os perseguem quando ficam populares do instagram, todavia a decadência vem rápido quando passam a viver pela aprovação alheia. No fim devido a dependência do produto, somado aos diversos escândalos midiáticos o casal cai em desgraça e depressão. Com eles voltando ao normal o final indicava que tudo ficaria bem, mas a supresa final é que tudo isso se passou na mente de Boyd. O creme não deu certo e a cabeça do jovem explode por causa de “reações adversas”. Existem muitas coisas interessantes nesse episódio, o fato de estarmos sempre buscando aprovação de estranhos na internet, os relacionamentos que se perdem também por causa de mídias sociais e a dependência humana em acreditar em soluções fáceis. De longe um dos melhores curtas dessa primeira temporada.

EP 5 :: BFFs – Melhores Amigas

De longe o episódio mais fraco do seriado, acho que a escatologia combinada ao traço de um anime foi pouco acertada. Claro que o roteiro também não é grande coisa, entretanto a soma dos fatores tirou minha cabeça da obra o tempo inteiro, tudo que passava na minha cabeça era “o que diabos está acontecendo? ” Primeiro de tudo é uma história focada em uma garota reclusa, que por sua vez aceita relacionamentos abusivos para ter uma vida social. Ela só consegue se libertar desses abusos quando acidentalmente encontra o composto V, ela utiliza a fórmula acreditando que adquiriria poderes, todavia o que acontece é surreal. Ela vai ao banheiro e seu cocô ganha vida, é isso mesmo que você leu. Enfim ela acaba tendo essa aventura para proteger sua melhor amiga, enfrentando um dos membros dos Sete, o Profundo que é uma paródia do Aquaman. A conclusão é que sim ela conseguiu ganhar poderes, ela controla qualquer cocô que estiver próximo, ela vence um dos heróis dos Sete justamente pela luta acontecer nos esgotos. Como disse o curta que menos gostei, não consegui me divertir e nem mesmo o tema de relacionamentos abusivos teve um desfecho legal.

EP 6 :: Núbio vs Núbia

O sexto episódio é um grande episódio, acredito inclusive que a escala familiar apresentada acaba gerando uma história interessante. Como será a vida de um casal de heróis nesse universo? O mais louco disso tudo é descobrir que tudo era uma farsa, pois os heróis se apaixonaram em uma ação que foi roteirizada. E foram levando essa mentira até o limite, pois tiveram ainda uma filha juntos. Isso abre questões para dentro desse universo, até onde os heróis estão dispostos a ir pela fama. Os traços desse curta já lembram mais os filmes animados da DC e ao contrário do episódio anterior há uma seriedade no tema. Eles conseguirem abordar o tema do divórcio de uma inesperada, digo isso em referência ao final do capítulo. O fato da criança tentar unir os pais novamente eu já esperava, porém, o massacre que eles fazem com o vilão que ajuda a jovem e a cara que ela faz quando vê tanta violência é de certo modo chocante. Apesar de conseguir reunir os pais a garota chega a conclusão sozinha que o divórcio é a melhor solução, existem nuances na escolha da garota que me fazem tremer de apreensão, como ela ficou abalada ao ponto de querer isso. Provavelmente a infância da jovem foi arruinada e precisará de muitos anos de terapia para se recompor. Acredito inclusive que a violência apresentada é também uma crítica a lares desfeitos, famílias que não são funcionais e não possuem estrutura para criar uma criança, claro que a violência foi direcionada a terceiros, porém não deixa de ser uma boa sacada.

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EP 7 :: John e Sun-Hee

De longe o melhor curta da temporada. Toda a narrativa é focada em uma verdadeira história de amor. Como o câncer destrói as pessoas emocionalmente, ao ponto de desesperadamente procurar soluções mirabolantes. Aqui temos John fazendo de tudo para salvar sua esposa Sun-Hee, para isso ele não pensa duas vezes ao roubar o composto V e utiliza-lo em sua esposa em estado terminal. Aqui temos uma história muito profunda, como estamos pouco preparados para enfrentar o luto, como não aceitamos perder quem amamos. Eu esperava de tudo para essa antologia, menos que eu fosse chorar. Os traços se equivalem a produções do estúdio Ghibli e o roteiro possui a mesma sensibilidade. Uma história trágica, uma história heroica. Foi preciso uma doença destrutiva e o amor incondicional para nos entregar uma verdadeira heroína, pois a cena final é para deixar muito herói consagrado no chinelo. Eu não quero me alongar sobre esse capítulo, pois acredito que cada um precisa assistir sem saber dos spoilers do episódio, contudo saiba que provavelmente você vai chorar.

EP 8 :: Um mais um é igual a dois

O último curta não foi o melhor da antologia, porém foi de longe o mais importante. O único capítulo de fato canônico para o live action, mostrando a origem do maior “herói” desse universo e como ele se moldou para ser o facínora que conhecemos. Era fato que sua infância não tinha sido das melhores, porém as circunstâncias também favoreceram para a falta de empatia de Homelander para com a humanidade. No curta ele é um jovem herói recém lançado pela Vought, tudo o que ele mais quer é se provar para a sociedade civil, ajudando a salvar os inocentes, porém tudo muda após sua primeira missão. Acho interessante usar da vulnerabilidade emocional do personagem para trazer mais camadas para o vilão, isso ocorre quando a Madelyne Stillwell resolve mexer com a psique do Homelander. Ela acaba colocando muita pressão para a atuação do “herói”, até mesmo criando uma rivalidade com o Black Noir. O melhor claro é o ápice do episódio, quando as ações do herói acabam cometendo um genocídio. Ele mata tanto os sequestradores quanto as vítimas da ação, tudo piora quando o vilão constata a aparição do Black Noir e acredita que utilizará o fato para destruí-lo. Porém esse universo sabemos como as coisas funcionam, Black Noir explica o que fará para Homelander e assim criam uma versão fantasiosa do ato. Desse modo vemos o porquê de o “herói” ser como ele é, possui um medo genuíno de ser taxado como facínora pela mídia, no entanto faz suas atrocidades sempre pensando em qual versão apresentará para os jornalistas. Um mundo perfeito para quem se acha acima das leis.

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