Movies & SériesMarvel – Moon Knight – Temporada 1: Quinto episódio detalha passado e presente buscando o futuro do

Marvel – Moon Knight – Temporada 1: Quinto episódio detalha passado e presente buscando o futuro do

Por: Gustavo Tavares

O Cavaleiro da Lua é a mais nova produção do Disney plus sendo provavelmente a maior aposta do estúdio. Isso se deve justamente pela dificuldade de adaptação e pela proposta diferenciada que deve seguir caminhos opostos da famosa fórmula Marvel. A seguir você confere nossa review com spoilers do penúltimo episódio de Moon Knight – O Manicômio.

Como um bom vinho, Cavaleiro da Lua vai melhorando com o passar do tempo, chegando ao seu ápice no quinto episódio da temporada. Pode ser que o último consiga superar o anterior, mas possui uma tarefa muito árdua para cumprir. Aqui o episódio fez tudo o que eu queria que o livro de Boba Fett tivesse feito, utilizou exclusivamente um episódio inteiro para contar sobre o passado do Marc, claro com as liberdades criativas que a história permite, desse modo os quatro anteriores foram atiçando nossa curiosidade, para quando chegasse a hora despejasse a verdade do passado do herói na nossa cara. Conseguimos então entender tudo que precisávamos saber, na medida certa sem gastar tempo de tela com futilidades.

Humildemente acredito que toda série precisa estruturar-se como um filme para dar certo, pelo menos com relação aos três atos que normalmente compõem uma trama. Os primeiros episódios são introdutórios, os do meio desenvolvem a narrativa e os do final trazem o ápice da história contada. Nessa relação a qualidade da história precisa ser sempre ascendente, pois o final tem que ser a chave de ouro que fecha a temporada. Parece bem óbvio eu dizer isso? Claro, estou “chovendo no molhado”, mas pense um pouco quantas séries ficaram chatas no meio e você acabou abandonando?! Cavaleiro da Lua na minha concepção tem um começo lento, porém com o passar dos episódios vai melhorando e pode ter um final marcante graças a essa obviedade narrativa. Por isso eu cada vez mais apoio séries curtas, até dez episódios que gastem apenas o necessário para nos contar a história.

ATENÇÃO: o conteúdo abaixo contém spoilers!

Após a aparição da deusa Tueris, o seriado terminou de aceitar suas origens, isso é bem claro para todos os fãs. Como disse em reviews anteriores, não é como se a série estivesse relutante em se aceitar, mas muitos só tiveram essa confirmação quando apareceu uma Hipopótamo antropomórfica na tela. A sua aparição não é jogada, muito pelo contrário, possui uma importância primordial para o desenvolvimento do Marc e uma desculpa perfeita para nos colocar dúvidas no que é real ou não. A escolha da deusa é uma clara tentativa de suavizar essa jornada pós a morte, já que o deus dos mortos é Osiris e não a Tueris, algo que já podíamos imaginar que a Disney faria para manter seu selo “family Friendly”. Desde já devo dizer que o humor exagerado nesse ponto da história me incomodou um pouco, pois neste momento os dramas pessoais dos personagens precisariam de todo o peso possível, principalmente ao retratar todas as perdas de Marc, no entanto a tentativa de sempre suavizar por causa do público mais jovem acaba por ser um demérito, ainda acho que foi o melhor episódio, mas poderia ter atingido níveis ainda maiores se tivessem mais coragem.

Moon Knight Disney Plus

Um ponto que eu acho muito relevante também é o fato de não sabermos o que é real, uma abstração de tudo que vimos até então, pois tendemos a acreditar na parte mais “fantástica” dessa história, já que sabemos que é uma série de super-heróis, mas seria muito racional acreditar que o Marc é de fato apenas um paciente em tratamento. A forma como as cenas se alternam de uma “realidade” para a outra é fascinante, pois apresenta uma dinâmica que ainda não tínhamos visto. Claro que a troca de Marc para Steven desde do início já era uma forma de representar isso, porém a mudança entre um mundo onde ele é um avatar de um deus egípcio e um mundo onde é um cara comum sofrendo pela morte da mãe elevam esse recurso. Tudo aqui serve para a jornada que o herói precisa seguir, confrontar o próprio passado para que a balança da justiça atinja o equilíbrio em relação a pena da verdade. Outro elemento tirado da mitologia egípcia que conseguiu seu espaço na adaptação.

Marvel Eternals

Foi a desculpa perfeita para termos o passado do Marc destrinchado em tela, com a participação de Steven sendo a representação do público da série. Alguém que está ávido por respostas, que tem feito as mesmas perguntas desde que os estranhamentos começaram e vai ir até as últimas consequências para saber a verdade. Seja o personagem em tela ou o público em geral, devo dizer que as consequências são profundamente emocionais. O fato do Marc ter perdido o irmão na infância, em parte por culpa dele ser uma criança que não entende sobre riscos e ter essa ferida constantemente sangrando por causa das atitudes da mãe é devastador. Por um lado, é completamente compreensível as atitudes da mãe, somos todos seres humanos passíveis de erros, a atitude dela passa ao público toda a dor de uma mãe ao perder um filho, entretanto torturar física e emocionalmente a criança que sobreviveu não é a forma correta de lidar com a perda. A narrativa desse episódio em si é fantástica, o exemplo perfeito de como retratar o passado com flashbacks sem cair na monotonia. Imagina apenas que toda essa história de perda fosse picotada e montada em cada um dos episódios?! Poderia até dar certo, mas precisaria de alguém diferenciado para fazer essa montagem e trazer dinamismo para a história contada. Não é à toa que muitos detestaram obras como Arrow, o livro de Boba Fett ou até mesmo Eternos, pois essa utilização excessiva de flashbacks pode trazer a sensação de que a trama está empacada.

Marvel series

Todo esse retorno ao passado de Marc traz uma sensação pessimista, algo até mesmo sombrio, seja nas salas onde há os corpos das pessoas que ele matou ou as memórias da sua infância miserável. Há também a origem do seu pacto com Khosnhu, naquele fatídico momento quando foi traído e deixado para morrer no deserto, a cena é muito boa retratando o desespero de Marc ao confrontar sua própria mortalidade, porém como sabemos o deus da lua o escolhe como avatar e deixa claro que sua alma fraturada era algo que o interessava. Entretanto o mais interessante é a dinâmica que vai se alternando durante o episódio, a todo momento Marc volta a se encontrar na presença do seu psiquiatra, sendo que o trabalho que o Dr. Harrow está fazendo é alinhado na aventura “psíquica” dos personagens, algo que fica claro no final do capítulo quando Harrow confronta Steven com o falecimento da sua mãe. Essa parte simplesmente nos joga em um abismo, sem saber o que é verdade e o que não é, racionalmente a realidade seria aquela que Marc se internou após um surto, mas sabemos que a série é uma ficção onde super-heróis existem, logo levamos em consideração toda aventura do herói para chegar nos campos de junco, automaticamente acreditamos que o Dr. Harrow e o manicômio simplesmente não existem.

Isso acrescenta nuances para a história de forma satisfatória, você pode tentar absorver todas as mensagens que estão sendo passadas ou ignorar completamente para apenas aproveitar um entretenimento pontual, algo que pode funcionar com o público infanto-juvenil, não é à toa que colocaram uma deusa como a Tueris certo?! O foco era agradar um público mais jovem ao invés de assustá-los. O ponto mais importante para mim é novamente o debate sobre luto e perdas, a Marvel insiste em trazer o tema em suas obras. É de partir o coração que uma mãe não conseguiu perdoar o filho por um erro, claro que as consequências foram graves, porém olha os traumas que Marc adquiriu por algo que não era uma culpa exclusivamente dele. Acho que os pais também têm sua parcela de culpa, pois deixaram duas crianças pequenas soltas sem supervisão alguma, sabendo que era comum eles entrarem na tal gruta. Por mais que mãe alertasse que eles não deveriam ir lá quando chovesse, ela deveria entender que crianças desobedecem, crianças não entendem os riscos iminentes a sua volta e por isso culpá-lo acaba sendo injusto demais. Já me disseram que só sentimos raiva de alguém quando nos vemos nossos erros refletidos nessa pessoa, para mim a mãe atacava o Marc, pois ele era a lembrança viva da falha dela como tutora, algo que ela seria confrontada pelo resto da sua vida.

Marvel series

A cena final é padrão para termos um pouco mais de ação, acredito que muitos até reclamariam de a cena ser curta ou que gastaram tempo demais com os dramas do personagem, mas para mim ela chega no momento certo e tem os desfechos necessários para a continuidade da série. Primeiro devo dizer que a computação gráfica durantes essas cenas são incríveis, acredito que as “economias” do estúdio com os episódios anteriores foram realocadas para este daqui, não há nada que desabone na qualidade visual do episódio, a Tueris está perfeita nos fazendo acreditar que ela realmente existe. Os cenários que compõem essa viagem de barco pelo submundo são sensacionais, possuem uma beleza estética diferenciada e uma fotografia muito inspirada na mitologia egípcia.

Apesar de passarem por todas as provações do passado, Marc e Steven não conseguem trazer o equilíbrio à balança da justiça, com isso receberiam a devida punição, suas almas seriam recolhidas pelos mortos e levados para Duat onde permaneceriam congelados pela eternidade. Infelizmente a balança só se equilibrou após uma das personalidades cair do barco, na tentativa desesperada do Steven em proteger o Marc ele acaba caindo, o momento é bem dramático e podem facilmente arrancar algumas lágrimas do público, pois o Steven foi uma criação do Marc para se proteger dos abusos da infância e por uma última vez ele voltou a salvá-lo. Acho interessante e preocupante o final de Steven no seriado, pois mantendo isso permanente você retira uma importante característica do herói, tudo vai depender claro do episódio final da série, sendo que nem mesmo a ligação com o MCU está clara até agora.

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