Movies & SériesMarvel – Moon Knight – Temporada 1: Cavaleiro da Lua se aprofunda no misticismo egípcio apresentando

Marvel – Moon Knight – Temporada 1: Cavaleiro da Lua se aprofunda no misticismo egípcio apresentando

Por: Gustavo Tavares

O Cavaleiro da Lua é a mais nova produção do Disney plus sendo provavelmente a maior aposta do estúdio. Isso se deve justamente pela dificuldade de adaptação e pela proposta diferenciada que deve seguir caminhos opostos da famosa fórmula Marvel. A seguir você confere nossa review com spoilers do terceiro episódio de Moon Knight – O tipo amigável

Cavaleiro da Lua cada vez se destaca mais ao abraçar tudo aquilo que é estranho ou místico demais, um dos meus maiores receios com o seriado era com os realizadores, mais especificamente aqueles que tentariam moldar o programa para algo mais genérico. A verdade é que Cavaleiro da Lua não foi feito para ser mais pé no chão, isso é algo que até mesmo os fãs se confundem ao compará-lo com o Batman, pois existem diferenças absurdas que colocam esses personagens em extremos opostos. O seriado acerta ao trazer toda a magia que envolve o personagem, mas o maior mérito é não esconder os cenários e personagens que estão no cerne do personagem.

Seria muito fácil escolher uma aventura mais genérica, ignorando a mitologia do herói e abordando pontualmente seu passado como mercenário, mas dessa vez a escolha por ser uma série de origem do início ao fim engrandece o projeto. A introdução se coloca em cenários comuns como Londres, isso serve pontualmente para conhecermos mais sobre as personalidades do personagem, entretanto a sua ida súbita para o Egito muda toda a estrutura vista até então. Primeiro de tudo conhecer novas culturas e localidades favoreceram o novo episódio, mas não seriam suficientes se a riquíssima mitologia egípcia não fosse parte central do capítulo. Existe um equilíbrio perfeito de tela entra a ação e exposição da história como um todo, tanto que é difícil dizer qual foi de fato o melhor momento do episódio.

ATENÇÃO: o conteúdo abaixo contém spoilers!

Cavaleiro da Lua está definindo os alicerces que o personagem precisa possuir para se consolidar dentro do MCU, a narrativa está sendo simplificada gradativamente após o primeiro episódio, já que o início é estranho e confuso propositalmente para prender a atenção do público à um personagem desconhecido, técnica esse utilizada também em WandaVision apesar dos protagonistas estarem a anos dentro do universo compartilhado. Acredito que acabou dando certo, mesmo que tenha atraindo fãs que querem apenas xingar o seriado, pelas mais diversas razões, alguns reclamam do CGI outros reclamam da trama lenta, no entanto até o momento eu gostei de cada um dos episódios, sendo que está melhorando conforme a história vai se desenvolvendo, para desgostar do programa precisaria acontecer algo inimaginável nos últimos episódios.

Moon Knight Disney Plus

O capítulo começa com a Layla se preparando para ir atrás do marido, ele que por sua vez partiu para o Egito atrás de Arthur Harrow, cada vez mais eu gosto de como a personagem é corajosa e impulsiva, sua personalidade é muito diferente em relação a outros “interesses amorosos”. Curto muito que esses estereótipos estão caindo conforme os filmes e séries do estúdio vão sendo lançados. No Egito, Marc está desesperado caçando seguidores da seita, pois até então não existe outra forma de encontrar o antagonista, gosto da ação logo de início justamente por ela não ser tão “clean” como normalmente é, o mercenário é um artista marcial, mas não na proporção absurda como Shang-Chi por exemplo. Ele enfrenta os inimigos mesmo sem invocar o uniforme, todavia ele passa aperto em alguns momentos, levando golpes inesperados e quase perdendo numa bem coreografada luta de facas.

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Tudo que acontece nesse início compõe um padrão do seriado, o que pode ser “acelerado” será acelerado para gastar bem o tempo de tela, então novamente temos o recurso do personagem apagar e acordar em outro lugar completamente diferente, porém dessa vez a vítima desses apagões é o Marc não o Steven. Isto acontece por duas vezes, o mais interessante nisso é que o Steven jura que não foi ele que “tomou o controle”, indicando claro que existe mais alguma personalidade obscura na mente do herói. Jake Lockley pode ser o próximo a dar as caras no MCU, muitos inclusive acreditam que ele será o verdadeiro Mr. Knight. Toda essa caça aos seguidores de Ammit acabam sendo infrutíferos, precisando então que Khonshu faça um eclipse para chamar a atenção de outras divindades egípcias, conseguindo uma espécie de audiência para tratar sobre a traição de Arthur. Acho genial que essa reunião aconteça dentro da grande pirâmide de Gizé, os detalhes dessa cena são riquíssimos em beleza e extremamente importante para os futuros projetos da Marvel. A estética apresentada pela direção de arte é impecável, tanto que fica difícil dizer o que foi construído em computação gráfica e o que foi construído com efeitos práticos. Já a importância da cena é completamente voltada para a aparição dos deuses, pois sabemos que existem a possibilidade deles voltaram para Thor: Amor e Trovão, talvez apenas para morrer pelas mãos de Gorr, O Carniceiro dos deuses, mas as possibilidades são diversas e podem nos surpreender.

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Apesar de conseguir a atenção das divindades, Khonshu não é eficiente para demonstrar os crimes do seu antigo avatar, sendo chamado logo em seguida para se defender das acusações. Ethan Hawke continua sendo uma das melhores coisas da série, o roteiro é assertivo em demonstrar como o líder da seita conseguem ser manipulador e carismático, chegando ao ponto de enganar divindades egípcias, desacreditando tanto o Khonshu quanto o Marc Spector, atacando principalmente o fato do herói ter transtorno dissociativo de personalidade. Gosto muito de toda a cena, apesar dela não fazer tanto sentido para a verossimilhança da história, pois como deuses muito mais poderosos que Khonshu não conseguem averiguar as reais intenções de Arthur? E por que os deuses dariam tanto crédito para Harrow, já que o Khonshu faz parte do panteão dos deuses egípcios? Fatos que sabemos ser ignorados para que a trama possa continuar, pois quem precisa impedir o grande vilão é justamente o protagonista. Depois da humilhante derrota intelectual que Khonshu sofre, eles partem em busca de uma nova forma de encontrar a tumba de Ammit, algo que só foi possível graças a avatar da deusa Hathor. Nessa sequência temos finalmente o reencontro de Marc com a sua esposa, uma personagem tão interessante que fica evidente o porquê de Khonshu considerá-la como seu novo avatar, graças a Layla eles finalmente conseguem uma pista para encontrar o paradeiro da deusa aprisionada.

Marvel Comics

Acho importante como eles criam laços entre Marc e Layla sem precisar forçar nada, claramente ele pensa que está protegendo ela quando a afasta, em contraponto a isso temos a Layla fazendo de tudo para estar perto do marido, uma relação complicada, porém muito mais crível do que o usual em produções similares. Em filmes de heróis normalmente temos uma visão romantizada ao extremo de como seriam esses casais, Superman e Lois Lane por exemplo que são um casal perfeito, entretanto eu gosto mesmo de ver relações mais próximas da realidade, acredito que Cavaleiro da Lua acerta nesse aspecto, me lembrando inclusive o maravilhoso casal de Agents of S.H.I.E.L.D, Fitz-Simmons, o casal mais incrível entre todas as produções da Marvel desde o início do MCU. Através dos contatos de Layla, a moça descobre onde está o sarcófago de Senfu, um antigo Medjay que ficou responsável por catalogar onde seria a tumba da deusa Ammit. Claro que algo tão importante estaria em posse de um rico excêntrico, Mogart está em posse do único objeto que pode ajudá-los, mas é evidente que tudo vai dar errado nessa pesquisa por artefatos egípcios. A falta de êxito acontece quando Marc precisa da ajuda de Steven para desvendar o enigma midjay, no momento em que ele começa a manipular os tecidos dentro do sarcófago os seguranças de Mogart o detém e como era de se esperar Harrow estava por perto para destruir a última chance de Khonshu o encontrar. Essa aparente onipresença do vilão acaba sendo algo implícito relacionado a sua vida passada, pois ele conviveu tanto tempo com o deus lunar que adquiriu experiência para saber como a divindade pensa.

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A cena de ação seguinte é incrível, eu adorei cada detalhe dela, inclusive para aqueles que estão reclamando da falta de violência em tela, temos agora uma clara representação da crueldade do herói quando está ‘trabalhando”. Ossos quebrados não faltaram nessa cena, o herói vai revidando e deixando diversos corpos pelo chão. Eu começo a dar razão para alguns fãs que se incomodam com o Mr. Knight, essa versão meio “deadpool” controlado por Steven não me agradou até então, mas ainda acho que precisamos ver até o final para constatarmos se a adaptação deu certo ou errado. As coreografias de luta estão muito bem ensaiadas, com apenas uma ressalva que me incomodou, a quantidade de cortes intercalando de uma cena para outra foi uma decisão equivocada, gosto de Layla enfrentando o segurança chefe de Mogart, mas as intercalações entre as duas cenas acabam deixando a audiência um pouco perdida, sem entender bem a dinâmica do combate e o espaço em que eles estão interagindo. A cena é finalizada com o Cavaleiro da Lua salvando a sua esposa e matando o Mogart com uma das lâminas de lua afiadas do seu uniforme.

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Com o mapa estelar recuperado, Marc acaba ouvindo os conselhos de Layla, deixando finalmente Steven tomar o controle para colocá-los na direção correta. A sabedoria de Steven serve como uma luva para o momento, com isso ele monta o mapa entregando para Layla escaneá-lo, mas seria algo que não daria certo, pois as estrelas catalogadas no mapa não estariam mais alinhadas como na noite que a deusa foi aprisionada. Mais uma vez Khonshu decide que precisa mexer no céu para seus próprios interesses, porém ele já havia sido alertado que se o fizesse novamente seria aprisionado em pedra. A cena é aquela famosa onde o herói perde os poderes antes do clímax do programa, Khonshu pede a Steven que diga para o Marc resgatá-lo na pirâmide de Gizé, então o plano do deus começa e ele retorna o céu noturno representado naquele mapa, Layla então consegue finalmente as coordenadas de que precisava. Khonshu já é uma “voz conflitante” melhor do que Venom já foi. No primeiro filme do vilão do Homem Aranha, a conversa de Venom com o Eddie Brock foi interessante de se ver, porém no segundo fica algo tão caricato que acaba incomodando do início ao fim. Aqui nesta série o próprio deus tem uma personalidade mais interessante, conseguindo ser engraçado, carismático e as vezes um pouco desequilibrado. As ações do Khonshu falam por si só, principalmente uma específica em cima de um desfiladeiro. Ele ter sacrificado a sua liberdade só para impedir o vilão acaba sendo um ato verdadeiramente altruísta, principalmente sem saber se o Marc tentará salva-lo de seu exílio. A Marvel acerta novamente – até o momento pelo menos – com uma série interessante, divertida, bem-feita e que respeita demais os próprios personagens, é algo que repito como um papagaio: Uma produção só será de fato boa se seus personagens forem tão bons quanto, e isso é um conjunto de atuação com um roteiro bem escrito e uma direção de qualidade.

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