Marvel – Moon Knight – Temporada 1: Quarto episódio de Cavaleiro da Lua explode a cabeça dos fãs com

Sinceramente eu não sei o que dizer deste quarto episódio de Cavaleiro da Lua, são tantas coisas surreais acontecendo em um único episódio que me deixou pasmo. Claro que desde o início a série não escondeu suas “esquisitices”, em nenhum momento os realizadores ignoraram a vertente fantástica e quadrinhesca do personagem, mas ninguém imaginaria na sequência de fatos que ocorreriam nos dez minutos finais do episódio. Foi algo que me remeteu imediatamente a “Legion”, desde o design de produção até a atmosfera criada na localidade em que Steven se encontrava, ambos os programas poderiam se passar no mesmo universo e o público aceitaria automaticamente tal fato.

Algo que também devo destacar é como aos poucos Layla vai ganhando mais relevância na produção, chegando ao ponto de rivalizar o protagonismo com Steven/Marc. Digo isso, pois os melhores momentos da aventureira foram os melhores momentos do capítulo, apesar do final explodir as nossas cabeças, o restante do episódio não perde em qualidade narrativa, sendo uma história deverás interessante para ser contada. Tanto a trama relacionada a vida de mercenário de Marc, quanto a história pregressa de Ammit e seus antigos avatares. Eu adorei o fato de uma figura histórica tão imponente estar correlacionada com a entidade egípcia, o problema agora é saber se tudo que ocorreu durante o episódio será mantido após um final tão surpreendente.

Novamente o capítulo recomeça no exato momento em que terminou o anterior, Steven desacordado após Khonshu ser aprisionado pelas outras divindades egípcias e Layla tendo que proteger a ambos de mais capangas do antagonista. Arthur Harrow continua sendo um vilão interessante, mas a sua onisciência está começando a incomodar um pouco, entendo que graças a seu conhecimento prévio sobre Khonshu, o vilão consiga antecipar algumas ações do herói, mas conseguir encontrar os protagonistas com tamanha facilidade parece conveniente demais. O mais interessante é como a Layla resolve tudo com destreza e inteligência, ela utiliza sinalizadores para desviar a atenção dos mercenários, para logo após explodir o carro utilizando o volátil arsenal dos capangas. A cena é bem construída para dar ênfase na esperteza da moça, assim como sua completa independência do herói que dá nome ao programa.

Após sobreviveram a mais um ataque ineficiente de Harrow, Layla e Steven partem em busca da tumba perdida de Ammit, algo que eu não achei que aconteceria tão cedo, pois tudo indicava que Marc precisaria resgatar Khonshu antes de impedir que a deusa fosse libertada. Essa troca de expectativas por um tempo me frustrou, mas entendo que a dinâmica do capítulo requeria um senso de urgência maior para impedir a ameaça e não para o herói retornar aos holofotes logo em seguida. Pensando bem é até melhor que haja certa diferenciação, neste caso do heroísmo fácil quando se tem uma entidade que te cura/protege e um heroísmo difícil onde você poderá perder a vida por causa de uma escolha pouco inteligente.

O clima dentro da tumba e fora da tumba são muito distintos. Do lado de fora temos um clima mais descontraído, mesmo que aconteçam algumas discussões entre Marc e Steven. Por outro lado, dentro da tumba, o clima de suspense e terror fica acentuado, ao ponto de muitos terem ficado com um pouco de medo de certas criaturas que apareceram aqui. Sei que parece redundante, mas preciso focar em como o roteiro está cada vez melhor para desenvolver o relacionamento entre Layla e Marc/Steven. Claramente Steven é um perdedor que está completamente apaixonado pela sua esposa recém descoberta, já Marc é do tipo trágico que ama Layla, mas não quer colocá-la em risco. Cada um da sua forma possui sentimentos fortes pela aventureira, mas ambos não conseguem demonstrá-los com real efetividade. Sei que teve gente que gostou, mas que beijo mais horroroso foi aquele, parecia que estava vendo dois adolescentes dando o primeiro beijo, sendo que acho que os atores possuem química em tela, mas neste caso falta a mão forte de um diretor experiente. Sem falar que a piadinha que antecede esse momento foi completamente de mau gosto, primeira vez que fiquei constrangido com um momento cômico do seriado. Alguns diriam que a maldade está na cabeça do espectador, já que o Steven é quase uma criança de tão ingênuo que é, no entanto a cena foi escrita com essa finalidade, apostando inclusive no enquadramento do fatídico momento.

Ao entrar na tumba o clima do episódio muda novamente, nos remetendo automaticamente a filmes como Indiana Jones e a Múmia trazendo automaticamente aquela nostalgia que nos é tão preciosa. Neste momento temos a sensação de aventura com as descobertas arqueológicas de ambos os protagonistas, porém mudando aos poucos para o clima de terror com as misteriosas criaturas que protegem a tumba de Ammit. Este episódio é provavelmente o menos indicado para o público infanto juvenil, já que a violência aqui é bastante sugestiva, novamente não acreditava que haveria mortes violentas bem explicitas como em Peacemaker por exemplo, todavia a cena em que um mercenário é morto, tendo suas vísceras retiradas e sendo colocadas naqueles potes cerimoniais egípcios foram surpreendentes para mim. A Disney ousou bastante em quase ultrapassar seu próprio limite, ou seja, quase que a produção não conseguiu um selo PG13 de classificação indicativa. A criatura também é bem familiar para os fãs de “A Múmia”, pois é justamente isso que o monstro é, uma múmia que possui a missão de impedir que Ammit retorne, algo bizarro que possui um desfecho aterrador. Enquanto o Steven consegue descobrir uma passagem para a câmara mortuária, Layla é obrigada a fugir do morto-vivo, que por sua vez a ataca violentamente, mas a moça volta a mostrar força quando enfia um sinalizador no olho da múmia e a joga no abismo. Volto a repetir sobre como a Layla está crescendo conforme a série se desenvolve, espero realmente que o final do episódio não seja o desfecho da personagem dentro do MCU.

O fato de ela vencer a criatura e ser confrontada por alguém muito pior é quase poético, Arthur Harrow se esconde atrás de uma máscara de bom líder, amoroso com quem Ammit julga ser puro, mas não passa de um canalha ardiloso. Tudo que ele faz é apenas para cumprir seus objetivos escusos, a forma como ele joga Layla contra Marc utilizando fragmentos do passado do mercenário é bastante cruel. Claro que a relação entre os personagens precisaria ter honestidade de ambas as partes, poderia ficar horas discutindo sobre a moralidade de Marc, pois ele sabia da morte do pai da esposa e nunca contou para ela, sendo que a morte do patriarca foi justamente o motivo que os aproximou, todavia isso ser utilizado pelo vilão demonstra justamente a verdadeira face do grande vilão da série. A cena termina com Marc levando vários tiros no peito, não adiantando ter achado a tumba perdida de Alexandre O Grande antes de Harrow, nem ter conseguido achar a estatueta de Ammit que estava na garganta do conquistador, pois tudo terminou com o herói morto pelo vilão.

Isso foi realmente sugerido no capítulo, mas sendo desmentido em seguida, nos apresentando a um filme antigo sobre um arqueólogo chamado Steven Grant. Tudo aqui vira de cabeça para baixo quando o seriado sugere que tudo que vimos até então se passa na cabeça do protagonista, este que sempre esteve em uma casa para tratamento de doenças mentais. Todos os personagens apresentados até aqui também eram pacientes da instituição ou empregados específicos para manter o cárcere e/ou tratar os pacientes em questão. Foi realmente uma surpresa isso ter acontecido de fato, claro que eu ficaria ainda mais surpreso que essa realidade fosse mantida como verdadeira, todavia tudo indica que é uma experiência extracorpórea, algo que só poderia acontecer com avatares de deuses egípcios. Todos os elementos apresentados na série são representados neste hospital, aparece um boneco do Cavaleiro da Lua, o peixinho Gus, os elementos da cultura egípcia e até mesmo uma pintura do vilarejo do primeiro episódio. Tais elementos servem para corroborar certo estado mental, tentando reafirmar que ele nunca foi o avatar de Khonshu e nada que vimos até agora de fato aconteceu.

Porém os últimos minutos do episódio acabam por retirar essa dúvida, isso claro em minha opinião. Primeiro por que Marc encontra o Steven em um sarcófago, onde ambos possuem corporeidade. Segundo pela chocante aparição de uma deusa hipopótamo que veio do nada e pode explicar essa “versão” subversiva da realidade do herói. E terceiro por que seria muito sem graça seguir por esse caminho, pois todos querem um Cavaleiro da Lua ativo no MCU e não uma invenção da cabeça do Marc Spector. Claro que tudo isso poderia ser explicado como sendo alucinações do personagem, ele encontrando a si mesmo ou vendo um hipopótamo antropomórfico, poderia sim ser apenas isso, mas novamente qual a graça que teria isso? As explicações no próximo episódio devem ser rápidas, provavelmente não devem ocupar o episódio inteiro, pois já há reclamações sobre a falta da aparição do manto super heróico do Marc, alguns realmente acham que se não aparecer o Cavaleiro da Lua em todos os episódios a série não tem valor. Eu realmente acho essa interpretação muito simplória, mas realmente perder tempo em uma realidade onde o herói não existe, só para ser desmentido no último episódio pode ser um erro, tanto que por mais que eu adore “Legion” muitas pessoas se cansaram da série por ela ser muito confusa e possuir o mesmo nível de bizarrices que Cavaleiro da Lua está apresentando. Eu estou ainda mais ansioso para os episódios finais, até então não houve praticamente nada que a desabone.